Insurtechs prometem ofertas personalizadas para pequeno produtor

O Valor publica nesta sexta-feira, 12, especial Agronegócios. Nele, duas matérias de seguros. Uma conta que o seguro rural tem apresentado um grande desempenho em 2021. De janeiro a agosto, as vendas chegaram a R$ 6,2 bilhões, alta de 43% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg), com base nas estatísticas da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

“A experiência brasileira com PSR tem apenas 15 anos e países como EUA e Espanha levaram mais de quatro décadas para amadurecer e chegar na massificação que vemos hoje”, afirma Pedro Loyola, diretor do departamento de gestão de riscos do Ministério da Agricultura (Mapa). Segundo ele, em 2018, 11 empresas, entre seguradoras e resseguradoras, atuavam no mercado. Hoje são 15 e a expectativa é chegar a 18 em 2022.

“Quem recebe a indenização contrata novamente e recomenda aos amigos, pois o benefício de ter uma folga financeira para esperar o novo plantio é vital para a sustentabilidade do negócio”, diz Laura Emília Dias Neves, CEO da AgroBrasil Seguros, braço agrícola da Essor Seguros

De janeiro de 2019 até julho de 2021, as seguradoras habilitadas no PSR pagaram aos agricultores R$ 7,2 bilhões em indenizações. “Quem recebe a indenização contrata novamente e recomenda aos amigos, pois o benefício de ter uma folga financeira para esperar o novo plantio é vital para a sustentabilidade do negócio”, diz Laura Emília Dias Neves, CEO da AgroBrasil Seguros, braço agrícola da Essor Seguros.

A executiva pondera que os agrônomos são fundamentais no acompanhamento das normas no campo. “Preferimos conferir in loco e corrigir o que for necessário para que o produtor seja elegível ao seguro no momento da indenização”, afirma.

Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), afirma que mesmo sem o subsídio o produtor tem contratado o seguro, pois já sentiu o benefício de uma proteção financeira que dê fôlego para esperar o novo plantio após perder parte da colheita por variações climáticas. “A nossa luta está em aumentar o volume de subvenção do governo”, afirma ele, que é superintendente de produtos agro da Tokio Marine Seguradora, que atua com 80 culturas agrícolas.

A segunda matéria do Valor aborda insurtechs e tecnologia. Se depender do apetite das seguradoras pelo agronegócio, o número de agrotechs, startups de tecnologia voltadas para o agronegócio, deve crescer rapidamente em 2022. As insurtechs, startups focadas nos clientes das seguradoras, se unem às agrotechs para viabilizar até mesmo o complexo seguro rural de forma digital.

Entre as 21 insurtechs aprovadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para a segunda edição do sandbox – ambiente regulatório constituído com condições especiais para teste de produtos, serviços ou novas formas de prestar serviços tradicionais – três são dedicadas ao agronegócio: Modelo, Picsel e Inn Tech. Todas prometem usar a tecnologia para ofertar um preço personalizado ao produtor rural.

“Vislumbramos uma oportunidade de negócio que contemplasse os pilares ESG e uma possível solução para um problema que afeta o pequeno produtor brasileiro: a falta de oferta de proteção securitária para mais de 4 milhões de famílias, afirma Carlos Caputo, CEO da NEWE e da insurtech Modelo selecionada para o Sandbox da Susep

“Vislumbramos uma oportunidade de negócio que contemplasse os pilares ESG e uma possível solução para um problema que afeta o pequeno produtor brasileiro: a falta de oferta de proteção securitária para mais de 4 milhões de famílias. Apenas 10% desse universo conta com o Pró Agro e Pro Agro Mais”, conta Carlos Caputo, CEO da Newe Seguros e presidente da CBM, responsável pela Modelo, nome ainda provisório da insurtech incluída no sandbox.

A Picsel possui uma plataforma que permite contratar e monitorar remotamente as propriedades seguradas, antecipar as perdas e simplificar as vistorias de sinistros pelos peritos, explica Daniel Miquelluti, co-fundador e diretor operacional. “Temos como missão facilitar a contratação do seguro e desburocratizar o processo para o corretor e o produto rural.

Já a Inn Tech prevê iniciar a plataforma com soja e depois expandir para milho em julho de 2022. “O modelo vem sendo desenvolvido e testado por dois anos e, com as informações já coletadas, poderemos realizar vários ensaios com os perfis das áreas de risco e bonificar o produtor que adota boas práticas agrícolas”, conta o presidente Juarez Gonçalves Dias.

As insurtechs elegíveis para o sandbox fazem parte de um ecossistema que já conta com mais de 1,5 mil startups de tecnologia mapeadas pelo Radar Agtech Brasil 2020/2021. Dessas, 42 atuam na classificação “antes da fazenda” em finanças, em nichos como crédito, câmbio, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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