Expectativas para inflação em 2023 permanecem em alta e BC pode já mirar 2024, diz CNseg

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa Selic em 0,5p.p., para 13,75% ao ano, de acordo com as expectativas, na reunião da semana passada. Porém, diferentemente do esperado, deixou em aberto a possibilidade de novo aumento, ainda que de magnitude menor, na reunião de setembro. Apesar disso, a mediana das projeções do Focus para a Selic ao final deste ano permaneceu em 13,75%, e em 11% para o final do ano que vem. A Ata da última reunião do Copom será divulgada nos próximos dias, então há a possibilidade que os agentes estejam aguardando mais informações antes de alterar seus cenários.

“Como temos frisado, o aperto nos juros básicos conduzido pelo Banco Central desde março do ano passado é grande e tende, com as devidas defasagens, a diminuir a inflação. No entanto, as medidas pontuais tomadas pelo governo para controlar a inflação e impulsionar o nível de atividade até o final deste ano e o custo fiscal a elas associado adicionaram uma grande dose de incerteza no cenário, não apenas porque as medidas têm efeitos distintos no curto e longo prazo – o que fica claro nos movimentos das projeções do Focus nas últimas semanas – como também porque parte do mercado pode interpretar as recentes medidas como mais uma mudança no arcabouço fiscal do País, o que teria como consequência um aumento na taxa real de juros neutra”, avalia o economista Pedro Simões, do Comitê de Estudos de Mercado da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Com uma taxa neutra maior, o aumento dos juros necessário para reduzir a inflação também tende a ser maior. As projeções para o IPCA continuam a cair para 2022 (7,11% no relatório desta semana), mas permanecem em alta para 2023 (chegando a 5,36%), o que também adiciona dúvidas quanto aos próximos passos do BC.

O horizonte relevante para a política monetária também tem impactos: com as expectativas acima da meta e ainda subindo para 2023, há analistas que acreditam que o Banco Central já mira, com mais peso, o ano de 2024, o que mudaria a estratégia da política monetária. Esse cenário, como temos frisado, tende a tornar o BC mias data-dependent, isto é, dependente da divulgação de dados de atividade, inflação e da própria dinâmica das expectativas. Depois da desaceleração do IPCA-15 de julho (11,39% em 12 meses), a divulgação do IGP-DI, na semana passada, deu mais uma amostra do potencial de redução pontual da inflação das medidas recentemente tomadas. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) caiu 0,38% em julho, levando a alta em 12 meses para 9,13%.

O mais interessante, entretanto, é olhar a variação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), componente do IGP que tem estrutura de ponderação semelhante ao IPCA, que teve deflação forte de 1,19%. Enquanto isso, as projeções para o PIB tiveram alterações marginais.  Na esteira da melhora do mercado de trabalho e da ampliação das transferências de renda até o final do ano, subiram para 1,98% em 2022, e permaneceram em 0,4% para 2023. No calendário econômico da semana, além da ata do Copom, amanhã (09/08), destaque para dados de atividades de junho: PMC, na quarta-feira (10/08) e PMS, na quinta (11/08).

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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