ARTIGO: a gestão de risco em cenário de crise no setor alimentício

Por Caio Carvalho, Diretor de Riscos Corporativos da MDS Brasil 

Como um dos principais segmentos da economia brasileira e mundial, o setor alimentício lida com grandes riscos e responsabilidades em uma base diária. Sofre diretamente as consequências de conflitos políticos, ambientais e sanitários e precisa enfrentar prejuízos e despesas aos quais todas as corporações do departamento estão suscetíveis. 

Sabe-se que a pandemia do coronavírus afetou de forma brusca as importações e exportações e deixou vestígios de uma crise generalizada na economia global, contudo, o setor de alimentos se mostrou resiliente e até mesmo próspero para a conjuntura em que se encontra. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), em 2021, a indústria alimentícia brasileira fechou o ano com faturamento de R$ 922,6 bilhões; um crescimento de 16,9% quando comparado com 2020. Ainda segundo o levantamento, as exportações, representaram 26,5% do faturamento total, apontando para um aumento de 18,6%. Esse foi o maior número já registrado, uma quantia equivalente a US$ 45,2 bilhões. 

Gestão de Riscos e a Indústria Alimentícia  

Embora as pesquisas indiquem sinais de boa recuperação da indústria alimentícia, os grandes riscos do setor não deixam de existir. Anualmente, são milhões de itens retirados das prateleiras e chamadas de recolhimento de produtos, seja por possível contaminação, adulteração ou ordem governamental. Atenta a tais contratempos e ameaças, a Brokerslink Conference 2022, que aconteceu no Porto, em Portugal, trouxe insights relevantes sobre este mercado e os riscos que o cercam.  

O evento, que reuniu mais de 300 líderes de todo o mundo da área de Seguros, Resseguros e Gestão de Risco contou com o painel “Risk Management at Nestlé”, no qual Laurent Freixe, vice-presidente Executivo e CEO para a América Latina da Nestlé, nos trouxe uma visão geral da gestão de riscos na companhia – que hoje é uma das maiores do ramo – e pontuou a necessidade de se ajustar a um ambiente em constante mudança e se manter em compliance com obrigações e legislações de todas as esferas. 

De maneira simplificada, um programa abrangente e efetivo de Risk Management para a indústria de alimentos se caracteriza por um conjunto de ações coordenadas com o objetivo de neutralizar, prevenir e controlar situações que possam gerar despesas e prejuízos ao negócio. A etapa de mitigação de ameaças conta com uma análise quantitativa e qualitativa para saber quais riscos devem ser priorizados e, por fim, culmina na definição de uma reposta ou solução para erradicar a ameaça. 

Para 2022, os desafios da indústria alimentícia continuam sendo a segurança para os consumidores em meio a um cenário incerto. Nesse sentido, vale destacar que um bom programa de Gestão de Risco atrelado ao uso de ferramentas tecnológicas é uma ótima opção. Além disso, lançar mão de softwares especializados – que podem fazer esse gerenciamento de maneira eficaz e segura – e estar atento às constantes mudanças políticas, socioeconômicas e logísticas são medidas essenciais para a vitalidade e boa performance de qualquer empresa, seja de pequeno, médio ou grande porte. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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