Munich Re prevê crescimento de seguros cibernéticos, mas impõe condições rígidas

A Resseguradora pretende manter sua participação de mercado, que visa alcançar entre 10% e 15%

A Munich Re, maior resseguradora do mundo, destacou no tradicional encontro anual do setor de resseguros em Baden-Baden, Alemanha, nesta segunda-feira que as empresas europeias ainda precisam avançar em relação ao seguro cibernético. “Dado o baixo nível de penetração dos seguros cibernéticos, espera-se um crescimento robusto no mercado europeu de seguros cibernéticos”, explicou a empresa durante coletiva com jornalistas.

A Munich Re pretende continuar fornecendo uma capacidade considerável em condições adequadas para manter sua participação de mercado, que visa alcançar entre 10% e 15%. No entanto, a resseguradora mantém sua postura de não cobrir atos de guerra cibernética ou falhas em infraestruturas críticas.

A Munich Re também instou seguradoras primárias, como Allianz e AXA, a aumentarem os prêmios para seus clientes devido às perdas cada vez mais onerosas. A resseguradora afirmou que continuará a fornecer cobertura de resseguro na Europa, desde que as seguradoras primárias busquem prêmios adequados aos riscos em seus próprios negócios. A conselheira Clarisse Kopf destacou a importância de uma divisão justa de riscos entre resseguradoras e seguradoras primárias.

A Munich Re antecipa um crescimento significativo na demanda por seguros contra falhas de sistemas e ataques cibernéticos na Europa, devido à baixa penetração dessa modalidade no continente. Embora a empresa pretenda crescer com o mercado nesse segmento, ela reduziu recentemente seu volume global de prêmios e excluiu os efeitos de guerras cibernéticas com atores estatais de seus contratos. O grupo prevê que sua receita com prêmios de ciberseguros cairá para US$ 1,8 bilhão em 2024, após ter caído de US$ 2,2 bilhões para US$ 2,1 bilhões em 2023. O mercado global de seguros cibernéticos tem atualmente um volume de US$ 14,1 bilhões.

A Munich Re está pronta para alocar mais capital em seus mercados europeus, sempre que seus clientes demonstrarem disciplina de subscrição, gestão de exposição sólida e a obtenção de taxas originais adequadas aos riscos. A empresa utiliza sua força financeira para ajudar seus clientes a absorver choques que geram flutuações excessivas em seus balanços.

O grupo informou ainda que continua a investir em conhecimento de risco e expertise em modelagem para apoiar seus clientes, à medida que o ambiente se torna cada vez mais complexo e volátil, especialmente riscos cibernéticos e automóveis.

O mercado de seguro automotivo na Europa se mostrou volátil após a pandemia de Covid-19, com os aumentos de prêmios das seguradoras primárias não acompanhando os custos crescentes de reparos. Embora a pressão tenha diminuído com o abrandamento da inflação, muitos mercados ainda estão em processo de recuperação. A Munich Re manteve seu apoio aos clientes de longa data e continuará sendo um parceiro consistente e capitalizado para aqueles que demonstram precificação adequada ao risco e adaptação ao ambiente inflacionário mais volátil.

Catástrofes Naturais: perdas seguradoras de US$ 100 bi no primeiro semestre

As perdas anuais seguradas devido a catástrofes naturais em todo o mundo frequentemente ultrapassam US$ 100 bilhões. No primeiro semestre de 2024, já atingiram US$ 62 bilhões, significativamente acima da média de US$ 37 bilhões dos últimos dez anos. Recentemente, grandes furacões atingiram os EUA. Na Europa, essa tendência crescente também é evidente, especialmente para eventos como inundações, incêndios florestais e tempestades severas, que podem vir acompanhadas de granizo e tornados.

A inundação de maio de 2024, que afetou principalmente a Alemanha, e as recentes enchentes generalizadas na Europa Central em setembro fazem parte de uma tendência crescente e acelerada nos últimos anos. Cientistas atribuem mudanças na severidade e frequência desses eventos, pelo menos parcialmente, às alterações climáticas. A Munich Re continua aprimorando sua expertise em catástrofes naturais e incorpora explicitamente as tendências relevantes das mudanças climáticas em seus modelos de risco. Tanto resseguradoras quanto seguradoras precisam garantir um sistema de precificação sólido, que reflita corretamente os riscos subjacentes e incentive medidas de redução de riscos.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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