A avaliação da Secretaria de Política Econômica e Superintendência de Seguros Privados é de que o modelo é ineficiente e o preço atual insustentável
Fonte: Ministério da Economia
O Governo Federal editou, em 11 de novembro de 2019, a Medida Provisória nº 904, que extingue o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) a partir de 1º de janeiro de 2020. A Secretaria de Política Econômica (SPE) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) elaboraram nota informativa em que apresentam o diagnóstico a respeito do DPVAT e as justificativas que motivaram a escolha pela sua extinção.
O documento aponta que o modelo do DPVAT é ineficiente e não possui amparo na literatura econômica e experiência internacional. O motivo, segundo a análise, é que a função primordial de um seguro obrigatório como o DPVAT seria corrigir uma falha de mercado, tendo em vista que a decisão de um motorista de dirigir seu veículo nas vias públicas impõe aos demais cidadãos um risco adicional, mesmo que pequeno, de serem vitimados em acidente. De acordo com o documento “ao se exigir que o motorista compre um seguro que cubra os danos causados a terceiros, corrige-se a falha de mercado, pois o motorista passa a internalizar o risco que gera para os terceiros, ao pagar o seguro”.
Porém, diferentemente de outros países em que há seguro obrigatório de trânsito, o DPVAT não é direcionado para terceiros que não deram causa ao acidente. O DPVAT destina a maior parte dos pagamentos de indenizações ao próprio motorista (58%), mesmo que ele seja inadimplente e culpado pelo acidente, onerando todos os demais proprietários de veículo automotores independentemente da faixa de renda. Além disso a análise aponta que, em média, apenas 30% do valor arrecadado pelo DPVAT é destinado ao pagamento de indenizações. Os outros 70% são consumidos como tributos indiretos e custeio de um enorme aparato operacional caro, ineficiente e vulnerável a fraudes.
Desde 2017, o Ministério da Economia, a Susep e o setor de seguros têm realizado Grupos de Trabalhos e estudos para encontrar soluções para o Seguro DPVAT. Uma das alternativas estudadas era a extinção do DPVAT. Na avaliação da SPE e da Susep Ainda que se discuta alguma forma de proteção às vítimas de trânsito, é preciso considerar o modelo. Um seguro obrigatório com características de tributação regressiva que devolve para a sociedade apenas 15 a 30 centavos de cada R$ 1 pago pelos cidadãos, sem diferenciar a renda desses cidadãos, é uma forma ineficiente de atingir esse objetivo. A avaliação conclui que o mercado de seguros de responsabilidade civil e de acidentes pessoais oferece coberturas adequadas para motoristas e proprietários de veículos. Portanto “O fim do seguro obrigatório tende a aumentar o mercado de seguros facultativos e a cultura de proteção por parte de motoristas e proprietários”, aponta o documento.
Polêmicas – A Agência Senado informa que diversos parlamentares da oposição se mostraram contrários à proposta do governo por considerarem que ela será prejudicial para o povo brasileiro. O deputado Jorge Solla (PT-BA), argumentou que a medida deixará as famílias mais pobres desamparadas. “Nós tivemos a média de R$ 3,7 bilhões por ano para o sistema de saúde oriundo de seguro e é graças a ele que a maioria das pessoas, as famílias pobres que sofrem um acidente indo a óbito ou não são beneficiadas com seguro. Essas pessoas não têm capacidade financeira de ter um seguro de vida”, argumentou.
Os deputados Hugo Leal (PSD-RJ) e Alexandre Padilha (PT-SP) e a senadora Zenaide Maia (Pros-RN) também se mostraram contrários à medida. A senadora argumentou que os seguros são importantes e que não devem ser extinguidos devido às fraudes que existem, mas sim reavaliados. “É difícil de entender porque vai acabar com o DPVAT retirando o dinheiro da saúde a partir de 1º de Janeiro. imagine na noite do dia 31, noite de ano novo, as pessoas vão estar sem essa cobertura!”, ressaltou.
Os deputados Sanderson (PSL-RS) e Domingo Sávio (PSDB-MG), no entanto, argumentaram a favor da medida que representa, para eles, uma forma de acabar com a corrupção.
O debate acerca da medida provisória gerou polêmicas, pois os parlamentares da oposição pediram que a sessão fosse anulada e que o Congresso não apreciasse a MP, no entanto, Marcos Rogério argumentou que é necessário seguir o regimento e debater a medida dentro do Congresso.
Para o deputado Lucas Vergilio (Solidariedade-GO), presidente da comissão, é importante debater a MP, pois há um consenso sobre os problemas existentes no DPVAT e no Dpem. “Eu já recebi manifestações de todos os lados em relação a essa medida provisória mais o que o que eu pude perceber é que há um consenso de que o modelo que está hoje não representa mais os anseios da sociedade”, afirmou.
O que é o Seguro DPVAT?
O Seguro DPVAT é o seguro obrigatório de danos pessoais devido anualmente pelos proprietários de veículos terrestres, tais como motocicletas, automóveis particulares, táxis, carros de aluguel, ônibus e micro-ônibus. Em caso de acidente de trânsito, o seguro cobre até R$ 2.700,00 de despesas médicas, quando não realizadas pelo SUS. Em caso de invalidez permanente ou morte, a vítima ou sua família recebe até R$ 13.500,00. O Seguro DPVAT não cobre danos materiais. O Seguro DPVAT é administrado em forma de monopólio pela Seguradora Líder-DPVAT, a qual é constituída por 73 Seguradoras que participam do Consórcio do Seguro DPVAT.
Bom dia!
1) Os beneficiários inadimplentes não recebem a indenização: Então está errado informar que “o DPVAT destina a maior parte dos pagamentos de indenizações ao próprio motorista (58%), mesmo que ele seja inadimplente e culpado pelo acidente, onerando todos os demais proprietários de veículo automotores independentemente da faixa de renda”.
2) Atualmente o DPVAT indeniza às vítimas e beneficiários em caso de veículos não identificados. O seguro facultativo só vai alcançar os proprietários, passageiros e pedestre, se o veículo tiver o seguro e se for identificado no caso do pedestre. Portanto “O fim do seguro obrigatório tende a aumentar o mercado de seguros facultativos e a cultura de proteção por parte de motoristas e proprietários”
3) 45% é destinado ao SUS. Nos últimos 7 anos foram mais de 27 bi.
4) atualmente são 35 mil mortes no ano. As famílias são assistidas com essas indenizações para pagar funeral, outras despesas para tratar desse momento trágico e um saldo que possivelmente ajuda até que tenha direito uma pensão ou outras;
5) Minha sugestão seria acabar em 2021 após o governos apresenta uma proposta que seja melhor que a atual. Agora se acabar com tudo aonde a fraude. Vamos acabar com o INSS, Serviço Público e etc…