Estava aqui pensando: se as seguradoras têm no mínimo o email e telefone, fixo e celular, dos segurados para fazer venda cruzada, ou seja, ofertar seguros, por que não usar esse canal para comunicar aos beneficiários dos mortos na tragédia de Brumadinho, ou mesmo aos clientes que sobreviveram, que eles têm seguros ou serviços contratados que podem ser úteis neste momento.
Seria mais barato e mais humano do que qualquer campanha de marketing já feita na história do setor para enfatizar o papel social do seguro. Afinal, todo prejuízo certamente poderá ser recuperado com uma ação reversa contra a Vale. E mesmo que não seja, o segurado pagou para ter proteção de vida, saúde, bens. Pode ser que os beneficiários não saibam que existe um seguro comprado pelo falecido na tragédia que tirou quase 400 vidas embutidas nas compras a prazo, na conta luz ou água ou empréstimos de bancos.
Até mesmo para quitar dívidas. O seguro prestamista, que garante o pagamento da dívida do financiamento, foi o que mais cresceu em 2018 dentro do segmento de seguro de vida. Certamente algum beneficiário pode ser encontrado nesse banco de dados. Os credores, como bancos, cartões de crédito e concessionárias certamente já devem cruzado dados com os nomes já divulgados pela Defesa Civil e localizado a apólice.
Vamos todos localizar os que podem receber o seguro para recomeçar. O corretor Bernard Biolchini escreveu o artigo abaixo e pensa assim também. Só a Sabemi até agora divulgou que encontrou 200 segurados em sua base de clientes, que provavelmente seriam contatados para tornar público aos beneficiários a existência da apólice.
É assim que a sociedade vai entender a função social do seguro: programas de educação financeira da CNseg, a confederação das seguradoras, saindo da teoria para a prática.
Por Bernard Biolchini, CEO do Grupo Pentagonal Seguros
Passados dez dias da tragédia ocorrida, vemos o mercado de seguros e toda a sua indústria de securitários fazendo contas e análises técnicas divagando sobre as apólices de seguro que terão de ser indenizadas . Observamos executivos tensos e acionistas perdendo o sono. Me arrisco a dizer que, nos últimos dias não houve uma reunião sequer em que não se tenha falado no tamanho do impacto ao mercado, desde uma corriqueira visita de um gerente de seguradora a qualquer corretora de pequeno porte, a reuniões emergenciais com os boards de todas as seguradoras nacionais para avaliarem os impactos da tragédia em seus números projetados de 2019.
Sim, todas as seguradoras nacionais, pois as indenizações não serão apenas pelas seguradoras contratadas pela Vale em suas apólices, mas também por todas as companhias que tiverem sido contratadas diretamente pelas vítimas através dos seus corretores e agências bancárias da cidade. Números, números e mais números , o mercado informa, enquanto assistimos diversos setores da sociedade civil, grandes e pequenos empresários organizando mutirões para auxiliarem às vitimas sem medirem esforços. E nós estamos fazendo contas e especulações.
Não se tem notícia de nenhuma companhia seguradora ou corretora montando sequer um centro de apoio às vítimas da cidade. Esta faltando o que para o mercado se mexer ? Se o argumento de que é uma questão humanitária, infelizmente não convence o mercado. Precisamos agir com urgência sob pena de sermos todos nós mal avaliados num todo, pela população, governos em suas esferas executivas, legislativas e judiciárias , empresas e por toda a sociedade.
*Bernard Biolchini é CEO do Grupo Pentagonal, primeira corretora de seguros com projeto de franquia no Estado do Rio de Janeiro, empresa na qual compõe a relação da Revista Forbes. É especialista em blockchain. Desenvolveu a primeira cripto moeda do Brasil, voltada para contratos inteligentes.
Esse é um profissional de visão. Vamos torcer para ver no noticiário ainda esta semana um cliente informando já ter recebido indenização de Seguradora. parabéns pela visão.