“Open health” e Metaverso no radar da seguradora SulAmérica

O modelo trará benefícios e oportunidades, mas também desafios de alta competitividade, afirma Alexandre Putini, diretor de Transformação Digital, Inovação e Advanced Analytics

Não é de hoje que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vem falando em seus encontros com empresários e com a imprensa que o governo estuda editar uma medida provisória ainda neste ano para criar um sistema de “open health”, nos moldes do open banking, open insurance e open finance, resultado da conclusão de todas as fases dos dois primeiros. O discurso tem sido o mesmo: dar maior transparência ao setor de saúde, atrair novas companhias e assim beneficiar o consumidor com o aumento da concorrência.

O blog Sonho Seguro conversou com Alexandre Putini, diretor de Transformação Digital, Inovação e Advanced Analytics da SulAmérica, para saber como anda este tema no setor de saúde suplementar. Leia abaixo:

Quais são as expectativas da operadora/FenaSaúde para o Open Health?

Pelo lado dos bancos, o Open Banking deu início a um maior empoderamento de decisão para o cliente em relação ao compartilhamento de dados e consumo de serviços. O modelo de negócios tem como objetivo propor inovações para o sistema financeiro e gerar concorrência saudável, melhorando, assim, a oferta de produtos e serviços. De forma similar, o Open Insurance vem também proporcionar facilidades e oportunidade de atuação decisória por parte dos clientes. Tanto na perspectiva dos bancos quanto na das seguradoras, os modelos requerem grandes mudanças tecnológicas e de interoperabilidade entre plataformas e sistemas, com garantias de padronização das trocas de informações e de posicionamento do cliente no centro das decisões.

Nesse contexto temos o Open Heath, que dentro universo de saúde, tem como principal destaque a padronização dos dados de registros eletrônicos e prontuários digitais dos pacientes, além da interoperabilidade entre beneficiários, médicos, laboratórios e hospitais. Isso trará grande evolução na experiência do cliente, facilitando avaliações, reduzindo a repetição de exames ou mesmo de pedidos desnecessários, assim como trará poder decisório sobre como e onde seguir com tratamentos ou obter, de forma mais fácil, outras opiniões sobre diagnósticos de doenças, por exemplo. Como consequência, o setor espera o uso consciente do sistema de saúde e, potencialmente, uma redução na inflação médica, crescente ano a ano.

Quais são os desafios e oportunidades que a SulAmérica vê em um mercado aberto de informações?

O modelo trará benefícios e oportunidades, mas também desafios de alta competitividade, o que pode ser positivo sob o ponto de vista de melhor oferta de produtos e serviços, agilidade no atendimento e experiência do cliente como diferencial nesse mercado. As marcas também deverão continuamente estar aderentes às leis de proteção de dados, garantindo segurança da informação e o fortalecimento da relação de confiança. Cyber security é uma das linhas de maior investimento das empresas digitais ou em processo de digitalização.

Certamente exigirá investimentos em tecnologia, pessoas e inovação. Tem uma cifra para divulgar?

É fato que os investimentos para a implementação do Open Health serão importantes, à luz do que foi e continua sendo realizado com o Open Banking e Open Insurance, mas ainda não é possível dimensionar.

Como isso mudará as relações da gestão da cadeia paciente, operadora, médicos e hospitais?

Podemos citar ao menos três principais mudanças na gestão da cadeia, a favor do sistema de saúde. A primeira é sobre o paciente, que poderá decidir onde ter seus produtos e serviços, como usá-los e, de posse de seus dados, fazer uso deles para mais de um médico ou hospital. A segunda é no sistema de saúde como um todo, envolvendo a gestão da cadeia e a diminuição dos altos custos e usos desnecessários de exames. A terceira e última mudança está na otimização e afinamento na relação entre operadoras, médicos e hospitais, no compartilhamento de informações com anuência dos clientes, conforme as regras e padrões de gestão sobre os dados e consumos, sempre alinhado aos órgãos reguladores.

A aposta é que a criação de uma plataforma única tende a aumentar os serviços oferecidos, o que pode elevar a concorrência, diluir custos e melhorar a oferta. Acreditam que há mais espaço para concorrência do que já existe hoje? Cite exemplos de novos produtos e serviços que podem surgir a partir do Open Health.

A tendência é que haja mais de uma plataforma de saúde, o que certamente fomentará uma maior concorrência. Nesse contexto, a tecnologia terá papel fundamental, provendo a interoperabilidade entre elas, o posicionamento do cliente no centro decisor, de fato dono de seus próprios dados de saúde, e a interação com toda a cadeia.

Em relação aos produtos e serviços, o Open Health proporcionará a criação de novas carteiras digitais, nas quais o cliente terá facilmente acesso às suas informações de saúde, exames e diagnósticos por meio do smartphone; outros produtos de internet das coisas também aparecerão para monitoramento preventivo, como dispositivos wearable, como smartwatches, que permitem o compartilhamento de dados de saúde e a realização de alertas, recomendações ou indicações de urgência da operadora, seguradora de saúde e/ou hospital; além de serviços adicionais, como descontos, principalmente, nas adjacências de saúde como farmácias, empresas de bem-estar ou até mesmo cashback por bom uso do sistema e cuidados com a saúde.

Metaverso é um tema no radar das operadoras? 

Na SulAmérica, estamos atentos a todos movimentos de inovação no mercado nacional e internacional. Aqui, temos nossa Garagem de Inovação para avaliações, prototipações e experimentos, antes de lançarmos um novo produto ou serviço. No caso do Metaverso não é diferente – esse novo universo virtual vai combinar experiências imersivas à realidades conhecidas, além de trazer novas experiências para as pessoas, mudando a forma como entendemos o mundo que vivemos atualmente.

O que já delineou em estudos sobre o tema?

Estamos em fase de estudos e entendimentos, mas vemos possibilidades de realizar encontros de negócios virtuais, experimentar digitalmente os produtos e serviços antes da aquisição ou até mesmo ter explicações médicas de forma digital, profunda e lúdica, permitindo melhor visualização e compreensão do diagnóstico. Enfim, esse pode ser o início de uma nova era da evolução digital, na qual as experiências podem se misturar de forma efetiva, sem distinção de quais serão as melhores ou ainda uma dualidade de possibilidades de “estarmos em mais de um lugar ao mesmo tempo”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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