por Amauri Vasconcelos, CEO da Brasilseg
O mundo se tornou um lugar mais perigoso? Essa é uma questão complexa. O que sabemos é que a percepção de risco está mais presente do que nunca. Pesquisas globais apontam para uma preocupação crescente em relação às condições econômicas, aos eventos climáticos, ataques cibernéticos e impactos do rápido avanço tecnológico, que envolvem a inteligência artificial e a disseminação de fake news. Em meio a tantas incertezas, como viver bem e prosperar?
Esse cenário de insegurança tem impulsionando uma mudança de mentalidade, tornando as pessoas mais atentas e precavidas. E essa preocupação não é infundada, reflete experiências reais e traumas coletivos vividos recentemente. A pandemia da covid-19 foi um marco transformador e desencadeador deste processo. Ressignificou o uso da casa, o cuidado com os entes queridos e com a própria vida e a proteção dos investimentos, sejam pessoais ou empresariais.
Esses fatores desempenham um papel fundamental no fortalecimento de uma cultura de seguro no país. Na Brasilseg, uma empresa BB Seguros, esse movimento já pode ser observado. Após a pandemia houve um aumento significativo na aquisição de Seguro pra Vida por jovens, refletindo uma mudança no perfil de consumo deste produto. Da mesma forma, questões climáticas têm impulsionado o desenvolvimento de soluções inovadoras, como o Seguro Floresta, voltado à preservação ambiental. Outro exemplo de destaque é o Seguro Prestamista, que ajuda a prevenir a inadimplência, especialmente em momentos de incerteza econômica.
Apesar desses avanços, o setor de seguros no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Embora tenha registrado um crescimento em torno de 6% no último ano e haja projeções de que este mercado represente 10% do PIB até 2030, sua penetração continua limitada em comparação a países desenvolvidos. No segmento rural, por exemplo, apenas 10% das propriedades no Brasil contam com seguro, enquanto nos Estados Unidos essa cobertura atinge 80%. Essa disparidade também se reflete em outras áreas. Vale lembrar que em muitos países o seguro é obrigatório em alguns setores, o que repercute em altas porcentagens de cobertura.
A baixa penetração de seguros no Brasil revela um problema ainda mais crítico diante de desastres naturais. Um exemplo claro é o impacto econômico das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado. Segundo a CNseg, os prejuízos estimados alcançam R$ 100 bilhões, mas apenas R$ 6 bilhões são segurados, evidenciando a fragilidade dos mecanismos de transferência de risco no país.
Como mudar este cenário? Certamente o medo não é o melhor caminho, mas sim o desenvolvimento de uma educação financeira e de uma conscientização sobre o papel do seguro como ferramenta essencial para lidar com imprevistos. Trata-se de um investimento estratégico de proteção, permitindo que se enfrente crises com maior resiliência.
Uma sociedade mais consciente sobre os benefícios do seguro estará mais preparada para enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação. A cultura de seguro não é apenas uma questão de prevenção, mas de segurança e prosperidade. O Brasil tem potencial para avançar nessa direção, mas é preciso plantar as sementes agora para colher frutos no futuro.