Alta dos juros impacta traz riscos e oportunidades no cenário econômico para seguradoras

O Comitê de Política Monetária (Copom) encerra hoje sua primeira reunião do ano. O novo patamar da Selic (taxa básica dos juros do país), que se encontra atualmente em 12,25% ao ano, deve ser divulgado por volta de 18h30. O encontro do colegiado iniciado na terça-feira (28) marca também a primeira decisão de juros de Gabriel Galípolo como o mais novo presidente do Banco Central (BC). 

A elevação das taxas de juros no Brasil tem impactos diretos no mercado segurador, que administra mais de R$ 1,8 trilhão aplicados em reservas técnicas, sendo que a maior parte (cerca de R$ 1,52 trilhão) se refere a PGBL, VGBL e planos tradicionais de previdência, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da CNseg, a confederação das Seguradoras. Esses recursos garantem o pagamento de indenizações, além da devolução de valores aplicados em planos de previdência e capitalização. Diante das atuais taxas de juros futuras em patamares de 15% a 16%, o mercado se divide entre riscos e oportunidades para as seguradoras.

Entre os aspectos positivos, está o aumento na rentabilidade das reservas técnicas. Com um volume significativo de recursos alocado em títulos públicos indexados à inflação e aos juros, as seguradoras tendem a obter retornos mais elevados, garantindo maior solidez financeira. Um exemplo são as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), que, com vencimento em 2035, atualmente pagam IPCA mais 7,85%. Esse rendimento expressivo pode melhorar a rentabilidade do setor, tornando produtos de longo prazo, como previdência privada, mais atrativos para os investidores.

Por outro lado, a alta dos juros também traz desafios. O principal está ligado à sustentabilidade da dívida pública brasileira. O gestor Luis Stuhlberger, executivo-chefe da Verde Asset Management, alerta que “com certeza, quem comprar e carregar (NTN-B), juro aqui não será 8% real nos próximos dez anos, o Brasil quebra antes”, disse ao participar de evento do UBS BB, em São Paulo, na terça-feira, 28. Esse cenário de incerteza pode levar a volatilidade no mercado financeiro, afetando a previsibilidade dos retornos dos investimentos das seguradoras.

Além disso, a desvalorização cambial tem impactos inflacionários, especialmente sobre alimentos, o que pressiona o poder de compra da população e pode reduzir a contratação de seguros e planos de previdência. No entanto, Stuhlberger pondera que, com juros elevados, o dólar tende a se acomodar em um nível mais baixo, reduzindo parte dessa pressão inflacionária.

Diante desse cenário, as seguradoras precisam equilibrar estratégias de investimento para mitigar riscos e aproveitar oportunidades. A diversificação dos portfólios e a gestão eficiente dos ativos são essenciais para garantir a segurança financeira no longo prazo, independentemente das oscilações macroeconômicas.

Por essas e outras, “um ano desafiador” tem sido a frase mais repetida por profissionais do setor de seguros para definir o ano de 2025.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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