Precisamos desmistificar a franquia em planos de saúde, afirma IESS

Fonte: IESS

“O mercado de saúde suplementar no Brasil precisa trabalhar para desmistificar ferramentas como a franquia se queremos possibilitar que mais brasileiros realizem o desejo de contar com um plano de saúde.” A afirmação é de José Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que acaba de publicar o estudo “Mecanismos Financeiros de Regulação: conceitos e impactos no sistema de saúde suplementar”.

Além de explicar detalhadamente o funcionamento desses recursos de regulação da utilização e seus efeitos no sistema de saúde, o trabalho também analisa a experiência internacional de Estados Unidos, Portugal, França e Suíça. “É fundamental que a sociedade entenda que esse não é um recurso para fazer o beneficiário pagar mais pelo plano. Na verdade, é justamente o oposto. Um meio para baratear as mensalidades e possibilitar que mais brasileiros contem com um plano de saúde, o 3° maior desejo da população segundo pesquisa recente do Ibope Inteligência”, comenta Cechin.

O executivo explica que apesar de os mecanismos estarem previstos em Lei no Brasil, é necessário atualizar a norma infralegal sobre coparticipação, pois já ficou defasada no tempo, e introduzir norma sobre franquia agregada anual, ambas com o objetivo de garantir segurança jurídica e transparência em sua aplicabilidade no sistema de saúde. “Com essas medidas, o mercado conseguiria ofertar planos com mensalidades menores e, simultaneamente, trabalharia para a conscientização do beneficiário quanto ao uso dos recursos de saúde”, afirma. “Outra grande vantagem é que o uso mais racional dos serviços de saúde tende a reduzir os desperdícios e, portanto a velocidade de avanço dos custos médico-hospitalares e, consequentemente, o reajuste dos planos”, completa.

Uma das grandes preocupações da sociedade é o desincentivo que tais mecanismos poderiam gerar para a realização de exames e consultas necessários, já que os beneficiários pagariam por esses serviços do próprio bolso até atingir o valor da franquia ou uma parcela deste valor após isso. O estudo do IESS, entretanto, aponta que há mecanismos simples para evitar que isso aconteça já aplicados com sucesso em outros países. Não cobrar franquia ou coparticipação para exames e consultas que têm caráter preventivo é uma das medidas mais eficientes nesse sentido. “Não é do interesse de ninguém que o beneficiário deixe de realizar exames necessários. Do ponto de vista financeiro, a não realização de exames necessários significaria aumentar os custos posteriores com internação e o tratamento de doenças que só serão detectadas em estágios mais avançados. Não é inteligente e iria contra as iniciativas que as Operadoras de Planos de Saúde têm implementado de incentivar programas de promoção de saúde e médicos de família”, argumenta Cechin. “E dizer que as medidas fariam com que os planos ficassem duas vezes mais caros, como algumas entidades apontaram que aconteceria quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tentou regular a questão em 2018, me parece no mínimo ilógico. Planos que custassem duas vezes mais não seriam interessantes para o público e nem para a operadora, que não manteria sua carteira.”

Olhando a questão do ponto de vista de qualidade de vida, tornar o beneficiário consciente dos custos de cada procedimento é ainda mais importante na opinião do executivo. “O antibiótico é bom quando precisamos combater uma bactéria, mas se tomado sem necessidade causa males à saúde. Realizar exames desnecessários é o mesmo que expor nosso corpo à radiação e outras substâncias que podem nos fazer mal, sem nenhum benefício para a saúde, apenas com os efeitos colaterais. É uma questão de equilíbrio”, conclui.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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