Morre Jorge Luzzi, um dos mais brilhantes risk manager (gestor de risco) da América Latina

Ontem faleceu Jorge Luzzi, um dos principais risk manager do Brasil e da América Latina, vítima de infarto. Um líder inspirador para todos, com participação ativa em todas as instituições de gestores de risco do mundo, como ABGR, RIMS e FERMA e Alarys. Atualmente, era consultor da MDS por meio da RCG Powered by Herco, onde trabalhou nos últimos 10 anos depois de deixar a Pirelli, empresa para qual prestou seus serviços por duas décadas. Ele morava em Portugal.

O assunto movimentou todo o setor de seguros, com mensagens de condolências. Nos grupos de WhatsApp de executivos conectados a contatos de grandes riscos o reconhecimento ao executivo que compartilhou seus conhecimentos sobre gestão de riscos e obteve significativas vitórias para os profissionais que cuidam do patrimônio do acionista.

Luzzi sempre esteve envolvido em apaziguar o cenário de preços mais elevados e condições mais duras impostas pelos resseguradores, e que tornavam a colocação do risco corporativo mais complexa. “Muitas vezes o diretor financeiro não quer saber da conjuntura mundial. Ele olha os indicadores macroeconômicos da sua região e se teve ou não sinistros. Desconhece a mutualidade do setor de seguros. O que é preciso neste momento, de hard market em re/seguros, é entender como a guerra, pandemias, inflação, insegurança alimentar podem afetar a companhia como um todo e gerar perdas para o grupo, principalmente em sua cadeia de suprimentos”, comentou Jorge Luzzi em uma das dezenas de entrevistas que concedeu ao Sonho Seguro durante sua incansável luta em desenvolver a cultura de seguro mundo afora.

Amável, didático e incansável para discutir a importância do gerenciamento de risco. Em suas falas nos principais eventos de risk managment no mundo, esta era a forma de alertar, de forma simples, sobre o risco que as empresas enfrentam com a quebra de uma cadeia de suprimentos diante de um cenário de guerra:

“Uma das maiores cervejaria da Espanha. Ela comprava cereais da Rússia e da Ucrânia. Acabou. Com o início da guerra ficou sem seus fornecedores. Então ela foi buscar fornecedores em Portugal, mas com alta de preços de até 25%. É um risco e tanto para as empresas. Outro exemplo é o transporte. Uma empresa do Japão mandava matéria prima para Alemanha por avião. Agora tem de encontrar como distribuir seus produtos, pois não se pode voar pelo espaço aéreo russo. Se consegue entregar a matéria prima em tempo, se cumpre o contrato. Se não, tem de buscar outro fornecedor, que geralmente cobra até 30% mais. Se amanhã termina a guerra, vão voltar a comprar cerais da Rússia, mesmo com a insegurança política? Estes exemplos mostram que temos de rever nossas estratégias e considerar riscos que agora estão muito mais severos”.

Nossos sentimentos à família e aos amigos, que são muitos. Obrigada por tudo querido Luzzi!

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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