Com autofalência, Aplub suspende pagamentos de 6 mil beneficiários em setembro

Fonte: Jornal do Comercio

autofalência da Aplub Prev, a sigla como é mais conhecida a Associação dos Profissionais Liberais Universitários do Brasil, decretada pela Justiça terá como primeiro efeito imediato a suspensão dos pagamentos a 6 mil beneficiários do plano de previdência complementar. Já o braço de capitalização do grupo não foi atingido e tem operação normal.

Os depósitos totais de R$ 4 milhões deveriam ser feitos no dia 25, mas não ocorrerão, confirma o escritório Scalzilli Althaus, contratado pelo interventor nomeado para a Aplub Prev pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Os valores variam de R$ 50,00 a R$ 3 mil, mas há benefícios maiores. Além disso, os valores que outros 10 mil contribuintes atuais têm direito também passam a depender dos próximos passos da falência.Os 16 mil integrantes do plano terão direito a valores de contas bancárias e à receita de leilões de ativos, mas estarão na terceira posição entre os credores, atrás de passivos trabalhistas e com tributos. “

A Aplub Prev pagava 6 mil pessoas com valores mensais, que a partir de agora não receberão mais, mas terão seus direitos resguardados na falência”, garante a advogada Gabriele Chimelo, sócia do Scalzilli Althaus. A intervenção, considerada a maior em andamento no País, foi em fim de 2015. Em agosto de 2018, foi decretada a liquidação extrajudicial da companhia pela Susep. Gabriele lembra que a instituição nunca havia atrasado o pagando dos beneficiários.

“Sempre honrou em dia. A notícia é triste para os gaúchos! Afinal, estamos tratando de uma das empresas mais queridas e participativas na comunidade”, comenta a sócia do Scalzilli Althaus. A marca chegou a ser estampada na camisa do Inter como uma das patrocinadoras do Colorado. A Aplub foi criada há 56 anos.

O administrador Dani Giacomini já foi nomeado pela Justiça para cuidar dos procedimentos pós-falência. Sua tarefa será fazer a arrecadação dos bens da associação para levar à leilão. Os ativos serão a fonte para liquidar dívidas, que são admitidas em mais de R$ 700 milhões, com a maior cifra formada pelos valores de contribuintes e beneficiários.

A Aplub Prev é credora em ações judiciais avaliadas em R$ 200 milhões.Gabriele esclarece que a análise feita durante a intervenção apontou prejuízo mensal de R$ 4 milhões. Os ativos são avaliados em R$ 300 milhões. Para quitar todos os credores, a previdência precisará de quase R$ 400 milhões a mais, lembrou. A autofalência foi pedida no começo da semana passada na Vara de Direito Empresarial, Recuperação de Empresas e Falências da Comarca de Porto Alegre.

A solicitação foi atendida em menos de 24 horas. A partir de agora, será feita também a perícia contábil, a verificação dos motivos da quebra da associação e a apuração dos responsáveis, que podem gerar processos na área cível e criminal.A Aplub já teve 30 mil associados e 120 empregados, além de distribuidores e corretores em todo o País. Hoje restaram apenas 17 funcionários.O escritório explicou que a tentativa de vender ativos para pagar devedores não deu certo nos últimos anos. Por isso, a saída foi pedir a decretação da autofalência. “Tivemos de estancar essa sangria o quanto antes ou os danos seriam ainda maiores”, justificou a advogada.

A Aplub tem ativos em Porto Alegre – como a sede na avenida Júlio de Castilhos – avaliada em R$ 22 milhões -, em Caxias do Sul e em outros estados. “É muito difícil precificar todos os bens, pois muitos estão desativados há anos e em estado péssimo”, adiantou Gabriele.A associação tem ainda R$ 150 milhões em aplicações financeiras que compõem o ativo total. Este valor será usado, junto com a renda da venda de imóveis, no pagamento dos débitos.

Os recursos nos bancos já podem ser destinados ao pagamento do passivo trabalhista – no limite de 150 salários mínimos por credor. O que sobrar será usado para pagar tributos e parte dos valores dos contribuintes e beneficiários.”A intenção é vender ativos e fazer de forma muito ágil um quadro de credores e rateio de valores”, projeta a sócia do Scalzilli Althaus. Nos últimos anos, a Aplub recebeu ofertas de compra por sua carteira de ativos, mas os interessados não mostraram consistência nas propostas de pagamento.

O negócio, apontado como a fonte das dificuldades que levaram à liquidação, foi um acordo acertado em 2013 para transferir o controle da empresa gaúcha à seguradora Capemisa, com sede no Rio de Janeiro. A transação foi desfeita pela Susep.A associação acionou a Capemisa na Justiça, alegando que a seguradora realizou “manobras administrativas e financeiras para apropriar-se de produtos e receita da Aplub”, segundo informação no site do Tribunal de Justiça do RS (TJ-RS). 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

1 COMENTÁRIO

  1. Duvido que administradores incompetentes, gestores corruptos, tanto da APLUB quanto da SUSEP serão si quer identificados, quanto mais responsabilizados criminalmente. O Direito e não a Justiça é a salvaguarda dos poderosos.

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