IPCA de 1,62% em março, maior taxa para o mês desde o Plano Real, e os juros nos EUA podem comprometer fim de ciclo de alta da Selic, avalia economista da CNseg

Pedro Simões acredita que o desejo do Banco Central em finalizar o ciclo de alta da taxa básica de juros parece cada vez menos factível

Em razão da greve dos servidores do Banco Central do Brasil, que comprometeu, pela segunda semana consecutiva, a divulgação do Relatório Focus, o boletim Acompanhamento das Expectativas Econômicas, produzido pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), traz nesta segunda-feira (11) uma análise da conjuntura com os indicadores divulgados na semana anterior. Um dos destaques foi o IPCA de março, divulgado na última sexta-feira. 

“O IPCA de março foi ruim tanto numérica quanto qualitativamente”, comenta Pedro Simões, economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg. Segundo ele, a variação de 1,62% foi a maior para um mês de março em 28 anos, levando o acumulado em 12 meses para 11,30%. “Os núcleos, que medem a tendência da inflação, continuam a acelerar e o índice de difusão, que mostra o percentual de itens em alta no mês, ficou em 76,13% em março, o mais alto desde fevereiro de 2016, mostrando que apesar das maiores altas estarem nos combustíveis e alimentos, a inflação está espalhada por diversos preços na economia. Nem o alívio nos preços de energia elétrica, com o fim da bandeira de escassez hídrica (antecipada para o dia 16/04), deve compensar completamente esses efeitos”, avalia. 

Simões também cita o desejo do Banco Central em finalizar o ciclo de alta da taxa básica de juros, com um último aumento de 1 ponto percentual, levando a Selic a 12,75% na reunião do início de maio. “Mas isso parece cada vez menos factível”, comenta Simões. A primeira razão é a expectativa de juros mais altos nos EUA, o que diminuiria o diferencial de juros que favorece os fluxos de capitais para o Brasil, ajudando no controle da inflação via apreciação cambial. 

A segunda razão é que, mesmo com o aumento da Selic nos últimos meses, as expectativas de inflação continuaram a se deteriorar em 2022 e 2023. “E a terceira é que uma breve na análise de relatórios de bancos e consultorias econômicas mostra que as expectativas para o IPCA este no já ultrapassaram os 7%, principalmente depois da divulgação do IPCA de março bastante acima do esperado”, resume. 

Leia a íntegra do boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas desta semana no portal da CNseg.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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