Seguros: Cenário ainda é de cautela

CENÁRIO AINDA É DE CAUTELA. Este é o mote da Revista Valor Financeiro Seguros, publicada hoje.

Cenário – Expectativa é de crescer entre 13% e 15% neste ano em termos nominais, mas a realidade econômica pode afetar algumas linhas de negócios. Quem olha para os dados do mercado segurador nos primeiros meses de 2022, que repetem o bom desempenho do ano passado, pode imaginar um setor descolado da realidade socioeconômica, marcada por queda na renda, inflação, desemprego e fraqueza do Produto Interno Bruto (PIB).

Vida – A pandemia provocou indenizações bilionárias e despertou as companhias para a estratégia de oferecer mais benefícios aos clientes. A pandemia tirou do caixa das seguradoras, em 2020, R$ 6,5 bilhões, pagos para quase 170 mil apólices de seguro de vida, mesmo sendo pandemia uma cláusula de exclusão.

Previdência –  A expectativa do setor é de que a portabilidade diminua, mas o cenário econômico é o que mais preocupa as instituições. O mercado de previdência complementar aberta vive um momento ambíguo.

Saúde – As companhias se movimentam em várias direções, buscando verticalizar e regionalizar a operação e criar produtos mais acessíveis. O setor de seguro-saúde, cujo avanço ocorre de forma contínua desde 2020, fechou março passado com pouco mais de 49 milhões de beneficiários, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Capitalização – Receita cresceu 12,8% no primeiro bimestre deste ano, com a modalidade tradicional ainda respondendo por 70% da arrecadação. Depois de ver sua trajetória de crescimento sustentado desacelerarem 2020, devido aos efeitos negativos da pandemia da covid-19 sobre a renda e o emprego de consumidores, o mercado de títulos de capitalização dá sinais de que 2022 poderá devolver ao setor a expansão de dois dígitos.

ESG – Em 2021, perdas econômicas globais devido a desastres naturais ficaram 27% acima da média do século 21. O mercado brasileiro de seguros e resseguros caminha para a consolidação de um modelo semelhante ao adotado no setor financeiro sobre políticas sustentáveis e ESG (agenda de responsabilidade ambiental, social e de governança, na sigla em inglês).

Open Insurance – Processo de implantação será feito em três etapas e ainda exige um ambiente tecnológico mais seguro para escalar as operações. Em vigor no Brasil desde 15 de dezembro de 2021, o open insurance, ou sistema de seguros aberto, é encarado como um passo decisivo para a aceleração dos negócios no setor.

Insurtechs – Parcerias com grandes seguradoras e companhias de assistência aos clientes fomentam novas soluções. O investimento global nas insurtechs, ou startups cio ramo segurador, alcançou US$ 10,1 bilhões em 2021, um aumento de 38% em relação ao ano anterior.

Recursos Humanos – Pandemia passou a exigir profissionais mais adaptados às novas tecnologias, como também lideranças com alto grau de empatia. O setor de seguros brasileiro foi um dos que mais se transformaram nos dois últimos anos marcados pela pandemia.

Massificados – Digitalização de contratos, assinatura eletrônica e proteção de dados na nuvem dão agilidade e autonomia aos corretores A transformação digital do mercado de seguros tem como desafio a criação de ofertas mais simples e intuitivas em todos os pontos de contato com o cliente.

Viagem – Há boas perspectivas neste ano com a retomada do turismo, com as seguradoras lançando novos produtos e oferecendo descontos. Derrubado pela pandemia de covid-19, o mercado de seguro-viagem vem se recuperando com a reabertura das fronteiras e a retomada do turismo.

Resseguro – Nova medida permitirá transformar dívida em títulos negociáveis, mas é preciso definir o tipo de risco envolvido e o perfil de investidor. O primeiro trimestre de 2022 deu ao mercado ressegurador brasileiro um crescimento de 10,3% no volume de prêmios cedidos pelas seguradoras em relação aos três primeiros meses de 2021.

Seguro Garantia – Com a nova regulamentação, o registro de produtos ficou mais rápido e a competição deixa de ser apenas por preço. Já sem as amarras regulatórias, o mercado segurador inicia os ajustes ao ambiente de flexibilização em vigor desde o ano passado.

Corretores – Embora cada vez mais o atendimento seja híbrido, com ajuda tecnológica, maioria dos clientes prefere comunicação direta para fechar negócio. As grandes e tradicionais corretoras de seguros aquelas que não nasceram digitais – estão ativas na digitalização dos seus serviços neste primeiro semestre de 2022, na comparação aos dois últimos anos de pandemia.

Risco Cibernético – Em 2021, o seguro de risco cibernético arrecadou R$ 103 milhões e as indenizações cresceram 135%, totalizando R$ 75 milhões. A impossibilidade de receber nota fiscal da despesa do almoço no restaurante Varanda, em São Paulo, por ataque hacker ao sistema da casa, reforçou para Thiago Tristão, vice-presidente de riscos corporativos da corretora MDS, o nível de pulverização da ameaça cibernética.

Seguro rural – O momento é delicado para a indústria desegurornral no Brasil.

Automóvel – Indenizações em alta e redução de unidades seguradas desafiam as companhias a evitar evasão de clientes com produtos mais baratos. As projeções cio mercado segurador são de um 2022 muito parecido com 2021 no ramo de automóveis.

Transporte – Cresce a procura por proteção, com as seguradoras sendo mais rígidas para evitar perdas diante do aumento de roubos de cargas. Mudanças no ambiente econômico, diminuição das restrições sanitárias e adoção de programas cada vez mais rígidos de gerenciamento de riscos para mitigar perdas estão proporcionando neste este ano receitas mais generosas ãs companhias seguradoras que atuam no segmento de transporte de cargas.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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