IPO da Caixa Seguridade pode levantar até R$ 5,7 bi; empresa define faixa de preço das ações

A ideia da Caixa, dona da holding, é oferecer somente 15% do negócio, e ainda um lote adicional. Antes, cogitava-se 30%

Fonte: Agência Estado, por Aline Bronzati

A Caixa Seguridade, holding de seguros da Caixa Econômica Federal, definiu os preços indicativos para suas ações na abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) prevista para este mês. A faixa vai de R$ 9,33 a R$ 12,67 por ação. Se a oferta sair no topo do preço, a empresa pode levantar até R$ 5,7 bilhões.

O avanço do IPO da Caixa Seguridade ocorre a despeito do ambiente da maior aversão às estatais no Brasil diante de episódios de interferência do governo Bolsonaro em companhias como Petrobrás e Banco do Brasil. Nesse sentido, a estratégia da companhia, que vem monitorando o humor mercado de mercado, é vender uma fatia menor na oferta base.

A ideia da Caixa, dona da holding, é oferecer somente 15% do negócio, e ainda um lote adicional. Antes, cogitava-se 30%. Mais adiante, com a companhia já listada, o banco poderia fazer uma oferta secundária, o chamado follow on, no jargão do mercado, conforme antecipou o Estadão/Broadcast.

Momento de insegurança

Conforme mostrou o Estadão, várias empresas estão desistindo de abrir o capital neste momento, por conta do avanço da covid-19 e também do aumento dos ruídos políticos, que acabam atrapalhando a economia. Neste ano, 18 empresas já anunciaram que vão adiar seu IPO.

Enquanto se preparava para abrir capital, a Caixa Seguridade conseguiu entregar tudo o que prometeu aos investidores no passado, o que pode ajudar a conter o cenário mais adverso para estatais no Brasil. Na última quarta-feira, anunciou a conclusão da implementação de mais duas parcerias. Uma com a já sócia francesa CNP Assurances, na área de consórcios, e outra com a brasileira Icatu, em capitalização.

O movimento encerra um processo de reestruturação da operação de seguros da Caixa que rendeu R$ 10 bilhões ao banco público a partir da venda da exclusividade de seu balcão a companhias nacionais e estrangeiras. Além de cinco joint ventures com seguradoras, estruturou uma corretora de seguros 100% própria, que é parte importante na receita de seguros para bancos, e também selou parceria com outras três corretoras para turbinar a distribuição de apólices Brasil afora.

A leitura na Caixa é a de que retomar a conversa com os investidores para o IPO, com toda a lição de casa feita pode render frutos, ainda que pese um cenário mais adverso para estatais no Brasil. Isso porque a operacionalização das parcerias prometidas mitiga os riscos de não-execução, afirma uma fonte, que prefere não ser identificada. O próprio presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já disse não ver motivos para aversão de investidores a estatais.

Além de vender uma fatia menor na bolsa — a orientação da Caixa é desovar o “mínimo possível”, afirma outra fonte, o banco também quer lotar a operação com ordens do varejo, aproveitando o crescimento no número de investidores na Bolsa diante do cenário de juros baixos. O objetivo é distribuir, ao menos, 50% do seu IPO para investidores pessoas físicas. Também deverá contar com uma ajuda dos funcionários da instituição, que poderão comprar ações, fora o segmento private, aqueles dos mais ricos.

Valor de mercado

No passado, a oferta da Caixa Seguridade era estimada em R$ 15 bilhões, e o objetivo do banco público era avaliá-la entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões. Agora, esse deve ser o patamar a ser alcançado nos próximos anos, após ser listada em Bolsa, equiparando-se, assim à BB Seguridade, que vale R$ 49,5 bilhões na B3.

O IPO da Caixa Seguridade foi paralisado em meio à pandemia e retomado este ano. Em sua nova tentativa de se listar na Bolsa, a companhia protocolou o pedido junto à CVM no início de março. A operação está sendo estruturada pela própria Caixa, ao lado de Morgan Stanley, Bank of America, Itaú BBA, Credit Suisse e UBS BB. O Banco do Brasil também está na operação e será responsável por incrementar a oferta junto ao varejo, ao lado da Caixa.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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