Isso significa uma perda de cerca de R$ 8 bilhões em valor de mercado em relação ao fechamento de terça-feira. Se considerarmos o ano, lá se foram R$ 18 bilhões
Triste mês para o IRB Brasil Re, que vinha há mais de um ano como a ação preferida de diversos analistas. Nao so por perder valor de mercado, como levantar muitos questionamentos sobre governança corporativa. As recomendações de compra do papel por bancos de peso, como BTG, Credit Suisse, Brasil Plural levavam em consideração o potencial do mercado de resseguros, mesmo sem perspectivas de investimentos em grandes projetos no Brasil, que é onde atua um ressegurador. Mesmo no exterior, o mar não está para peixe pequeno.
Os analistas também desconsideravam um importante indicador: a rentabilidade muito maior em comparação com seus concorrentes, que foi o pulo do gato para a gestora Squadra montar uma posição contra a valorização do IRB e assim ganhar quando a ação caísse. A posição vencia no dia 17 de fevereiro, mas foi renovada. E agora deve gerar lucro para a Squadra. E perda para boa parte dos funcionários do IRB que compraram acoes no IPO, em 2017.
Nesta quarta-feira, os papeis chegaram a despencar mais de 40%, diante de comunicado da Berkshire Hathaway afirmar que não é acionista da resseguradora brasileira e nem pretende ser. A queda foi atenuada quase no final do pregão, para recuo de 32%, a R$ 18,98, depois ter de atingido a mínima de R$ 16,31. Isso significa uma perda de cerca de R$ 8 bilhões em valor de mercado em relação ao fechamento de terça-feira. Se considerarmos o ano, lá se foram R$ 18 bilhões.
O conselho do IRB esteve reunido durante todo o dia, presidido pelo presidente da Caixa. É dada como certa a saída do CEO Jose Cardoso e do CFO Fernando Passos. O nome mais comentado para assumir como CFO é do diretor de finanças da BB Seguridade, Werner Suffert, que era membro efeito do conselho do IRB até o final de fevereiro, quando renunciou.
Cardoso assumiu o IRB em 2017, indicado pelos sócios Itaú, com 11,1%, e Bradesco, com 15,2%, por ser considerado um executivo que agregaria mais valor para o momento do IPO. Ele já tinha presidido o IRB anteriormente, substituindo Leonardo Paixão. Mas foi recolocado como vice-presidente, para que Tarcísio Godoy, que foi por pouco tempo secretário-executivo do Ministério da Fazenda e presidente de uma das seguradoras da Bradesco, assumisse.
No twitter, o assunto está em alta. Segundo operadores, se o valor da ação dobrasse desde o IPO até 2021, o trio presidente, CDO e risco Officer levaria R$ 62 milhões no Programa Superação, segundo postou o gestor Pedro Cerize. “Bônus tem que ser atrelado a resultados da empresa se não os executivos ficam determinados em fazer o valor das ações aumentar a qualquer preço”, citou uma fonte que pediu anonimato.
Certamente, caso realmente entrem novos gestores, haverá uma varredura para os dados financeiros não sejam mais questionados. Certamente esse assunto permanecerá na pauta dos investidores e dos jornalistas por mais um tempo.