OCDE defende divulgação da relevância do mercado

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade que congrega trinta países membros, defende um esforço concentrado em todo o mercado internacional visando uma melhora divulgação da relevância do seguro.
Segundo a consultora do órgão, Flore-Anne Messy – que esteve no Rio de Janeiro, há duas semanas, para participar da VIII Conferência sobre Regulação e Supervisão de Seguros na América Latina – tanto o setor privado quanto os governos locais devem atuar em sinergia para alcançar essa meta.

“Há pouca consciência da população sobre a importância do seguro, inclusive nos países mais desenvolvidos. Na Califórnia (EUA), por exemplo, apenas 13% das casas têm cobertura contra danos causados por terremotos. Nos países emergentes, até 82% dos danos causados por catástrofes não estão segurados”, revelou.

Ela acrescenta que o consumidor também sofre o reflexo desse cenário, uma vez que quanto menos informados, os segurados estarão mais sujeitos a vendas erradas e a preços mais altos.

Flore-Anne Messy disse que a OCDE recomenda aos governos que incluam noções de educação financeira e de seguros no currículo escolar e promova campanhas institucionais elaboradas para esclarecer a população sobre o funcionamento do mercado de seguros.

Sem pressa para a abertura do resseguro

Nem tão depressa que pareça fuga, nem tão devagar que pareça provocação. Usando a célebre frase do senador Pinheiro Machado, dita em 1915 ao cocheiro da carruagem para escapar de um atentado, Renê Garcia, titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), responde a duas questões que têm gerado muita ansiedade nos executivos do mercado de seguros: a normatização da abertura do resseguro determinada pela Lei 126, sancionada em 15 de janeiro; e mudanças nas regras de solvência, especialmente na ampliação do prazo para adaptação.

“As normas de resseguros serão colocados em audiência pública nacional e internacional. Sem pressa. Nossa prioridade é garantir a sustentabilidade do setor”, disse Garcia. Segundo ele, a preocupação dos técnicos é normatizar a fase de transição, para depois esboçar uma norma definitiva. Antes de abrir o mercado de resseguros, Garcia defende que precisa ter seguradoras mais capitalizadas para atuar num mercado aberto de resseguros.

Para isso, em dezembro passado foram divulgadas resoluções criando um novo modelo de cálculo de margem de solvência das seguradoras que operam com ramos elementares. Numa explicação grosseira, seria dizer que as companhias podem vender até três vezes o seu patrimônio. Porém, cada risco terá um valor. Seguro transporte, por exemplo, terá um peso maior do que o seguro residencial, pois a incidência de risco é muito maior.

A expectativa é de que a grande maioria das seguradoras terá de aportar capital. “As que operam com todos os produtos em todas as regiões do Brasil provavelmente terão mais necessidade de capital do que as que operam regionalmente ou em nichos específicos”, disse. Só das estrangeiras, Garcia prevê um aporte de US$ 1,2 bilhão. “Elas operam com um capital pequeno no Brasil, fazendo reservas na matriz, e com as novas normas terão de trazer o capital de lá para cá”, disse. O capital mínimo exigido subiu de R$ 7,2 milhões para R$ 15 milhões a partir de 2008. Há outras duas hipóteses. Podem reduzir a atuação regional ou operar em nichos, o que conseqüentemente reduzirá o faturamento, bem como contratar resseguro, que libera o capital comprometido com o risco.

O mercado aguardava a audiência pública das normas, prometida por Garcia dois meses antes. No entanto, a divulgação foi sem aviso prévio e no último dia útil do ano. “O assunto foi exaustivamente debatido com seguradoras, estrangeiras e nacionais. Trata-se de um tema que não pode ser colocado em audiência pública pelo seu teor”. A Susep tem adotado essa prática em relação a várias regulamentações importantes, apesar de não ser obrigada, explica José Rubens Alonso, sócio da KPMG. “Ainda que fosse realizada audiência, não havia garantia de que alterações seriam feitas”.

De janeiro para cá, as seguradoras se desdobram para saber qual a melhor estratégia a ser adotada para se adequar. Houve até segurador ameaçando entrar com ação no Cade, alegando concentração de mercado. Alguns acreditam que médias e pequenas seguradoras podem ter dificuldades de aportar recursos. Há quem diga também que as normas visam criar uma grande necessidade de resseguro por parte das seguradoras, o que aumentaria o apetite dos resseguradores em se instalar no País.

Os principais executivos do setor concordam que as normas são necessárias, importantes e elevam o padrão normativo do Brasil ao de países de primeiro mundo. “As medidas aumentam a credibilidade do setor para o mercado internacional”, disse Max Thimernan, presidente da AGF. “Essas medidas eram muito esperadas por todos”, disse Luis Maurette, presidente da Liberty.

Porém, o prazo de adaptação concedido, de três anos contados a partir de 2008, e a fórmula que calcula o volume de capital adicional que será requerido são questionados. “Países de primeiro mundo terão um prazo de dez anos para adequação”, dispara Cláudio Afif, vice-presidente da Indiana Seguros. Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica, compartilha da mesma opinião. “São normas que exigem mudanças nas estratégias das companhias e isso requer tempo hábil para que tudo possa ser feito de forma adequada”.

Até mesmo quem entende muito do assunto, defende um debate mais amplo da “fórmula”. “O arcabouço regulatório é coerente e bem elaborado. Porém, entendo que as tabelas anexas à resolução 158 e que levam aos valores de capital adicional requerido mereceriam um debate mais amplo e que as experiências específicas de cada seguradora deveriam ser levadas em consideração”, disse Alonso, da KPMG.

Passados cinco meses e meio da divulgação das normas e muitas reuniões para tentar alterá-las, nada mudou na mente de Garcia. “Não há discussão para aumentarmos o prazo ou mudarmos a fórmula. Estamos abertos a discussões, explicações. Quem tiver problemas, que nos procure”.

Este é só o começo. Os próximos riscos da lista são: crédito, legal, operacional e riscos de mercado. “Novos requerimentos de capital serão exigidos para cobrir outros fatores de risco ainda não regulamentados”, lembrou Alonso.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Usina do Madeira gerará R$ 350 milhões em apólices*

O consórcio Madeira Energia – através de um pool do qual a OCS Corretora de Seguros, do grupo Odebrecht – começa a dar prosseguimento ao pacote de seguros para respaldar o “projetc finance” desenvolvido para o financiamento da construção da hidrelétrica Santo Antonio, no Rio Madeira. Os gastos com seguros deverão representar algo próximo a 3,5% do valor de construção do empreendimento, estimado em R$ 10 bilhões.

Ou seja, somente este projeto (ver mais detalhes na página C2) trará para o mercado de seguros algo próximo a R$ 350 milhões em 2008 com apólices diversas, que vão desde a garantia de contratos entre os integrantes do consórcio até o dano causado a um equipamento no percurso entre a fábrica e o complexo de obras. “Buscamos identificar, quantificar e mitigar os riscos de todas as etapas da operação. O objetivo é assegurar o início da operação e o repagamento da dívida contraída e assim estimular que outros projetos deste porte tenham investidores dispostos a apostar seus recursos com um custo de financiamento menor em razão do gerenciamento dos riscos”, informa Laudelino Soares, diretor OCS, trabalhou no programa de garantias.

Dois importantes agentes envolvidos no projeto, Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) determinaram a contratação de programas de seguros como uma forma de mitigar o risco e garantir a finalização do empreendimento.

Unibanco AIG lidera pool O BNDES publicou condições para financiamento do projeto, entre elas a apresentação de seguro garantia. As apólices serão compradas antes de começar a obra e visam assegurar o cumprimento dos contratos entre as diversas empresas envolvidas. A Unibanco AIG é a líder dos contratos de seguro garantia, juntamente com a J Malucelli e Áurea, que tem entre seus acionistas Bradesco e Munich Re.

Já os seguros que envolvem a construção foram exigidos no edital da Aneel. Para assinar o contrato de concessão, previsto para maio de 2008, segundo cronograma oficial, o Consórcio Madeira Energia terá de apresentar atestado de viabilidade do programa de seguros, emitido por uma seguradora de eficiência comprovada no segmento.

Nesta fase de construção da hidrelétrica, com capacidade prevista em 3,15 mil MW, estão previstos vários tipos de proteção e aqui a concorrência entre as seguradoras será muito acirrada. Isso porque muitas companhia estrangeiras e nacionais anunciaram investimentos na criação de uma diretoria focada em programas de seguros para o setor de energia.

Os seguros mais comuns para garantir eventuais prejuízos em um projeto deste porte são: risco de engenharia, danos materiais, erro de projeto, de fabricação de equipamentos, tumultos greves, transporte nacional e internacional dos equipamentos, responsabilidade civil para indenizar terceiros prejudicados com a construção, risco de contaminação ao meio ambiente, entre outros. “Se uma turbina for danificada durante o transporte e isso atrasar a entrega da obra, por exemplo, poderá haver cobertura para a perda de receita esperada em razão do acidente”, explica o executivo.

Por conta dos princípios de pulverização de riscos grande parte dos contratos, tanto de seguros dos riscos de construção como de seguro garantia, será repassado ao mercado internacional em forma de resseguro. Muitas resseguradoras estrangeiras se preparam para atuar no mercado brasileiro a partir de 2008, quando terá início a abertura do resseguro, há mais de 65 anos uma operação monopolizada pelo IRB Brasil Re. Segundo depoimento dos estrangeiros, o investimento em energia no Brasil era um dos fatores que tornava o País atrativo para este setor.

Será formada pelo consórcio uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). Assim que ela for criada, se prevê a compra do seguro Director & Officers (D&O), para garantir perdas que os administradores possam sofrer com ações judiciais de pessoas que se sintam prejudicadas com a gestão da SPE.

Segundo Soares, com um empreendimento desta natureza o mercado de seguros começa a se adequar às práticas internacionais. Um exemplo disso foi a criação do sistema de peritos independentes, que vão acompanhar o andamento das obras, para evitar dúvidas e discussões em casos de sinistros. “É um mecanismo mas ágil e menos burocrático, vital para se mostrar que o seguro garantia é um instrumento eficiente para garantir as obrigações contratuais.”

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em 12/12/2007, Finanças, B-2

Os cuidados antes de viajar

Há seguros que cobrem acidentes ou extravio da bagagem em viagens ao exterior. Antes de viajar ao exterior, lembre-se do seguro viagem. Com ele, você poder ter a ajuda da empresa de assistência ou seguradora para resolver vários imprevistos, como um mal-estar, uma dor de dente, um acidente ou o extravio da bagagem durante a viagem. Além disso, o seguro é obrigatório em 15 países da União Européia, que exigem € 30 mil de importância segurada.

Os Estados Unidos não exigem o seguro. “Mas é melhor contar com o apoio de uma central de atendimento que fale o seu idioma do que tentar explicar, em outra língua, o seu problema a um interlocutor ocupado com outras prioridades”, ressalta Aline Coropos, superintendente de produtos de acidentes pessoais da Unibanco AIG.

Há no mercado uma grande variedade de produtos e de empresas que oferecem o seguro viagem. É possível comprar a apólice individualmente, por meio da agência de viagem ou através de corretores de seguros especializados. Mas antes de comprar, dê uma olhada na fatura do cartão de crédito ou no contrato de seguro de vida ou de saúde para checar quais os serviços acoplados dentro do pacote de benefícios do cartão ou da apólice.

Geralmente o serviço de assistência 24 horas de cartões e seguros cobre gastos médico-hospitalares em caso de doença ou acidente, assistência em caso de perda ou roubo de bagagem e assistência jurídica em um caso extremo. Mas é preciso ficar atento, comenta Aline. “É preciso verificar o que é efetivamente um seguro com garantia de risco, que não tem de fazer desembolso durante a viagem ou posteriormente. Há produtos que apenas fazem a indicação de prestadores de serviços, sem se responsabilizarem pelo pagamento”, afirma. Outra dica de Aline é em relação ao cartão de crédito. “Algumas coberturas oferecidas no cartão só são acionadas se a pessoa comprar o bilhete aéreo com o plástico.”

A Pro Teste, uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo a defesa do consumidor, fez uma pesquisa na qual avaliou 27 produtos de 12 seguradoras e empresas de assistência. Segundo nota da Pro Teste, foram avaliadas cobertura de assistência médica internacional de US$ 50 mil e US$ 100 mil e €30 mil, com ênfase em assistências para acidentes e doenças e indenização por morte acidental.

Foram focados planos mais baratos com boas coberturas básicas. A entidade simulou dois cenários para comparar os preços de contratação do seguro de viagem para dois destinos internacionais: Paris e Miami, ambos para um homem sozinho de 41 anos, viajando a trabalho por oito dias (cenário 1), e para um casal de 32 anos, viajando a lazer por 15 dias (cenário 2).

Para a Europa, o capital segurado de referência foi €30 mil. O plano Europe da empresa Travel Ace apresentou o melhor custo-benefício. Custa R$ 47 para o cenário 1 e R$ 172 para cenário 2.

Para os Estados Unidos, a Pro Teste estipulou US$ 50 mil e US$ 100 mil e dois planos da Isis – Assistência Médica Internacional tiveram a melhor relação custo-benefício para ambos os perfis: o Youth, com custo de R$ 45 para o cenário 1 e R$ 61 para o cenário 2, e o Super, com custos entre R$ 72 e R$ 88 para os dois casos.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Seguro de entretenimento ganha espaço no Brasil

O cenário para o seguro de entretenimento não poderia ser melhor: o Brasil está na rota de vários astros internacionais, produtores passaram a priorizar o seguro após grandes perdas no ano passado e o aumento do número de processos judiciais envolvendo danos causados a terceiros.

“Os advogados estão espertíssimos com esse assunto, o que preocupa os organizadores de eventos. Apesar de o Brasil ter um índice pequeno de pedidos de indenizações de acidentes sofridos em eventos, esse número tem crescido”, diz Dulce Thompson, especialista em seguro de entretenimento da corretora Aon.

O seguro da oitava edição do Skol Beats, o maior evento de música eletrônica da América Latina, acaba de ser fechado pela ACE. Só neste ano, foram segurados os shows de Roger Waters, Keane, Aerosmith, Cold Play e Simple Plan. Se a Madona não tivesse cancelado o Brasil de sua turnê, seria mais um para a lista, além dos longas-metragens “Meu tio matou um cara”, “Lisbela e o Prisioneiro” e “Cidade Baixa”. Mais de 50 feiras realizadas neste ano também contaram com cobertura de seguro garantida pela Chubb.

O seguro da ACE no Skol Beats visa ressarcir qualquer tipo de incidente provocado por tumultos relacionados à organização do evento. Também cobre possíveis danos corporais sofridos pelos profissionais de 10 empresas envolvidas com os serviços de instalação e desmontagem, além do percurso de ida e volta do trabalho em veículos contratados pela organização.

“O produto da ACE ainda fornece proteção para o uso de cerca de 1,3 mil vagas do estacionamento VIP”, acrescentou Robert Hufnagel, executivo de responsabilidade civil da ACE, a seguradora mais presente nas apólices de responsabilidade civil de eventos. Hufnagel estima que a área de eventos deverá prosseguir neste ano com a mesma performance de crescimento de 2006, quando fechou o ano com 540 eventos cobertos.

Nada melhor do que uma perda para fazer a demanda pelo seguro aumentar. O cancelamento do show de Luciano Pavarotti em Belo Horizonte, em março do ano passado, custou US$ 1,5 milhão ao mercado de seguros, livrando a produtora do show das despesas causadas pela não realização do show, é uma boa propaganda do produto.

“A demanda está muito aquecida tanto para coberturas tradicionais como também por novidades, como o seguro de erros e omissões, uma demanda das produtoras de longrametragem”, disse Dulce Thompson, especialista em seguro de entretenimento da corretora Aon. Um filme contando a história da vida de alguém e essa pessoa ou a família processa a produtora porque a história foi contada de forma errada. Esse tipo de prejuízo estaria coberto na apólice.

Segundo Juliana Santos, executiva da carteira de entretenimento da Chubb, que atua nesse nicho desde 2001, com todas as coberturas que um promotor de evento ou de filmes necessita, poucas produtoras de longas conhecem o seguro, mas as que já compraram, não iniciam uma filma-gem sem comprar a apólice. “A nossa carteira ainda é pequena, porém vem apresentando um crescimento superior a 50% no último ano”, disse Juliana.

Outra novidade é o seguro de insucesso de bilheteria, mais voltado para shows. “Mas esse ainda é muito caro. Estamos desenvolvendo essa cobertura no Brasil, mas ele chega a custar cerca de 10% do valor do orçamento da produtora”, disse Dulce.

O custo se justifica pela especialização e complexidade para mapear o risco do motivo da fraca bilheteria. “Se o evento foi realizado no mesmo dia de um outro megashow, se foi divulgado corretamente para o público alvo. São muitas nuances”, acrescentou. Aqui não se encaixaria uma bilheteria menor do que a prevista em razão dos espectadores que pagam meia, como os estudantes e os idosos.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Perfil do segurado define valor da apólice

A composição do valor de uma apólice é bem mais complexa e envolve índices de roubos, colisões e perfil do condutor, entre outros. Em uma cidade como São Paulo, cuja frota circulante é superior a 5,5 milhões de automóveis, roubo e furto representam 60% do total do custo. Os 40% restantes correspondem a colisões, enchentes e danos por incêndio. Já em cidades afastadas dos grandes centros urbanos, furtos e roubos equivalem a apenas 20% do total da apólice.

Em uma análise mais simples, pode-se considerar que, se um carro se desvaloriza anualmente e sofre perda total por qualquer um dos eventos acima citados, não haveria por que subir o preço do seguro, e sim cair. “Esse é o comentário que mais escuto desde que entrei neste ramo, mas a realidade não é bem essa”, garante Claudio Afif Domingos, diretor vice-presidente da Indiana Seguros.

O executivo explica que, para os casos de sinistro em que não há danos totais, apenas parciais, o veículo necessita ser reparado com peças novas, as quais obedecem ao valor do veículo zero-quilômetro. “É esse o custo considerado na composição do seguro, e não o ano de fabricação do mesmo”, afirma.

O executivo exemplifica: um Corsa Sedan, modelo 2001, que, segundo a Tabela Fipe, tem preço de mercado estimado em R$ 18.278,00, e que tenha sido parcialmente destruído e precise trocar o capô e a longarina esquerda. Essas peças custam, respectivamente, R$ 532,25 e R$ 1.098,73. Para o modelo 2006, do mesmo Corsa Sedan, cujo valor de mercado é R$ 23.553,00 (29% mais caro), o valor das peças são os exatos R$ 532,25 e R$ 1.098,73, da mesma forma que o modelo 2001.

Assim, mesmo em uma economia com baixa inflação, esse efeito de custo é repassado ao valor final dos carros novos, e também às peças que os compõem, o que explica como o valor do seguro não se deprecia de acordo com o valor do carro. “Há também ajustes para cima ou para baixo, quando determinado modelo é mais ou menos roubado em período imediatamente anterior”, reforça Afif Domingos.

Além dos índices de roubo e colisão, o perfil do condutor também é fundamental na composição do valor do seguro. Segundo o executivo da Indiana, até oito anos atrás, as seguradoras calculavam o preço do seguro de autos apenas por modelo e macrorregião de uso. “Hoje, consideram também o endereço (CEP) de pernoite e o perfil do condutor, que contempla idade, estado civil e hábitos de uso, entre outros”, explica.

Setor triplica número de ouvidorias de 2005 para 2006*

As seguradoras conseguiram fazer da ouvidoria um canal de comunicação com o consumidor, enquanto os bancos começam a se organizar neste quesito. Em pouco mais de dois anos, o setor conta com quase 60 ouvidorias, que representam praticamente 95% do faturamento de R$ 78 bilhões em 2006. Em 2005, eram apenas 20. Os números finais serão divulgados pela Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) no próximo mês.

Números preliminares mostram que em 2006 os ouvidores das companhias atenderam cerca de 18 mil queixas de segurados, pouco acima do ano anterior. “Tal aumento se justifica pelo número maior de ouvidorias e da divulgação do serviço, uma vez que as queixas nos Procons e na Superintendência de Seguros Privados (Susep) estão num patamar abaixo do registrado em anos anteriores, comentou Mário Rossi, ouvidor das empresas do grupo espanhol Mapfre, que realizou 800 atendimentos em 2006, sendo 40% dos casos revertidos a favor do segurado.

A ouvidoria do grupo Bradesco de Seguros e Previdência, criada em setembro de 2003, realizou mais de 50 mil atendimentos. Segundo o ouvidor Luiz Tavares, as decisões de improcedência caíram de 26 casos por dia em 2005 para 9 casos por dia em 2006, o que mostra a melhora nos processos internos.

O ouvidor da Bradesco lembrou duas mudanças implementadas pela ouvidoria. “A exigência de comprovante de endereço para liberar o reembolso de saúde era um dos fatores que gerava atraso nas indenizações. Quando um cliente mandou o envelope do boleto para pagamento do seguro para comprovar onde morava, decidimos mudar e facilitar o processo”, disse. Outra mudança gerada pelos clientes foi a melhora na portabilidade dos recursos dos participantes de previdência privada. “O processo foi alterado e de uma média de 15 dias estamos conseguindo fazer a transferência em quatro dias úteis”, afirma.

A Porto Seguro atendeu 216 segurados. Desses, 48 segurados tinham razão na reclamação e o ouvidor solicitou à empresa atender o pedido do cliente; 114 não tinham razão; e 54 solicitações se referiam a informações sobre condições gerais e produtos da empresa.

A SulAmérica resolveu mais de 400 casos em 2006, sendo 32% revertidos em favor do cliente. “Para 2007, a ouvidoria aprimorará o processo de análise com foco na melhoria de processos, investindo na divulgação deste canal aos consumidores”, disse o ouvidor Oswaldo Mario de Azevedo.

*matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil em 16/03/2007

Na área de corretagem, nova onda de fusões

O crescimento da competição no setor de seguros, a padronização de produtos e a redução de custos por parte das seguradoras, aliados a abertura do mercado de resseguros, têm mudado o dia a dia dos corretores de seguros, que apenas começam uma fase de consolidação, prevê o consultor Dario Guarita, sócio da Guarita e Associados. Com uma extensa lista de aquisições e fusões da qual participou como sua experiência, o consultor acredita que terá muito trabalho daqui para frente.

“As maiores corretoras do mundo, como Marsh, Aon e Willis, tiveram sua história de crescimento marcada pelas fusões com corretores pequenos e médios, regionias e especializados. E é verdade. Aqui no Brasil a Aon já comprou pelo menos uma dezena de corretores especializadas em nicho ou regionais, bem como a Willis que comprou a Athos. A última negociação anunciada no final de 2006 foi a compra pela Lazam MDS da Providence. Temos também a ADD Markler e a Harmonia que se associaram, bem como a Reali Vidanova e a Euroamerica.

Os corretores médios precisam fazer frente a concorrência dos grandes, principalmente agora que necessitam negociar o resseguro de seus clientes. E para isso é preciso reduzir custos, num momento em que a comissão já foi achatada pelas seguradoras em razão do aperto no bolso do consumidor. “O que não é diferente da realidade dos bancos, com inúmeras negociações na busca pelo ganho de escala. Os grandes precisam aumentar o faturamento e diluir os custos para potencializar os resultados”, disse.

Em 2006, o faturamento com seguros, previdência e capitalização foi de R$ 73 bilhões. O Brasil conta com 62 mil corretores de seguros, sendo 40 mil individuais e 22 mil com empresas abertas. O corretor participa ativamente apenas das vendas de seguros, ficando previdência e capitalização com a comercialização focada nas agências bancárias. Considerando-se as vendas de seguros de R$ 56 bilhões e um índice de comissionamento de 12%, as corretoras obtiveram faturamento de R$ 6,5 bilhões. Na década de 90 a comissão chegava a 35% “Hoje é preciso agregar muito serviço para justificar ao consumidor o carregamento no valor do produto”, considera o consultor.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Catástrofes causam perdas de US$ 15,9 bi em 2006

As perdas com catástrofes totalizaram US$ 15,9 bilhões em 2006, uma das menores cifras registradas nos últimos 20 anos, de acordo com o estudo “Natural catastrophes and man-made disasters in 2006” divulgado pela Sigma, divisão de estudos da Swiss Re, maior resseguradora do mundo. O custo das catástrofes naturais no ano passado somou US$ 11,8 bilhões e as catástrofes causadas pelo homem custaram US$ 4 bilhões. O recorde de perdas foi 2005, com os furacões nos Estados Unidos. O Katrina gerou perdas seguradas de US$ 66 bilhões; o Ivan de US$ 13,7 bilhões; o Frances, de US$ 5,5 bilhões; e o Charley, de US$ 8,6 bilhões.

A baixa penetração de seguros nos países em desenvolvimento foi a razão da menor participação das seguradoras nos prejuízos econômicos de US$ 48 bilhões causados por catástrofes em 2006, sendo a pior perda o tufão que varreu China, Filipinas e outras cidades, com perdas de US$ 4,5 bilhões. No total, foram 349 eventos, sendo 136 causados pela natureza e 213 pelo homem. Cerca de 22 mil pessoas morreram por tsunami, terremotos, tufões e enchentes; 8 mil com explosões; 946 nos desastres aéreos entre outros.

Indonésia e Filipinas registraram as piores perdas econômicas, mas foram os Estados Unidos que ficaram com 60,8% do volume de indenizações. A Europa ficou com 16,2% e a Ásia com 11,4%. A América do Sul foi responsável por 3,7% das indenizações. Acidentes no mar e no céu absorveram 5,3% dos recursos desembolsados pelas seguradoras com catástrofes.

Apesar do índice menor de perdas, não deverá haver impactos no preço do seguro. Isso porque o mercado de seguros e resseguros está muito preocupado com o aumento dos valores das propriedades e com as perdas que o aquecimento global pode causar.

Swiss Re incentiva redução de CO2

A Swiss Re, maior resseguradora do mundo, anunciou que está oferecendo um reembolso de até 5 mil francos suíços (US$ 4,058 mil) a cada um dos seus empregados que se comprometer a reduzir “a sua marca de carbono individual”, segundo comunicado divulgado.

A Swiss Re informou que o programa “reduza você também (COyou2) o CO2 e ganhe” apoia os investimentos dos empregados em medidas que contribuem para reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa, especialmente em relação à mobilidade, ao aquecimento e à energia elétrica. Essas medidas, que variam de acordo com circunstâncias e preferências regionais, incluem carros híbridos com baixo nível de emissões, o uso do transporte público e a instalação de painéis solares, ou de bombas de aquecimento. De agora até o fim de 2011, a Swiss Re vai reembolsar a cada um dos empregados a metade do valor investido nessas medidas, até o máximo de 5 mil francos suíços ou o equivalente em moeda local.

Várias empresas do setor de seguros e de resseguros vêm colocando seu prestígio, conhecimento e recursos financeiros para promover pesquisas e a compreensão das mudanças climáticas e do aquecimento global e os seus efeitos globais potencialmente catastróficos. Como parte da Clinton Global Iniciative, a Swiss Re decidiu apoiar as medidas adotadas por seus empregados.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil