Artigo: A modernização do mercado segurador brasileiro de grandes riscos

por Javier Duran, diretor da Carpenter Marsh Fac Brasil  

O projeto da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que visa desregulamentar o mercado de seguros e resseguros, é um passo importante para modernizar o setor. A Consulta Pública nº 18/2020 de Grandes Riscos é um marco que trará uma maior flexibilidade na elaboração de clausulados mais personalizados, simplificados e auxiliará na comercialização de novos produtos. 

Mesmo após a queda do monopólio do resseguro, o mercado ainda não se desenvolveu da maneira que muitos esperavam. Ele continua sendo altamente regulado, o que por um lado traz aspectos positivos no controle e padronização de processos nas operações, mas, por outro lado, limita a atuação de importantes protagonistas para implementar novas soluções. 

Esta notícia é muito positiva e por sua vez traz desafios ao setor, que até o momento não está familiarizado com essa dinâmica. O conhecimento do perfil individual de cada cliente, a especialização por produto e indústria se tornarão cada vez mais importantes, fazendo com que as soluções deixem de estar amarradas a padrões anteriormente impostos.

Com a desregulamentação e modernização do setor, grandes corretores e seguradores/resseguradores internacionais poderão trazer novos clausulados. Além disso, terão oportunidade para contratar proteções mais inteligentes, unificando apólices em um único contrato, permitindo que a linguagem da cobertura seja mais clara e eliminando zonas cinzentas em função da pluralidade de apólices que garantem momentos interligados de determinado risco. Esse novo momento estimulará empresas a buscar novos produtos como ferramenta de proteção e transferência de seus ativos. 

A criatividade de clientes, corretores e seguradores/resseguradores demandarão uma atenção especial para que todos tenham a correta compreensão da extensão das coberturas que estarão amparadas nestes novos clausulados e, consequentemente, a precificação que será utilizada para estes novos riscos. É importante ter disciplina no momento da oferta de novas coberturas e produtos para que se evite surpresas desnecessárias, que podem acarretar futuras escassez de oferta, como ocorre no atual cenário de hard market (preços elevados e oferta de capacidade mais restrita).

Vivemos em um mundo em constantes mudanças, com novas exposições e perfil de empresas. Esta medida possibilitará ao setor de seguros apresentar respostas mais rápidas e customizadas para as empresas, fazendo com que este se torne cada vez mais uma ferramenta presente nas soluções estratégicas de gestão das empresas.

A Consulta Pública nº 18/2020 é um marco e a autarquia vem se baseando nas experiências regulatórias do mercado de seguros de grandes riscos em países mais desenvolvidos. Entende-se por grandes riscos as modalidades de seguros de Risco de petróleo; Riscos nomeados e operacionais; Riscos Aeronáuticos (Hull & Liability) – não englobando seguro Reta que é obrigatório por força de lei; Riscos Nucleares; Riscos de D&O; Seguro global de bancos; Stop loss – visando proteger perdas associadas; e Operador portuário.

Para os demais ramos (engenharia, marine/transportes, seguro garantia, entre outros), em caso de Pessoa Jurídica, incluindo Tomadores, a norma inclui na alínea “a”, do Inciso II, do art. 2º, critérios quantitativos como Riscos cujo Limite máximo de garantia (LMG) for superior a BRL 20m; Ativo total da empresa segurada, (incluindo tomadores), superior a BRL 27m; ou Faturamento bruto anual superior a BRL 57m.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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