Renovações de resseguro em 1º de janeiro de 2025 revelam redução das taxas

Os compradores podem esperar que as condições favoráveis do mercado persistam em 2025, salvo qualquer evento que venha a impactar o mesmo

As renovações globais de resseguro em 1º de janeiro de 2025 sofreram desaceleração geral, refletindo a forte adequação de preços e as ambições de crescimento das resseguradoras, segundo relatório de mercado para 2025, “Past the Pricing Peak”, divulgado pela Howden, corretora especializada em seguros de alta complexidade.

A demanda foi impulsionada pela experiência volátil de perdas, exposições crescentes e mudanças de modelo, enquanto o aumento do apetite das resseguradoras tradicionais e dos mercados de capital gerou uma oferta mais do que suficiente. Uma característica fundamental das renovações deste ano foi a diferenciação por cliente e programa, já que os mercados adotaram uma abordagem mais granular, ressaltando a importância da transparência dos dados. 

“Em 2024 enxergamos uma continuidade nas oportunidades de crescimento global no setor de seguros e resseguros. Apesar da volatilidade econômica e geopolítica global, o segmento demonstrou resiliência, e os clientes conseguiram ver alguns indicativos de queda na pressão por preços em diversos segmentos. Esse é o cenário ideal para inovação, que é uma das marcas registradas da Howden, sempre desenvolvendo novos produtos e estruturas de resseguro”, comenta Antônio Jorge Rodrigues, Head de Resseguros Contratos da Howden Brasil, em nota.

Catástrofes globais 

Apesar da elevada atividade de catástrofes em 2024, incluindo a incerteza em torno das perdas causadas pelos furacões Helene e Milton no final da temporada, as condições favoráveis do mercado permitiram que as seguradoras enfrentassem esses desafios e garantissem operações de catástrofes patrimoniais com reduções de taxas.  

Nos EUA, as expectativas iniciais de reduções de taxas nas renovações de catástrofes patrimoniais acabaram se confirmando, apesar da incerteza inicial causada pelos furacões, que infligiram danos substanciais na Flórida e, no caso do Helene, em estados do interior. Em geral, prevaleceram condições favoráveis para os compradores, resultando em reduções de preços ajustadas ao risco que variaram de 7,5% a 15%. 

A experiência de perdas desempenhou um papel fundamental na formação das renovações europeias de catástrofes patrimoniais em 1º de janeiro de 2025. Os programas sem sinistros garantiram reduções nas taxas, em média, entre 3% e 15%, enquanto as regiões afetadas por sinistros sofreram ajustes significativos de preços acima após as recuperações. 

Segundo Antônio Jorge Rodrigues, no Brasil já sentimos alguns impactos após as catástrofes naturais que atingiram o Sul do país. “Apesar de não termos um aumento significativo de taxas das renovações por conta de diversos fatores, entre eles a baixa penetração do seguro no país como um todo, vemos um endurecimento nos termos e condições, com clausulados mais restritivos, menos oferta de capacidade e maiores requerimentos de informação, que se tornaram cruciais para o sucesso das renovações de contratos”, explica. 

Perspectivas para 2025 

Embora os preços estejam começando a diminuir em relação aos níveis historicamente altos, é provável que as mudanças estruturais introduzidas durante o mercado difícil perdurem. Espera-se que as seguradoras enfrentem uma volatilidade contínua dos lucros em 2025, já que absorvem a maioria das perdas por catástrofes – especialmente de tempestades severas, enchentes e incêndios florestais – devido a pontos de fixação persistentemente altos. 

O cenário de riscos permanece inabalável. Guerras devastadoras e crescentes, choques de commodities, preços em alta, instabilidade do mercado financeiro e altos níveis de endividamento deram início a uma ordem global fragmentada com profundas implicações para a segurança, o comércio, os investimentos, as cadeias de suprimentos e a estabilidade política. 

Encontrar soluções inovadoras de transferência de risco para sustentar o crescimento do mercado e abordar as lacunas de proteção será fundamental à medida que a dinâmica dos preços diminuir. A partir daqui uma ênfase renovada na inovação será essencial para impulsionar a próxima fase. 

“Nosso relatório é um alerta para o setor. O mercado de seguro e resseguros vêm experimentando um forte crescimento há quase uma década, mas, como mostramos, a dependência apenas do preço não é mais suficiente para sustentar esse impulso. O início de um novo ciclo apresenta oportunidades à medida que as seguradoras buscam novos negócios para impulsionar o crescimento. Em um mundo mais volátil, nossos clientes estão clamando por mais proteção, desde o cibernético até as energias renováveis. Uma maior ênfase na inovação, na colaboração e em ouvir as necessidades do cliente significará um ganho mútuo para os clientes, a sociedade e as seguradoras”, conclui, David Howden, fundador e CEO da Howden

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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