Seguradoras  implementarão metas de ESG em seus portfólios nos próximos 24 meses, revela estudo da BlackRock

Mais de 62% das seguradoras pesquisadas veem a tomada de decisões relacionadas à sustentabilidade como uma grande tendência que moldará seu setor nos próximos anos

As seguradoras globais inovam suas abordagens de investimento em meio às condições de mercado em rápida mudança este ano, concentrando-se na construção de portfólio resiliente, gestão de liquidez e tecnologia integrada, de acordo com o 11º Global Insurance Report anual da BlackRock 2022. A maior gestora de ativos do mundo entrevistou 370 investidores de seguros em 26 mercados, representando quase US$ 28 trilhões em ativos sob gestão.

“O cenário atual de investimentos é resultado de uma grande reviravolta nos últimos dois anos e a incerteza só deve aumentar. Os clientes de seguros com os quais fazemos parceria entendem que a inovação em escala e uma abordagem ágil serão essenciais para navegar pela complexidade à frente”, comentou Charles Hatami, diretor global do grupo no segmento de instituições financeiras da BlackRock.

Quase 80% das seguradoras entrevistadas planejam revisar sua alocação estratégica de ativos de longo prazo e quase metade (48%) revisará os limites de apetite ao risco este ano. A maioria das seguradoras (60%) relatou a inflação como sua principal preocupação de mercado, com a volatilidade dos preços dos ativos (59%) e a liquidez (58%) logo atrás. Para diversificar ainda mais suas carteiras, a maioria das seguradoras (87%) planeja aumentar as alocações para investimentos privados nos próximos dois anos, o que representaria um aumento médio de 3% em relação à alocação atual. As seguradoras também planejam aumentar as alocações para ativos líquidos, sugerindo uma abordagem de barra, com 37% dos entrevistados pretendendo alocar em dinheiro e 31% em renda fixa.

Os entrevistados na América Latina estavam menos preocupados com a inflação do que a média global. Por outro lado, eles estavam mais preocupados com migrações de ratings e inadimplência, bem como com o risco de spread. “As seguradoras mantêm um apetite sustentado por ativos de risco, mas à medida que passamos de um longo período de crescimento constante e inflação para o novo regime de alta volatilidade macro e de mercado, seus objetivos são mais dinâmicos do que a busca por rendimento ou diversificação geral. Em uma base de portfólio completo, as seguradoras estão agora reavaliando o papel que cada classe de ativos deve desempenhar para construir resiliência”, comentou em nota Lyenda Delp, chefe da área de instituições financeiras da BlackRock para as Américas.

Mais de dois terços dos entrevistados da pesquisa relataram que provavelmente ou muito provavelmente implementarão metas amplas de ESG em seus portfólios nos próximos 24 meses. Além disso, 85% relataram que provavelmente ou muito provavelmente se comprometerão com objetivos climáticos específicos para seu portfólio. Cerca de 62% das seguradoras pesquisadas veem a tomada de decisões relacionadas à sustentabilidade como uma grande tendência que moldará seu setor nos próximos anos. As tecnologias e ferramentas certas serão essenciais para as seguradoras garantirem a consistência em toda a análise de sustentabilidade, com aplicativos que incluem divulgação e relatórios regulatórios, até a avaliação de alocações de investimento.

Perto de 65% das seguradoras relataram a transformação digital e a tecnologia como a tendência mais importante no setor de seguros nos próximos 12 a 24 meses, em comparação com 44% em 2021. Quase todas (98%) relataram usar inteligência artificial, aprendizado de máquina, previsão analytics, blockchain ou uma combinação dessas tecnologias, com análise preditiva sendo utilizada tanto para o gerenciamento de negócios de seguros (65%) quanto para operações de investimento (72%). Quando se trata de gastos futuros com tecnologia, a grande maioria das seguradoras pesquisadas planeja priorizar investimentos para gerenciamento de ativos e passivos (68%), juntamente com conformidade regulatória (54%) e dados de mercado (53%).

As seguradoras pesquisadas também estão impulsionando a adoção de novas abordagens de investimento, como ETFs de títulos. As seguradoras relatam que planejam aumentar o uso de ETFs de renda fixa em suas carteiras, principalmente para melhorar potencialmente a liquidez (54%) e o rendimento (48%). De acordo com a pesquisa da BlackRock, oito das dez maiores seguradoras dos EUA agora relatam o uso de ETFs de títulos, sendo que cinco os adotaram após os mercados voláteis de março de 2020.1 E até agora este ano, a BlackRock identificou 17 seguradoras em toda a Europa, Oriente Médio e África que estão usando ETFs pela primeira vez.2 Dado que os ETFs de renda fixa são frequentemente vistos como veículos eficientes para gerar rendimento e renda de forma escalável e de baixo custo, a BlackRock recentemente previu que os ativos globais de ETFs sob gestão poderiam chegar a US$ 5 trilhões em 20303 – e os investidores de seguros são um dos principais impulsionadores dessa nova abordagem.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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