AM Best mantém perspectiva negativa para resseguros

Embora tenha havido alguma melhoria no mercado de resseguros do Brasil, a AM Best está mantendo uma perspectiva de mercado negativa no segmento até que tendências de desempenho favoráveis possam ser sustentadas.

No relatório “Market Segment Outlook: Brazil Reinsurance” (Perspectivas de segmento de mercado: Resseguro no Brasil), a AM Best cita restrições regulatórias sobre ativos estrangeiros que limitaram o crescimento de resseguradoras nacionais no exterior como um fator na perspectiva negativa.

“As resseguradoras brasileiras registraram resultados finais positivos em 2023, mas isso se deveu principalmente à receita de investimentos”, disse Ricardo Rodriguez Perez, analista financeiro da AM Best. “Para que a perspectiva seja revisada para estável, a volatilidade dos resultados técnicos e financeiros do setor precisaria diminuir, juntamente com uma receita técnica positiva.”

As resseguradoras nacionais têm uma vantagem competitiva por estarem um tanto isoladas das flutuações cambiais. No entanto, para que as resseguradoras nacionais possam ter um perfil de negócios global mais forte, a regulamentação precisa permitir participações mais significativas em moeda estrangeira para evitar uma disparidade cambial entre investimentos e reservas.

Além disso, os prêmios de resseguro (líquidos de comissões) continuam crescendo anualmente, impulsionados principalmente pelas linhas de transporte, propriedade, riscos especiais e saúde. Devido à seca de 2022 no sul do Brasil, as companhias de (re)seguros diminuíram suas exposições no agronegócio, cedendo mais de 50% dos prêmios.

A taxa de juros do Brasil também permanece em uma alta histórica. Como resultado, o segmento de (re)seguros do país se beneficiou de maiores taxas de juros pagas sobre suas reservas investidas. No geral, a receita de investimentos contribuiu significativamente para a lucratividade do setor de resseguros do Brasil e levou a resultados positivos para 2023. Ao mesmo tempo, a AM Best acredita que as resseguradoras têm dependido excessivamente da receita de investimentos desde a pandemia para impulsionar a lucratividade nos últimos anos.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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