Post atualizado no dia 25, às 9:50
Estiveram presentes o ministro da Economia, Paulo Guedes, os presidentes do BC, Roberto Campos Neto, do BNDES, Joaquim Levy, e Roberto Barbosa, da CVM, bem como representantes do mercado segurador
“É preciso entender porque somos tão incipientes em seguros em diversos segmentos. Por que temos uma densidade de seguro tão reduzida? Por que nossos custos administrativos não caíram apesar dos grandes avanços tecnológicos? Por que no resseguro ainda temos uma empresa com gold share e participação de 15% do Banco do Brasil? Por que temos uma cobertura de saúde, excluindo o SUS, de apenas 30% da população? Por que a cobertura espontânea do seguro previdência abrange apenas 10% da população? Por que nossa maior seguradora é do Estado? O mercado segurador tem muito a ser desenvolvido”.
Assim, a primeira mulher a assumir o comando da Superintendência de Seguros Privados (Susep) em toda a história chega para comandar um setor com reservas de R$ 1 trilhão, que respondem por cerca de 25% da divida brasileira, ciente dos problemas e direcionando algumas das soluções necessárias para a autarquia e o setor ajudarem o Brasil a crescer com mais resiliência.
Durante sua posse na noite da última sexta-feira, com o discurso em áudio enviado ao blog Sonho Seguro, Solange agradeceu o apoio da família, marido e filhos trigêmeos, que terão de suportar a falta dela por um período grande diante do desafio que assumiu das mãos do ministro da economia Paulo Guedes. Ao longo dos 10 minutos foi aplaudida por três vezes pelos convidados.
Citou fatos da sua carreira, como ter participado da criação do fator previdenciário, ter sido presidente da Anac, assessora da presidência do Tribunal Federal, presidência do BNDES e presidente do fundo de pensão do BNDES. “Em cada um dos lugares que trabalhei foi um processo continuo de aprendizado. Aprendi que na vida pública estamos aqui para servir. Cada cidadão depende do nosso serviço e trabalho para que sua vida funcione melhor”, disse ela.
Solange acredita que o setor é capaz de dar cobertura para quase todos os tipos de seguros, mas indagou por que tem uma participação de apenas 3,7% do PIB brasileiro. Se incluído o mercado de saúde sobe para algo próximo de 6,5%, enquanto nos EUA esse numero é de 11%. Citou o índice de penetração prêmio PIB, que coloca o país em posição inferior a África do Sul e Chile. Quando comparados ao grupo de países em desenvolvimento, o Brasil está na 14% posição. Comparado a Europa e EUA, o Brasil é quadragésimo da lista. Em termos de densidade, medido em prêmio e população, o Brasil está abaixo de US$ 400 contra US$ 4,2 mil nos EUA e US$ 1,6 mil na Europa.
Ao mesmo tempo em que indagou o porque da baixa penetração, a economista deu uma resposta parcial. “É sabido de todos que o Estado interfere no mercado e tende a precificar mal, distorcendo preços relativos e reduzindo o potencial do desenvolvimento do setor. Precisamos reduzir a participação do Estado”, enfatizou ela, arrancando os primeiros aplausos do seleto grupo convidado para a posse, entre eles funcionários, seguradores, além dos destacados por ela mesma como o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Joaquim Levy, presidente do BNDES E Roberto Barbosa, presidente da CVM.
Solange afirmou que é preciso acelerar a velocidade da disponibilização de novos produtos no mercado; criar maior flexibilidade regulatória e harmonizar leis e regulamentações como os avanços tecnológicos. “Na área de tecnologia temos uma revolução em curso. As insurtechs aparecem como uma nova forma de fazer e comercializar seguros. Vão além da comercialização. Buscam inovação que geram eficiência financeira e operacional”, afirmou ela e recebeu a segunda rodada de aplausos dos entusiastas.
Segundo Solange, as novatas de tecnologia investem em nichos complementando os produtos tradicionais e impulsionando o setor. “Temos a internet das coisas, a nuvem, a inteligência artificial, o blockchain, a cobrança por uso e o seguro por demanda. Mudanças que irão revolucionar o setor de seguros”, acrescentou.
Ela elencou a importância do seguro em vários segmentos para ressaltar o potencial de crescimento deste segmento. “Acredito no seguro e não força dele no desenvolvimento para o país. O comércio internacional não resistiria sem o seguro. As empresas não teriam proteção para bens e ativos. O capitalizamos seria diferente. O que seria da nossa industria automobilista sem o seguro. O que seria dos empreendimentos e investimentos. E como faríamos na velhice se não pudéssemos ter seguro de vida, de saúde e aposentadoria? Sem o seguro agricultura teríamos maior volatilidade de preços e o consumidor seria o maior prejudicado. Sem o seguro de crédito e fiança as vendas no varejo e os negócios em geral seriam menores. O comportamento das pessoas seria outro se o seguro de danos contra terceiros nao existisse”, elencou.
Ela ressaltou a infraestrutura, por exemplo, que representa 3% do PIB em vários países desenvolvidos e no Brasil representa apenas 0,5%. Espera-se um crescimento mundial de 9% nos próximos anos no setor de infraestrutura. Se isso for verdade, a perspectiva de crescimento de seguro nesse setor será entre 6 e 10%, nas contas da nova xerife do mercado segurador.
“Não podemos e não vamos desperdiçar a chance de contribuir para o crescimento de nosso pais. Acredito no trabalho em conjunto entre o Banco Central, a CVM e a Susep para o aprimoramento do mercado de capitais brasileiro. Conto com a colaboração de todos vocês. Vamos juntos fazer um Brasil melhor. Um mundo em que o brasileiro tenha um leque tão grande de seguros que possamos acrescentar em nossas estatísticas o fato de que todo cidadão deste país tem alguma forma de seguro contratada”, enfatizou.
Ela afirmou ser difícil ser imparcial e direta. “Tive a certeza durante toda minha carreira que a competição engrandece as pessoas e impulsiona a eficiência. Nunca entendi como as corporações podem ser tão resistentes a mudanças mesmo quando elas são inevitáveis. Aprendi que o óbvio é difícil de ser feito. Ser simples é complicado. Mas estou aqui na Susep para juntos fazermos a diferença na vida de cada cidadão brasileiro”, afirmou.
E a terceira rodada de aplausos foi a tradicional, ao encerrar o seu discurso. “Temos de ser mais ágeis. Precisamos desregulamentar, desburocratizar o setor. Aumentar a competição, garantir a segurança jurídica e acima de tudo tornar o seguro um produto simples e acessível a população”, finalizou ela, num sinal claro de desejo de sucesso com a implementação de medidas que impulsionem realmente o mercado de seguros a conquistar o seu espaço na vida da sociedade brasileira.
Durante o evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enfatizou a importância do setor de seguros para o País e seu enorme potencial de crescimento. Ele defendeu a importância de um Estado menor também no setor de seguros. “Tem um enorme território à frente a ser conquistado. Nós vamos trocar o eixo da economia efetivamente de uma economia de planejamento central, de uma economia dirigista, onde o Estado decide tudo. Nós estamos trocando esse eixo para mercado”, explicou.
O blog Sonho Seguro, que foi convidado e não pode comparecer, aplaudiu mais de três vezes o discurso enquanto ouvia o áudio. Umas dez pelo menos. Desejo a Susep todo o sucesso do mundo nesta empreitada.
gostei do discurso, desejo tem obtenha sucesso na sua nova empleitada !!!
Os Americanos tem um ditado que diz” você não vê as arvores por causa da floresta e vice versa” Agora temos uma nova gestão que só pelo discurso já mostrou que enxerga a floresta e também as arvores. Sem duvida vamos experimentar profundas alterações no setor. tomo a liberdade de sugerir que se olhe para o protagonista mais importante no mercado ” o Segurado”. também sugiro que seja contratado um assessor de larga experiencia, sem vinculo atual, para ajudar.
Tinha que ser uma mulher!
A SUSEP e o Governo Federal estão de parabéns…
Acreditemos que agora vai!👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼💐