por Claudia Machado, vice-presidente de Benefícios na Howden Brasil
O bem-estar dos colaboradores é um tema recorrente nas organizações, liderado quase sempre pelas equipes ligadas a Recursos Humanos. Trata-se de uma temática que ficou mais contundente quando aprendemos a ser produtivos mesmo na distância física de nossos times, por exemplo. Nos últimos anos, passamos a lidar com a força do ‘RH Moderno’ dentro das companhias, uma área que, mais do que contar com um time estratégico, enxerga os desafios para além das questões trabalhistas.
Ou seja: envolve o bem-estar dos funcionários e a gestão de novos comportamentos, principalmente das gerações mais jovens e suas interações com aqueles que são “jovens há mais tempo”. Esses fatores influenciam diretamente a taxa de turnover, que, quando alta, impacta negativamente a qualidade do serviço e a satisfação dos clientes.
Embora a legislação trabalhista e os procedimentos burocráticos possam parecer distantes dos problemas individuais dos funcionários, a gestão ineficiente dessas questões pode gerar consequências importantes, e não apenas no âmbito legal. Uma equipe de Recursos Humanos forte e experiente sabe que um afeta o outro. Por este motivo, os programas dentro desta área incluem políticas e procedimentos abrangendo as áreas de “Documentação e conformidade”, “Recrutamento e seleção”, “Aprendizagem e desenvolvimento”, “Gestão de desempenho e remuneração” e “Benefícios”.
Ter essa base de boas práticas não é apenas recomendável – é essencial. A falta de uma dessas políticas pode resultar em um RH inadequado, deixando funcionários e gestão desamparados e confusos. Por exemplo, é imprescindível que as empresas entendam quais são as reais insatisfações do time e identifiquem os pontos que são inegociáveis para eles. Afinal, quando as companhias entendem o que é importante para os profissionais, naturalmente entram em um processo de engajamento da equipe e, consequentemente, uma experiência do colaborador que vai favorecer a performance.
Mais do que nunca, os profissionais estão olhando para empresas que oferecem remuneração adequada e equânime, bem como um pacote de benefícios atrativo. Além disso, a cultura organizacional e uma jornada de trabalho justa são fatores que contribuem para a clareza de seus objetivos dentro das organizações.
Um estudo recente realizado pela operadora Alice, feito em colaboração com entidades como Beneficência Portuguesa de São Paulo e o Fleury, revelou que 80% dos profissionais afirmaram que a flexibilidade dos benefícios oferecidos pelas companhias impacta diretamente em seu bem-estar e produtividade. Isso reforça que o papel da liderança na construção de uma cultura organizacional saudável é crucial para o sucesso de qualquer empresa. Criar e manter um ambiente positivo exige mais do que palavras e metas distantes.
De modo geral, oferecer pacotes de benefícios competitivos, como seguros de saúde, planos de aposentadoria, entre outros, ajuda a criar um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sentem valorizados e apoiados, além de aumentar a satisfação no trabalho e melhorar a produtividade do time – o que, consequentemente, auxilia na redução da rotatividade da equipe. Reforço, ainda, que uma estratégia de benefícios estruturada ajuda a alinhar as necessidades dos funcionários com os objetivos da organização, além de promover uma cultura corporativa saudável e sustentável.
A McKinsey & Company também trabalhou este tema em sua pesquisa com mais de 800 empresas em 13 países, que identificou que as companhias com culturas fortes apresentaram desempenho 70% superior em comparação com aquelas com culturas fracas. Sendo assim, sem uma estrutura robusta de RH focada no engajamento dos profissionais, as companhias correm o risco de lidarem com a alta rotatividade dos funcionários, o que pode impactar o sucesso e a lucratividade da organização. De nada adianta uma boa infraestrutura sem um atendimento adequado e que corresponda às expectativas dos clientes e trabalhadores.
A área de Recursos Humanos é um dos pilares centrais para gerar melhoria contínua do engajamento, produtividade e desenvolvimento dos funcionários. Trata-se de uma área que vai além de lidar com burocracias, ela é essencial para organizações que querem vencer em mercados competitivos. Afinal, não basta apenas motivar os funcionários, é preciso garantir a estabilidade e o bem-estar deles.