Boletim da CNseg: deflação é pontual e ainda não reverte expectativas de alta de preços no longo prazo

Em horizontes mais longos, a deterioração da inflação continua, o que preocupa o mercado”, afirma o economista Pedro Simões

A redução nas projeções para a inflação oficial, para 6,40% em 2022 e 5,17% no próximo ano, após a deflação de 0,36% registrada em agosto é o destaque do Boletim de Acompanhamento das Expectativas Econômicas (AEE) da CNseg, com base em números da pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira (12/09).

“A inflação recuou para 8,73% em 12 meses, o primeiro resultado abaixo de dois dígitos desde agosto do ano passado e o menor número desde junho de 2021”, assinalou o economista Pedro Simões, da CNseg. “No entanto, em horizontes mais longos, a deterioração da inflação continua, o que preocupa o mercado”, afirma.

A previsão de maior crescimento do PIB reflete uma clara melhora no mercado de trabalho e a continuidade das injeções de recursos pelo governo na economia neste segundo semestre (um novo decreto para liberar R$ 5,6 bilhões em emendas de relator foi editado na semana passada), acomodadas por resultados fiscais melhores que o esperado a curto prazo.

O comportamento persistente de alta da inflação no mundo é também destacado no boletim da CNseg. Ele chama a atenção do ajuste dos juros básicos pelo Banco Central Europeu na semana passada, de 0,75 ponto percentual, em resposta à inflação elevada e às consequências geradas pelas restrições do fornecimento de gás da Rússia. Analistas estão atentos também ao comportamento do CPI americano de agosto, para avaliar se o aperto da política monetária dos EUA manterá ou não o ritmo atual. Inicialmente,  “os preços mais baixos da gasolina devem ter ajudado a desacelerar o ritmo da inflação nos EUA pelo segundo mês consecutivo, mas é improvável que o Federal Reserve seja dissuadido de promover um novo aumento acentuado da taxa de juros em setembro, já que a inflação permanece bem acima de sua meta, com persistência na inflação de serviços”, acrescentou Pedro Simões. 

Ele afirmou que, por aqui, o resultado do IPCA de agosto não alterou as medianas das projeções do Focus para a Selic ao final deste ano e do próximo (13,75% e 11,25%, respectivamente), mas aumentou a probabilidade, nas análises de alguns especialistas, de que o Copom aumente a Selic em 0,25 ponto percentual na próxima reunião do dia 21 deste mês.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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