Eleição presidencial aumenta nível de incerteza na economia americana

Recuperação econômica dos EUA caminha para desaceleração, afirma Euler Hermes

Fonte: Euler Hermes

Nos meses após o fim dos bloqueios causados pela Covid-19, algumas economias se recuperaram mais rápido do que outras e a dos Estados Unidos foi uma delas, principalmente por terem adotado medidas de restrição menos rigorosas do que a Europa.

O estímulo econômico americano de USD 2.2 trilhões e injeções de liquidez pelo Fed foram muito maiores se comparados com o restante do mundo, porém, segundo o chefe de macroeconomia da Euler Hermes, Alexis Garatti, o ritmo de recuperação deve desacelerar, conforme a economia do país enfrenta um alto nível de incertezas por conta das eleições presidenciais, que se iniciaram nesta terça-feira (3) com recorde de participação em todo o país.

O economista explica que as casas de apostas sugerem que a corrida eleitoral entre Donald Trump e Joe Biden será apertada e que essa “batalha” poderia até mesmo causar uma disputa judicial, o que significaria meses de instabilidade econômica.

“Escolher entre dois candidatos significará, principalmente, escolher entre um governo federal maior ou menor. A plataforma econômica de Joe Biden pretende ser mais redistributiva, o que pode significar um aumento líquido de USD 3,7 trilhões em impostos ao longo da década, afetando principalmente aqueles que possuem maior renda”, afirma Garatti.

No vídeo publicado na última semana pela seguradora de crédito, o economista afirma que também é orientado para o tamanho da demanda: uma vitória de Biden poderia aumentar os gastos públicos em USD 6,4 trilhões até 2030, com grandes programas de investimento em infraestrutura, assistência médica, meio ambiente e educação.

Por outro lado, as propostas de governo do atual presidente Donald Trump são mais orientadas pelo lado da oferta, incluindo USD 3 trilhões de cortes de gastos líquidos até 2030, além de um corte de taxas de USD 1,4 trilhões. Trump espera que essa política apoie o crescimento e reduza a dívida pública mecanicamente.

Consequências a curto e longo prazo

“Nós calculamos que a plataforma de Biden pode resultar em 1pp extra no crescimento econômico real americano em 2021. Em comparação, uma vitória de Trump iria sustentar um crescimento econômico real de 0.9pp no próximo ano”, afirma Garatti.

No entanto, o economista acredita que as diferenças em termos de crescimento podem ser mais visíveis apenas em 2022 e 2023, favorecendo o programa de governo de Biden. Já no longo prazo, Garatti afirma que “a dívida pública deve ser a verdadeira ganhadora desta eleição, pois deve alcançar 159% do PIB real até 2030 e acima de 137% em 2020. Isso certamente irá prejudicar o potencial de crescimento econômico dos Estados Unidos, diminuindo para 1,4% na melhor das hipóteses, versus 2% atuais”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS