LRS ajudam na diversificação do portfólio das seguradoras, afirma Fitch

Globalmente, os ILS representam cerca de 15% da capacidade total de resseguro

A recente regulamentação dos títulos de securitização de Letras de Risco de Seguro (LRS) pode beneficiar o mercado de (re)seguros do Brasil, diz a Fitch Ratings. Esses veículos, semelhantes aos títulos vinculados a seguros (ILS), podem proporcionar novo acesso à diversificação de portfólio e gestão de capital, o que seria favorável às classificações de crédito das (re)seguradoras. Se bem-sucedidos em atrair fontes alternativas de capital de risco, os LRS devem ajudar a estabilizar os custos de resseguro por meio da melhoria da concorrência e mitigação do risco de contraparte do ressegurador. Globalmente, os ILS representam cerca de 15% da capacidade total de resseguro.

As classificações de ILS são geralmente determinadas usando uma abordagem de elo mais fraco para risco de catástrofe, risco de contraparte da seguradora cedente e risco de crédito dos investimentos permitidos. As transações de ILS podem variar em estrutura, características de contrato e riscos. “Avaliamos cada transação com base no recurso legal ao patrocinador (ou pagador de prêmio) e no isolamento dos fluxos de caixa de seguro, o que pode variar a abordagem”, informa em nota divulgada.

Sob a regulamentação brasileira, os veículos de investimento da Empresa de Propósito Específico de Seguros (SSPE) são obrigados a manter investimentos em ativos dentro do país. No entanto, esperamos que os investimentos das SSPEs estejam em linha com nossos ‘Critérios de Contraparte de Financiamento Estruturado e Covered Bonds’.

De acordo com a regulamentação, a Comissão de Valores Mobiliários emitirá e distribuirá LRSs. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) regularão as atividades das SSPEs. Há dois pedidos pendentes para a criação de SSPEs, de acordo com a Susep.

A demanda e o crescimento desses mercados alternativos de capital de resseguro no Brasil dependerão da busca das (re)seguradoras por capacidade alternativa, da limitação ou aumento adicional das taxas de resseguro e dos retornos potenciais para os investidores. O mercado global de ILS encerrou 2023 com volume recorde e novas emissões de títulos de catástrofe, com crescimento de mais de 20%.

No entanto, a frequência e severidade aumentadas de desastres naturais estão levando a custos segurados mais altos, o que pode desafiar o apetite por risco dos investidores de ILS. Um recorde de 142 catástrofes naturais ocorreu no ano passado, resultando em perdas econômicas de USD 280 bilhões. Dessas, USD 108 bilhões (40%) foram cobertas por seguro, o que foi superior à média dos últimos 10 anos de USD 89 bilhões.

Assim como o mercado tradicional de resseguro, o mercado de ILS experimentou um aumento nos spreads excedentes, enquanto a perda média esperada diminuiu. O pêndulo risco/recompensa balançou a favor dos investidores em vez das (re)seguradoras. Os investidores estão ganhando retornos totais descorrelacionados acima de 13%; além de spreads excedentes de cerca de 9%, eles também se beneficiam dos rendimentos dos títulos de catástrofe que são investidos em fundos de mercado monetário de curto prazo, que estão rendendo de 4% a 5%.

Compartilhar o risco entre seguradoras, SSPEs e investidores poderia reduzir os custos de financiamento das seguradoras. A abordagem proporcionaria uma alternativa ao mercado tradicional de resseguro, que pode ser mais caro ou restrito em certos momentos. Esses instrumentos permitirão que as (re)seguradoras otimizem a gestão de capital e risco, melhorem a liquidez e mitiguem as despesas de transferência de risco, incluindo prêmios de resseguro. Os LRS também podem ser uma opção para investidores que buscam diversificar seus portfólios com investimentos que têm baixa correlação com classes de ativos tradicionais.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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