Rumo à nova indústria de seguro*

42-21522202As mudanças demoraram a acontecer na indústria de seguros brasileira. Mas agora parecem não ter fim. Todo dia tem novidade. Seguradora ampliando atuação para um nicho ou região. Executivos trocando de desafios, como Sérgio Santiago deixando o IRB Brasil Re para fazer parte da equipe da J.Malucelli Re. Uma seguradora transformando prejuízo em lucro, como a MetLife, com ganhos de R$ 21,7 milhões neste primeiro semestre do ano. Na outra ponta, a Porto Seguro registrando queda de quase 36% no lucro líquido acumulado do ano até julho, com R$ 160 milhões. Até eu, que escrevo desde 1992 (com algumas saídas) sobre o setor para a Gazeta Mercantil, deixei o jornal no final de agosto.

Tudo isso mostra que a indústria de seguros traz grandes desafios e oportunidades para todos. Para os estrangeiros, as notícias sobre o Brasil os motivam a mudar estratégia e rever o peso do País na obtenção de metas traçadas pelos acionistas. A grande maioria dos CEO de seguradoras estrangeiras que entrevistei neste ano foi unânime em afirmar que o Brasil é prioritário para que os grupos atingirem as metas de crescimento, uma vez que em seus países de origem enfrentam crise financeira, perdas com catástrofes e acirrada concorrência, típica de mercados maduros.

A estratégia para convencer os analistas de mercado responsáveis por recomendar a venda ou a compra de ações é de que o futuro é brilhante em razão do desenvolvimento das operações internacionais, em países emergentes, principalmente aqueles que compõem o bloco conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Além do positivo discurso em entrevistas, o Brasil foi destacado no balanço semestral de grande parte delas. AIG, Mapfre, Allianz, ACE, Chubb. Liberty entre tantas outras destacaram a operação local pelo crescimento das vendas e da rentabilidade.

Ou seja, o Brasil está no topo da lista entre os países para receber investimentos de resseguradores. Patrick Thiele, presidente e CEO da PartnerRe, disse que o Brasil lidera entre os Brics. “O Brasil é o que tem o maior potencial no prazo de cinco anos. A Rússia e a Índia ainda apresentam regulamentações restritivas, que inibem investimentos estrangeiros. A China será um grande mercado nos próximos dez ou 15 anos”, disse.

Fora todos esses elogios dos principais CEOs de seguradoras e resseguradoras, um dos mais respeitados estudos da indústria de seguros mundial destacou o Brasil. Segundo análise da Swiss Re, o mercado brasileiro de seguros cresceu 10,3% em termos reais, três vezes mais que a média global de 3,3% em 2007, passando a ser o 19º no mundo em volume de prêmios, com R$ 75,5 bilhões. O seguro de vida foi responsável por R$ 35,6 bilhões, alta de 15,5%, ocupando a 22º colocação. O segmento não-vida, ou ramos elementares, ficou com R$ 39,9 bilhões, evolução de 6,1%, o que dá ao Brasil a 14ª posição do ranking global.

E o céu é de brigadeiro. A Swiss Re prevê que em 2008 os prêmios de ramos elementares continuarão a aumentar com os investimentos em infra-estrutura previstos e também pelo próprio crescimento do País, do aumento da renda da população e acesso das classes de menor renda ao crédito. Tudo isso se o Brasil continuar imune à desaceleração econômica global.

Aproveitando tal cenário, a Confederação de Seguros, Previdência e Capitalização (CNSeg) tem divulgado o Brasil no exterior. Em agosto um grupo foi para Japão, Coréia do Sul e Taiwan. Em setembro, Londres. Lá eles mostram tudo aquilo que sabemos aqui. O potencial do mercado em todos os nichos, de automóvel a usina nuclear; a necessidade de novos produtos para atingir as classes de menor renda e o grande desafio da distribuição.

Tendo por base o balanço do primeiro semestre, onde boa parte registrou lucro menor do que no mesmo período do ano passado, a competição ficará ainda maior a partir de agora, com produtos, serviços e preço. Segundo Bill Yates, presidente da Prudential, o crescimento da empresa no primeiro semestre veio do maior interesse dos consultores financeiros em vender o produto. “Os clientes têm interesse. Crescemos porque aumentou a produtividade de nossos vendedores”, informou.

Bem, vamos lá então. Vamos aproveitar esta onda do setor e abraçar desafios para crescermos junto com o Brasil e conseqüentemente com a indústria de seguros.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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