extraído do portal da CNseg (www.viverseguro.org.br)
O fenômeno da longevidade vai exigir respostas incomuns e inovadoras dos mercados e parece claro que o acervo de instrumentos atuais é inadequado para uma explosão de custos e riscos que se avizinha com a conquista de mais anos de vida. Não há respostas prontas, o que não significa que as empresas e pessoas não devam refletir sobre o tema e esquadrinhar ações para mitigar os riscos que acompanham a longevidade.
A revolução da longevidade foi o tema do último painel do primeiro dia do VI Fórum Nacional de Vida e Previdência Privada, realizado pela FenaPrevi, em São Paulo. O tema foi discutido pelo médico Alexandre Kalache, da Academia de Medicina de New York e pelo consultor Marco Aurélio Viana e mediado por Alfredo Lália, da HSBC Seguros. “A sociedade precisa se preparar para a longevidade e, sobretudo, buscar viver mais tempo com qualidade de vida, porque envelhecer sem saúde é um prêmio envenenado”, lembra o especialista.
Após lembrar que o Brasil caminha a passos rápidos para ter expectativa de vida próxima de países europeus, ele lembra que existem quatro fatores de riscos que devem ser cuidados desde já para uma velhice mais saudável e menos propensa a doenças crônicas. Alimentação equilibrada, exercícios físicos, consumo reduzido de álcool e banir o tabagismo são fundamentais para evitar as incapacidades funcionais dos futuros idosos. “Não é o envelhecimento que provoca as incapacidades, mas sim a forma como decidimos envelhecer, o que pode significar chegar à velhice mais ou menos saudável”, explica ele.
Antes mesmo da mudança drástica da pirâmide populacional do País, o especialista destaca os efeitos do processo de envelhecimento já podem ser notados na previdência social, que hoje enfrenta um déficit anual na casa de RS 100 bilhões e, mantido o atual quadro, tende a se agravar nas próximas décadas, já que a faixa que mais cresce é justamente a dos idosos, ao passo que há um progressivo decréscimo entre os mais jovens, dada a forte redução da taxa de fecundidade, que, por volta de 2020, estará abaixo do nível de reposição da população, enquanto a de idosos terá duplicado. Este quadro sugere que mais recursos deverão ser poupados para custear as despesas na velhice.” Será necessário coragem política para mexer na previdência e evitar que a conquista de longevidade vire um grande desastre social”, afirma o especialista.
A longevidade é um fenômeno mundial, mas seus efeitos tendem a ser mais dramáticos nos países em desenvolvimento. ” Os países desenvolvidos tornaram-se ricos antes de envelhecer, enquanto os países em desenvolvimento envelheceram antes de enriquecer”, lembra, o que faz toda a diferença. Cuidar de uma população de idosos em proporção tão numerosa nas próximas décadas abre não só novas oportunidades de negócios para as entidades de previdência, como também amplia profundamente sua responsabilidade sobre os segurados, reconhece o consultor Marco Aurélio Viana.