Monitoramento e tecnologia são aliados contra riscos climáticos

Especialistas apresentam instrumentos que mitigam eventos extremos no segundo dia do 1º Fórum IRB(P&D)

Fonte: IRB

O segundo dia do 1º Fórum IRB(P&D) foi dedicado a um encontro técnico-científico. Pesquisadores, representantes do setor de seguros e resseguros e startups traçaram um panorama das pesquisas climáticas no Brasil. Pela manhã, dois painéis abordaram os avanços e as vantagens do monitoramento climático, assim como a aplicação de tecnologias para enfrentar as altas temperaturas, as chuvas e os períodos de seca.

O primeiro painel abordou o tema “Modelagem e impacto dos riscos climáticos”. Primeiro a falar, Pedro Ivo Mioni Camarinha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), analisou as consequências de chuvas atípicas e deslizamentos de terra. Ele reforçou a necessidade de antever esses eventos e buscar formas de mitigar seus impactos: “toda ameaça tem uma probabilidade de acontecer. Precisamos avaliar cuidadosamente exposições, vulnerabilidades e capacidade adaptativa”. 

Para ele, o monitoramento constante dos riscos é peça-chave e contribui para não banalizar a tomada de decisão quando os alertas são enviados. “Tanto os eventos de pequeno quanto os de grande impacto têm a sua relevância, inclusive os de pequeno porte representam 22% dos registrados no Cemaden”, disse Camarinha.

Emilio La Rovere, do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Coppe/UFRJ, traçou um panorama dos impactos climáticos no setor de energia e destacou riscos e oportunidades frente à descarbonização da economia. “Temos notado diversos segmentos do setor de energia impactados por causa das mudanças do clima, como eólicos, solares e elétricos”, afirmou.

A descarbonização, segundo La Rovere, é um caminho na busca por mitigações, contudo, o mercado vê riscos e oportunidades. “Há riscos políticos, legais, tecnológicos, mercadológico e de reputação. Existe pressão de stakeholders por transparência e risco de corte de subsídios e de financiamentos aos combustíveis fósseis. Mas há oportunidades, como a promoção da eficiência de recursos, fontes energéticas, resiliência climática e novos produtos e mercados. Para ele, a transição é lenta, mas vai acontecer”. 

Modelagem Agroclimatológica

O segundo painel foi voltado à modelagem agroclimatológica e abordou o monitoramento e a previsão dos riscos de seca na agricultura do país, bem como estimativas da safra da soja. Ana Paula Cunha, do Cemaden, alertou quanto ao aumento de secas e a maior vulnerabilidade na agricultura familiar.

“O Norte e Nordeste e toda a área semiárida apresentam alto risco de seca. Monitoramos continuamente esses índices para gerir riscos. A partir dos anos 90, começou o aumento do índice de seca no país e, desde o ano passado, se agrava intensamente se comparado a outros momentos de pico. Isso é um desafio para a agricultura familiar. Avançamos com sistemas de monitoramento e avaliação de impacto, porém os dados fornecidos devem ser considerados nos planos de preparação para a seca, especialmente nas localidades de maior exposição socioeconômica e ambiental”, disse.

Já Daniela Fuzzo, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), compartilhou que gestão agrícola, previsão de rendimento e redução de riscos são importantes na agricultura porque permitem tomadas de decisões mais assertivas: “essa dinâmica norteia o planejamento e a comercialização do agronegócio porque colabora com o desenvolvimento do plantio, da irrigação, da fertilização e do controle de pragas”. 

Para ela, compreender como as mudanças climáticas em curso afetam os rendimentos globais das colheitas é vital para a segurança alimentar global: “com o aumento da intensidade de secas é relevante, por exemplo, termos estratégias de irrigação eficientes tendo como auxílio modelos agrometeorológicos. Temos tecnologia e ferramentas que apoiam, mas o tempo e o processamento dos dados são um desafio”.

Minella Alves Martins, do Inpe, explicou a importância dos modelos climáticos como ferramenta para entender os processos físicos, analisar o presente e o passado do clima e projetar possibilidades do futuro. “Obter informações climáticas em tempo real e análises a longo prazo são importantes para controlar o avanço da seca evitando grandes impactos na agricultura familiar. A modelagem agrícola pode contribuir com o planejamento por antecipar potenciais impactos e riscos na produção permitindo decisões mais assertivas e a otimização das estratégias do setor. E a agricultura de precisão é primordial nesse processo por meio do uso de sensores, fertilizantes mais eficientes e outros”, disse.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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