Para o economista Pedro Simões, do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, a Confederação Nacional das Seguradoras, são grandes as chances de que o PIB do 1º trimestre volte ao terreno negativo. “A confiança de empresários e consumidores está menor do que no final do ano passado, dadas as dificuldades do início deste ano, com a retirada dos estímulos como o auxílio emergencial, o recrudescimento da pandemia da Covid-19 e o ainda lento ritmo de vacinação da população”, comenta.
Segundo ele, a redução na mediana da projeção para o crescimento do PIB em 2021 de 3,29% para 3,26% no relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 8, é negativa, mas pode ser revertida nas próximas semanas, ainda que não haja razões para acreditar em um crescimento muito superior àquele garantido pelo carregamento. “A queda do PIB em 2020, de 4,1%, divulgada na semana passada, foi a maior da série histórica, mas um pouco mais suave que o esperado. Todos os setores apresentaram contração, exceto a Agropecuária, um dos fatores que explica o bom desempenho do seguro rural no ano passado” destaca. “O carregamento de 2020 para 2021 ficou em 3,6%. Isto é, se não houver crescimento em nenhum trimestre este ano, ainda assim, por conta do efeito do cálculo que utiliza a média anual do PIB, a economia cresceria 3,6% este ano” explica. Para 2022, também houve redução na projeção para o PIB, de 2,50% para 2,48%.
Apesar do cenário, há espaço para otimismo na análise da CNseg. “Apesar dessas revisões negativas, é possível pensar em um cenário um pouco mais otimista, em que o crescimento volte a ganhar tração no segundo semestre, mas isso vai depender das decisões que os agentes públicos tomarem agora, principalmente se não abandonarmos a responsabilidade fiscal e nos esforçarmos para vacinar a população, como temos visto em outros países”, comentou. Em Israel, por exemplo, que já vacinou 50% da população, o dia a dia do país começa a voltar à normalidade, o que certamente beneficiará a economia. No Brasil, o governo do Estado de São Paulo informou que as mortes por Covid de idosos acima 90 anos, faixa já vacinada, caíram 70%, segundo noticiou o jornal O Globo. “Mesmo com a agenda de vacinação atrasada, o tom mais urgente do governo e do Congresso em resolver as pendências e acelerar o programa de vacinas ganha tração deve aumentar a confiança dos empresários em que a economia volte a ser recuperar”, acredita Simões.
Leia a íntegra do boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas semanal feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg, no portal.
