Marcelo Blay, fundador da Minuto Seguros, lança movimento #recontrate

Depois de ser inspiração para empresários que demitiam durante a crise de 2018 e 2019, ao contratar e expandir a equipe de talentos da corretora de Minuto Seguros, o sócio fundador de uma das principais insurtechs do Brasil lança o movimento #recontrate. “Tivemos perda de receita na venda de novos seguros em 70%”, disse Marcelo Blay ao blog Sonho Seguro, sem mencionar a quantidade de pessoas desligadas nestes pouco mais de 30 dias de isolamento social imposto pelo governo para conter a disseminação do Covid-19, que matou 2.378 pessoas até o dia 18 de abril, 37,4 mil contaminados e 14 mil recuperados.

Veja abaixo a entrevista concedida via WhatsApp:

O que significa o movimento #recontrate?

Inspirado e sensibilizado pela dura realidade, resolvi criar um movimento. Ele se chama #recontrate. É claro que esta crise irá além do fim de maio. Certamente deixará sequelas por muito mais tempo do que queremos imaginar. Meses? Anos? Inúmeras empresas dos mais variados portes tiveram que fazer demissões e muitas outras ainda terão que fazê-las. Não dá para tapar o sol com a peneira e não adianta ser romântico ou ingênuo. O vírus não é. O vírus não veio com prazo de validade, pelo contrário.
Uma quantidade gigantesca de pessoas está sendo demitida sem ter feito nada de errado. São vítimas dessa desgraça. Isso é muito doloroso. Isso é muito, muito triste.

Qual o apelo de compromisso dos empresários com este movimento?

Vamos nos comprometer a fazer tudo que der para trazê-las de volta, primeiramente tentando manter nossos negócios vivos para superar esse momento para depois recontratar a maior quantidade possível. São profissionais que conhecem nossas empresas, que vestiram a camisa, que estão treinados. São as melhores pessoas para ajudar a reconstruir o que foi devastado. Esse movimento não tem data de expiração. A empresa não precisa ter demitido para apoiar o conceito. Não há nenhum compromisso envolvido.

O que inspirou a lançar o #recontrate?

Minha ideia com o movimento é levar a reflexão sobre o “day after”. O #nãodemita é para o dia de hoje. Portanto, me pareceu mais sensato criar o movimento #recontrate, que nada mais é que um movimento de conscientização. É só um conceito, uma sugestão. O movimento serve para criar a lembrança mental na hora que as empresas forem recontratar, para lembrar quem deu o sangue, vestiu a camisa, conhece a empresa, está treinado. Quanto a demitir agora, a pessoa receberá sua indenização e depois o seguro desemprego. Oxalá possa se manter até a situação melhorar. Tento me manter otimista, mas adoto como mantra aquele ditado “Hope for the best, but be prepared for the worst”.


O que achou do movimento #naodemita?

Adoro a ideia do #nãodemita”. Mas a proposta do grupo é não demitir por 2 meses apenas. Essa crise vai além, todos sabem disso. Fora isso, a proposta coloca uma série de situações onde é possível demitir. Algumas com as quais até concordo (justa causa), mas defender o turnover nesse momento e por 2 meses apenas me parece pouco pelo contexto. Sem querer parecer deselegante, falar em não demitir para empresas de grande porte com sobra de caixa e reservas é uma coisa. Outra é a realidade das pequenas e médias empresas do Brasil, que são o grande contingente empregador, tanto como nos EUA. Já li que o governo americano vai dar, isso mesmo, dar dinheiro para as pequenas e médias empresas honrarem os salários, sem exigir pagamento de volta.

Não teria como segurar todos os funcionários ou reduzir salários acreditando numa volta a partir de julho? O custo da demissão não é maior do que isso? Qual o cenário que te guia como gestor hoje?

Traçamos diversos cenários tomando como base a duração do lockdown e diferentes velocidades de retomada de receita, levando em conta o custo das demissões. Fizemos as devidas simulações e criamos nosso plano de ação. É uma escolha de Sofia. O risco de protelar decisões pode levar ao conceito de Espiral da Morte (Death Spiral) termo criado pelo fundo Sequoia (um dos mais conceituados fundos de Private Equity), que já passou por muitas crises. Em suma, ao postergar algumas decisões como desligamentos entre inúmeras outras, você coloca em risco os demais empregos, pois poderá ter que fechar a empresa. Em crises como essa, esse tipo de situação pode ser atingida em poucos meses.

Este ajuste de despesa/receita foi imposto pelos fundos que aportaram recursos na Minuto?

Não foi algo imposto pelos nossos sócios investidores, mas sim aprovado em reunião de sócios.

Está prevendo a queda de renda das pessoas e consequente te corte do seguro?

No começo da crise ouvíamos economistas e gestores de fundos de investimento falando numa retomada rápida, conhecida como retomada em “V”. Esse discurso veio mudando a partir da semana passada. Já se espera uma grande recessão. Portanto, perda de renda é esperada. Por outro lado, há uma linha de pensamento que prega o “consumo vingativo” (revenge consumption), que é uma forma das pessoas se darem um “presente” por ter aguentado tamanha privação. Muito difícil prever, ainda mais o impacto no mercado de seguros. Imagino que haverá uma conscientização do empresariado sobre a grande importância dos seguros de vida, saúde e de riscos patrimoniais, até então menosprezados. São instrumentos essenciais para passar por momentos como esse.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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