Se depender das respostas dos executivos, os conceitos básicos de sustentabilidade já fazem parte do dia a dia do segmento de previdência privada e vida. Qual a função da empresa? 63% dos executivos presentes afirmaram que a função da empresa é atuar com responsabilidade, gerando valor para todos os seus stakeholders. Valor é igual ao preço da ação? Para 83% dos executivos, não. Para 70% do auditório, o lucro não é a melhor forma de avaliar um ativo e 85% afirmaram que a sustentabilidade é compatível com a geração de longo prazo.
As perguntas foram feitas por Maria Eugênia Buosi, consultora de investimentos responsáveis, antes de iniciar a sua palestra no VI Fórum de Previdêndia e Vida, promovido em São Paulo. As respostas mostram que a sustentabilidade está inserida na mente da maioria. Maria Eugênia citou casos como a queda nas vendas da rede varejista de moda Zara após a empresa ter sido acusada de trabalho escravo. Notícias como essas são capazes de fazer o preço das ações despencarem no mercado acionário, mesmo que o valor escritural dos papéis permaneça inalterado.
A maior consciência dos executivos com atitudes que respeitem todos os envolvidos no negócio tem gerado um aumento da demanda por investimentos considerados responsáveis. Tanto que atualmente, mais de mil gestores já são signatários do Principles for Responsible Investment (PRI), representanto ativos superirios a US$ 1 trilhão sob gestão. Trata-se de uma iniciativa dos principais investidores do mundo em parceria com a ONU, que se iniciou em 2005 ao formularem os princípios que norteariam o conceito de investimento responsável.
O PRI consiste em princípios para o comprometimento de investidores em patrocinar e incentivar iniciativas pelo meio ambiente, por causas sociais e governança corporativa. Os fundos criados dentro das regras do PRI evoluíram da exclusão – “não vamos investir em tabaco ou álcool – para a inclusão “investir em empresas de energia renovável, tecnologia limpa. Hoje praticamente todos já entenderam que todos os riscos podem ser geridos, o que aumenta o leque de empresas que podem ser consideradas sustentáveis.
No Brasil, depois do lançamento do ISE (índice de sustentabilidade empresarial) pela Bovespa, que tem rendimento superior ao Ibovespa, o país lançou a rede brasileira dos signatários do PRI, em 2008. “A rede virou modelo mundial. Hoje há oito no mundo, criadas a partir disso em razão dos brasileiros precisarem da presença de um grupo local para tirar dúvidas e interagir”.
Em 2012, a grande notícia veio da assinatura dos Princípios Sustentáveis em Seguros (PSI), na sigla em inglês. O acordo foi assinado no Brasil e contou com a adesão de quarto seguradoras e também da CNseg, que assumiu o compromisso de difundir os conceitos na indústria e elevar o número de signatários.
Maria Eugenia mostrou pesquisas que deixam claro o ganho das empresas que optam por ser sustentáveis: os clientes tendem a comprar de companhias verdes, elas atraem talentos – muitos não querem mais trabalhar em empresas que não respeitam a sociedade –, e muitas das ações implementadas aumentam a produtividade e eficiência do grupo, inclusive por proporcionar financiamentos com taxas muito mais acessíveis. “Os executivos percebem que sustentabilidade não é uma moda e sim um conceito. O meio ambiente tem recursos finitos. Quando pescarem o ultimo peixe do mundo vão descobrir que não se come dinheiro”, diz.