Por Jônatas Pulquério, diretor de Gestão de Risco Agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária
Quem já pisou na terra sabe o quanto as operações de crédito rural são importantes para o desenvolvimento do agronegócio. É por meio delas que o produtor brasileiro tem fôlego para investir em tecnologias, insumos e manejos que aumentem a produtividade e a sustentabilidade das suas atividades, adquirindo o trator, construindo depósitos e até mesmo pagando salários.
A luz de alerta se acende pelo fato de que essas operações estão ligadas à produção agrícola, que, por sua vez, está exposta a uma série de riscos climáticos e ambientais.
Daí a dimensão do seguro rural, bem como das práticas sustentáveis, como ferramentas de fundamental importância para a mitigação desses riscos, garantindo a viabilidade das operações financeiras e a segurança alimentar.
O seguro rural incide na proteção aos produtores rurais, oferecendo cobertura contra perdas decorrentes de eventos climáticos adversos, como secas, geadas, chuvas excessivas e outros. Dessa forma, essa proteção é essencial não só para a sustentabilidade financeira do produtor, mas também para a estabilidade do setor agrícola como um todo.
Por sua vez, práticas agrícolas sustentáveis desempenham um papel vital na mitigação dos riscos ambientais e climáticos. Técnicas como a rotação de culturas, o uso eficiente da água, a conservação do solo e a adoção de sistemas agroflorestais não só melhoram a resiliência das lavouras às variações climáticas, mas também contribuem para a preservação dos recursos naturais e a redução das emissões de gases de efeito estufa.
O produtor que enxerga o benefício dessas duas frentes, promovendo a integração de práticas sustentáveis e do seguro rural, cria um círculo virtuoso no setor agrícola, uma vez que as técnicas sustentáveis melhoram a resiliência das lavouras e, consequentemente, reduzem a frequência e a gravidade das perdas cobertas pelo seguro rural.
Assim, com menos sinistros e menores perdas, as seguradoras podem oferecer produtos com prêmios mais acessíveis, incentivando mais produtores a aderirem ao seguro rural. Esta dinâmica beneficia não apenas os produtores, mas também o mercado financeiro, que opera com menor risco de crédito associado às operações agrícolas.
Para que essa integração seja efetiva, é necessário um esforço conjunto entre governos, instituições financeiras, seguradoras e produtores rurais. Políticas públicas que incentivem a adoção de práticas sustentáveis e a contratação de seguros, através de subsídios e programas de capacitação, são fundamentais.
Além disso, a conscientização dos produtores sobre os benefícios dessas ferramentas e a importância da gestão de risco é essencial para promover a mudança cultural de que o setor precisa.