Consultoria Partenariat comemora a classificação de duas clientes no sandbox da Susep

“Continuaremos a vivenciar transformações que serão um celeiro de oportunidade para empresas e profissionais mais ágeis e antenados”, diz Michel Dubernet

O consultor Michel Dubernet, que já foi CEO da Cardif na América Latina e vice-presidente da Axa, foi um dos responsáveis pela classificação de duas das 11 insurtechs que participaram do programa de sandbox da Superintendência de Seguros Privados (Susep). “Ficamos muito felizes que duas das nossas clientes foram selecionadas”, comemora.

Há dois anos ele abriu uma consultoria especializada em seguros chamada Partenariat, que significa parceria em francês, e assessorou a 88io e a Emotion Seguros. Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Dubernet ao blog Sonho Seguro.

Qual o trabalho da consultoria neste processo do sandbox da Susep?

Estruturamos e elaboramos toda a documentação requerida pela Susep no edital de participação do projeto Sandbox. Para conseguir a aprovação, construímos junto com os empreendedores o plano de negócios, contendo detalhes do funcionamento da futura seguradora, desde objetivos estratégicos, entendimento do mercado, missão e visão, tecnologia e panorama operacional, incluindo arquitetura, segurança e prova de conceito, passando por plano de negócios, governança e execução do projeto.

Qual o escopo de atuação da consultoria?

A Partenariat é formada por oito executivos com longa trajetória nos setores de seguros, resseguros e corretagem em Latam e na Europa, mas principalmente no Brasil. Em 2018 resolvemos empreender juntos e nos unimos para fornecer as melhores soluções de negócios, produtos e tecnologia nesses domínios. Acreditamos no poder transformador de parcerias genuínas que são ganha-ganha, por isso o nome Partenariat, que significa parceria em francês. E o que foi interessante é que o Projeto Sandbox nos proporcionou trabalhar em todas as dimensões de nossa especialidade, e de maneira simultânea, nos dois projetos, que foram bastante distintos entre si.

Em que áreas atuam?

Hoje atuamos com 5 serviços principais para criar valor aos nossos clientes, aportar nossa experiência no mercado e contribuir com a evolução da indústria dos seguros, como acesso ao mercado, construção da organização, capital humano e desenvolvimento de talento, criação de produtos e serviços e também governança, risco e conformidade.

Como vê o futuro do mercado de seguros no médio prazo?

O potencial de crescimento do mercado brasileiro é altíssimo, mas isso já virou um clichê. Acreditamos que a concretização deste potencial está intimamente ligada as novas tecnologias e as novas formas de distribuição, contratação e prestação de serviços. E também de novos produtos, numa operação fluida em meio a um mar de dados e informações. Mas tudo tem de estar em linha com as necessidades atuais do consumidor contemporâneo, digital e dinâmico como nunca antes, que ainda precisam ser completamente entendidas e experimentadas pela indústria. E como já vimos em diversos setores, a inovação de verdade não acostuma vir das grandes empresas estabelecidas, que precisam sempre correr para não ficar para trás. Pois a inovação verdadeiramente radical vem das start-ups entrantes, que tem outro ritmo e não tem o legado das grandes. Por isto muito louvável a iniciativa posta em prática pela Susep de facilitar a incursão destas empresas no mercado, mas sem deixar de lado a garantia de proteção ao consumidor.

Quais as principais mudanças que serão vitais para retomar a produção em 2021?

O arrefecimento da atual pandemia e a consequente recuperação econômica talvez sejam capazes por si só de propiciar a retomada dos patamares de produção pré COVID-19. Porem não será uma recomposição idêntica a situação de antes: as empresas que aproveitaram para rever suas estratégias, produtos e processos, sempre em linha com a necessidade do cliente, saberão aproveitar melhor as oportunidades propiciadas pelo rearranjo econômico e de hábitos na sociedade. Os setores que vem apresentando forte crescimento, acima dos 9% do mercado, como Saúde e Odonto, que cresceram cerca de 12% em 2019 com relação a 2018, foram fortemente impactados porque são típicos da economia formal, mas devem recuperar a toada de crescimento, com a retomada econômica. Eles representam cerca de 44% do total do mercado.

E os seguros de afinidade?

Os seguros de afinidade (cerca de 5% do mercado), que também tiveram forte crescimento recente (mais de 20%), tendem a continuar se expandindo, agora mais por meio digital, no e-commerce e através dos bancos digitais e Fintechs.

Acredita que o crescimento do setor está atrelado ao da economia?

Não é somente a retomada econômica que pode impulsionar o mercado ou o seguro garantia de obras de infraestrutura. Temos as novas regulamentações, como a lei anticorrupção e os desdobramentos da Lava Jato que já impulsionaram os seguros de responsabilidade civil de administradores (D&O e E&O). Temos o aceite do seguro como substituto de depósitos judiciais que impulsionaram esta modalidade de seguro garantia. Agora temos a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que está estimulando os seguros cibernéticos. Temos outras iniciativas, como os seguros intermitentes em ramos tradicionais como auto e acidentes pessoais, a contratação digital que diminui ou mesmo elimina os custos de intermediação, bem como o uso intensivo da tecnologia, com o potencial de redução das despesas administrativas. É certo que podem ser obstáculos ao crescimento da produção, pois são seguros mais baratos. Mas trarão certamente maior eficiência na alocação de capital e geração de bem-estar econômico a coletividade dos segurados. Continuaremos a vivenciar transformações que serão um celeiro de oportunidade para empresas e profissionais mais ágeis e antenados.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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