Incêndios em Los Angeles podem custar mais de US$ 20 bilhões para seguradoras

Entre 2020 e 2022, as seguradoras se recusaram a renovar 2,8 milhões de apólices para proprietários de imóveis no estado

As seguradoras estimam perdas de até US$ 20 bilhões com os incêndios em Los Angeles, depois que focos devastaram alguns dos bairros mais exclusivos da Califórnia. É o que apontam estimativas iniciais de analistas. Nesta quinta-feira, analistas do J.P. Morgan dobraram suas expectativas para as perdas seguradas dos US$ 10 bilhões.

A State Farm General Insurance e o Farmers Group, uma unidade do Zurich Insurance Group são os principais fornecedores de seguro residencial da Califórnia. A State Farm disse no ano passado que estava cortando cerca de 72 mil apólices para residências, apartamentos e empresas no estado, citando a inflação e a exposição a catástrofes, informou a Bloomberg.

Entre 2020 e 2022, as seguradoras se recusaram a renovar 2,8 milhões de apólices para proprietários de imóveis no estado, de acordo com os dados mais recentes do Departamento de Seguros da Califórnia. Isso inclui 531.000 no Condado de Los Angeles, onde os incêndios estão ocorrendo atualmente. Algumas dessas apólices não foram renovadas pelos proprietários de imóveis, de acordo com um grupo comercial do setor de seguros. Mas a maioria dessas apólices foi cancelada pelas seguradoras.

No ano passado, furacões, incêndios e outros desastres geraram perdas de US$ 320 bilhões globalmente, um aumento de cerca de 30% em relação a 2023, de acordo com a Munich Re, maior resseguradora do mundo.

Sem apólices, a saída tem sido usar um programa criado pelo estado — mas sem o apoio do contribuinte — chamado plano California FAIR. Essas apólices têm prêmios mais altos do que o seguro privado tradicional e menos cobertura, muitas vezes exigindo que os proprietários comprem uma cobertura adicional “envolvente” a um custo ainda mais alto.

Embora o FAIR deva ser um provedor de seguros de último recurso, a demanda por suas apólices disparou. Em setembro, sua exposição para residências aumentou 61%, chegando a US$ 458 bilhões, em relação ao ano anterior, e triplicou em relação a apenas quatro anos atrás.

Sua exposição para apólices comerciais aumentou ainda mais rápido, quase dobrando para US$ 26,6 bilhões em setembro e 464% nos últimos quatro anos. A California FAIR tentou garantir aos proprietários de imóveis preocupados que seria capaz de lidar com os sinistros que os grandes incêndios desta semana produzirão.

“O Plano FAIR, que é principalmente uma seguradora de catástrofes, está preparado para isso e está atendendo ativamente aos clientes que fizeram reclamações”, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), informa a CNN. “O Plano FAIR tem mecanismos de pagamento em vigor, incluindo resseguro, para garantir que todos os sinistros cobertos sejam pagos”.

Independentemente da condição financeira do FAIR após esses incêndios, é quase certo que os proprietários de imóveis pagarão a conta na forma de prêmios mais altos. De uma forma ou de outra, provavelmente se tornará ainda mais caro viver na Califórnia.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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