Luís Nagamine está de volta ao grupo AIG Seguros depois de 32 anos de sua primeira passagem pela companhia, em 1989. “Temos ótimas perspectivas. O grupo finalizou a reestruturação mundial e a companhia está preparada para este novo cenário de concorrência, de inovação e de crescimento com entregas sob medida para clientes, com rentabilidade para o acionista”, disse ele ao blog Sonho Seguro.
O executivo chegou em fevereiro para liderar a área de grandes riscos, ou Property & Casualty (P&C) do grupo norte americano para a América Latina e Caribe, reportando-se a Paride Della Rosa, CEO regional do grupo. Em sua carreira, passou por Munich Re, criou a corretora THB, foi Itaú Unibanco, que tinha a AIG, seguiu para a Chubb para coordenar a integração com a ACE, a maior aquisição no mundo até então. Finalizado o desafio, foi para a japonesa Mitsui Sumitomo e IRB Brasil Re, onde ficou até o início do ano.
O grupo nomeou oficialmente Peter S. Zaffino como CEO, sucedendo Brian Duperreault, que passou a ser presidente executivo do conselho, em 1º de março de 2021. No entanto, ele estava no cargo desde outubro, sendo o resultado do primeiro trimestre deste ano o primeiro sob sua gestão. Duperreault deixará o cargo de presidente executivo no final de 2021 e se tornará um funcionário não executivo. Ele também esteve envolvido no desenvolvimento da estratégia de longo prazo e do plano operacional da AIG.
Os prêmios brutos emitidos mundialmente pela AIG no primeiro trimestre de 2021 aumentaram 6%, para US$ 10,7 bilhões, no negócio de seguros gerais, impulsionados pela seguradora na América do Norte e linhas comerciais internacionais. A receita de subscrição chegou a US$ 73 milhões em seus negócios de seguros gerais no trimestre, em comparação com um prejuízo de US$ 87 milhões no ano anterior, quando registrou grandes perdas relacionadas à pandemia.
Na divulgação do balanço trimestral, Zaffino disse em teleconferência que “o trabalho de otimização continuará, mas vale a pena refletir sobre a magnitude do que realizamos nos últimos três anos, porque o primeiro trimestre de 2021 foi um ponto de inflexão importante para nossa equipe. Nosso foco girou da correção para impulsionar o crescimento lucrativo.” O lucro ajustado de US$ 1,05 por ação superou a estimativa média de 95 centavos de 16 analistas em uma pesquisa da Bloomberg.
Aqui no Brasil, a expectativa dos corretores e dos clientes é grande, diante do que chamam de “hard Market”. Ou seja, mercado mais difícil de se negociar, com redução de players e alta do preço do seguro pelas companhias globais numa tentativa de recuperar perdas registradas com a pandemia e também com catástrofes naturais. “O segmento de pessoa física sofreu mais na pandemia. O setor corporativo está indo bem e a AIG está mais preparada do que muitos concorrentes pelas ações implementadas nos últimos 3 anos. É uma fase importante para mim, pois a arrumação se foi e agora é aproveitar as oportunidades que a região oferece para os seguros corporativos, inclusive riscos ambientais”, afirma Nagamine.
Como o segmento de grandes riscos sob pressão de aumento de preço, muitas seguradoras reduziram a exposição de forma expressiva, assim como a AIG fez nos 3 últimos anos, concentrando-se nas operações mais rentáveis. “O período de estagnação dos riscos corporativos já passou. Estamos no lugar certo na hora certa”, comenta ele, já de olho numa nova rodada de investimentos que deve surgir no Brasil com o avanço da vacinação e algumas reformas que coloquem o Brasil num novo ciclo de crescimento.
Naganime comenta que os clientes pressionam corretores por melhorias, principalmente depois que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) publicou normativos que dão liberdade para seguradoras serem mais criativas na construção de um programa de seguros para grandes corporações, deixando de lado a mesmice até então praticada com base nas regras que padronizavam os contratos de uma forma geral no setor.
“Como AIG, já tínhamos a premissa de criar um clausulado especial para as apólices globais. Agora, com nossa atuação mundial e por estarmos ajustados para crescer, temos oportunidades de conquistar empresas que buscam proteção para riscos diferenciados como ambiental, cibernético, linhas financeiras em geral entre outros”, afirma. “Realmente vemos um bom momento para o Brasil e para a AIG nos próximos anos”.