Mercado automotivo global deve apresentar queda de mais de 10% em 2020

Economistas da Euler Hermes avaliam os impactos do Covid-19 na indústria

Fonte: Euler

Um novo relatório divulgado pelo time de economistas da Euler Hermes, líder mundial em seguro de crédito e especialista em seguro garantia, aponta os principais setores que correm maior risco de serem afetados pela pandemia do Coronavírus em 2020, sendo o setor automotivo um dos mais impactados.

Desde o início do surto de Covid-19, os setores globais enfrentam crescentes desafios. A primeira rodada de impactos chegou por meio de medidas drásticas de contenção da China, que fecharam várias grandes cidades, provocando um congelamento na produção, varejo e atividades comerciais no país. Agora, com grandes áreas da economia global sob bloqueio, especialmente na Europa e na América do Norte, o consumo local sofreu um forte golpe, além da produção e do comércio.

Para o primeiro trimestre de 2020, a seguradora registrou um nível recorde de 126 rebaixamentos na classificação de risco do setor, o mais alto desde o início do monitoramento em 2012. Todos esses rebaixamentos são causados pelos impactos do Covid-19, diretos ou indiretamente.

Setor automotivo: grandes desafios

Segundo as análises, o mercado automotivo global deve enfrentar uma grande queda de -10% em 2020 (depois de -4% em 2019), pois está altamente exposto à China, que é o maior mercado automotivo do mundo e centro de produção de automóveis. Representa aproximadamente 30% do total, com mais de 25 milhões de veículos novos por ano, portanto a queda nas vendas por conta das medidas de contenção deverá ser massiva no primeiro trimestre: fevereiro registrou uma queda de 80% a / a, após uma queda de dois dígitos em janeiro.

O impacto é significativo em primeiro lugar para varejistas e atacadistas locais e segue dois anos consecutivos de queda no volume de novos registros. Segundo o relatório, os próximos mais impactados são as montadoras domésticas, principalmente as mais frágeis que operam no segmento de EV (veículos elétricos). No entanto, o impacto também é significativo para as montadoras globais, uma vez que a maioria fabrica os veículos vendidos na China localmente com parceiros domésticos por meio de joint ventures.

Além disso, o lado da oferta é atingido com força porque Wuhan, o epicentro do surto do Covid-19, não representa apenas 10% dos veículos fabricados no país, mas também reúne centenas de fornecedores de peças de carros, que atendem a operadores locais e exportar para o resto do mundo. De fato, estes últimos representam a maioria das exportações chinesas da indústria automotiva. O fechamento prolongado de fábricas está aumentando o risco de escassez e interrupções na cadeia de suprimentos em nível global.

O setor automotivo registrou uma queda notável de sua capitalização de mercado, com um declínio superior a -15% para montadoras e -20% para fornecedores automotivos, durante as seis semanas seguintes ao início do surto. O choque relacionado ao Covid-19 é um importante avanço adicional para o setor, que já foi – e continua sendo – desafiado pelo declínio dos principais mercados e pela necessidade de investimentos maciços em veículos elétricos, carros conectados e serviços de mobilidade.

Por fim, o relatório analisa que a disseminação do Covid-19 fora da China, com bloqueios nos mesmos moldes chineses na Europa e nos EUA, é uma grande ameaça, primeiro porque representam o segundo e o terceiro maiores mercados (com uma participação de 23% e 19%, respectivamente) e centros de produção (24% e 12%, respectivamente) – ou seja, 2/3 do mercado global, juntamente com a China.

O choque na demanda excederá o esperado no nível macro, uma vez que a compra de um carro é um bem durável típico que os consumidores adiariam a compra, concentrando-se em produtos “necessários”. Além disso, os especialistas da Euler Hermes, apontam ainda que a queda do mercado em 2020 pode chegar a -15% e possivelmente atingindo –25% em caso de crise prolongada. De fato, as indústrias automotivas estão reagindo forte e negativamente às recessões econômicas – e muitas vezes forçando as autoridades a implementar medidas de apoio para limitar o impacto social.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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