Fonte: Valor
Os benefícios do “open insurance” ao consumidor vão muito além da conveniência. O bolso dos clientes também deve sentir um impacto positivo do sistema de compartilhamento de dados de seguros. A economia pode alcançar até R$ 20 bilhões em cinco anos, se considerados apenas dois dos principais ramos, o auto e o vida, segundo estudo feito pela BMG Seguros, destaca o Valor, em matéria de Sérgio Tauhata.
Mas, se esse dinheiro vai permanecer com o consumidor, isso significa que o montante vai deixar de entrar no caixa das empresas. Até 2026, apenas no segmento auto, o open insurance pode ter como resultado direto a perda de receitas para as companhias de R$ 12,4 bilhões, no caso de um cenário com impacto concentrado nas seguradoras. Se o cenário afetar tanto seguradoras quanto corretoras, a conta pode chegar a R$ 13,5 bilhões.
No caso de impacto mais severo causado pelo novo ambiente, R$ 15 bilhões poderiam deixar de entrar nas contas de incumbentes e dos intermediários. A pequisa indica ainda a possibilidade de queda de arrecadação em prêmios na categoria vida. Na mesma base de avaliação, as perdas seriam de, respectivamente, R$ 2,9 bilhões, R$ 3,6 bilhões ou R$ 4,3 bilhões.
Ainda na matéria do Valor, a Siss terá função semelhante à do iniciador de pagamentos no setor financeiro, originando transações. “As corretoras e seguradoras passam a ser afetadas pela chegada das Siss, na medida em que as sociedades iniciadoras darão possibilidade de comparação e aumentarão a concorrência no mercado”, afirma o CEO da BMG Seguros, Jorge Sant’Anna. “Essas receitas, na verdade, deixam de entrar para seguradoras e corretoras e vão parar no bolso do cliente final. É um processo parecido com o que está acontecendo com o Pix [sistema de pagamentos instantâneo], que liberam os consumidores de pagar tarifas para transferência de valores.”
Na mesma reportagem, o presidente da CNSeg, Marcio Coriolano, tem cobrado publicamente da Susep a inclusão dos profissionais da camada de intermediação no projeto de open insurance. “Ainda não está claro, nem na consulta pública, qual é o papel da Siss”, pondera. “A nova figura vai ter função, segundo a minuta, de fazer pagamentos em nome do cliente. Talvez se esteja confundindo uma função bancária de pagamentos com uma função de distribuição de produto, que é do corretor”, avalia.
A reportagem afirma que esse novo ente do mercado tem causado polêmica. Representantes do setor têm manifestado dúvidas sobre o papel da Siss. Corretores, em particular, têm se sentido excluídos do processo e veem a nova figura trazida pelo open insurance como uma ameaça às atividades. A desconfiança dos profissionais em relação às intenções do regulador se escoram em um episódio do fim de 2019, quando a superintendência tentou desregulamentar a atividade. A medida acabou sendo revertida alguns meses mais tarde.