Tim é multada em R$ 9,7 milhões por oferta indiscriminada de seguros

O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), vinculado ao Ministério da Justiça, aplicou multa de R$ 9,7 milhões à TIM Celular “pela prática da oferta indiscriminada e pouco clara dos chamados ‘serviços de valor adicionado’, gerando um sem número de contratações viciadas e de cobranças ilegítimas em desfavor dos consumidores brasileiros”. Entre eles, seguros e títulos de capitalização.

Segundo nota publicada no Diário Oficial da União (DOU) e divulgada pela Agência Estado, além da multa, a operadora terá de devolver, em dobro, o valor cobrado indevidamente dos consumidores. O processo também foi encaminhado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e para a para a Superintendência de Seguros Privados (Susep), no intuito de que sejam adotadas providências aos critérios de validade das ofertas e contratações dos chamados ‘serviços de valor adicionado’ e também regulamentações que coíbam práticas abusivas.

Segundo a Agência Estado, a empresa diz que essa sanção, relativa a um processo administrativo de Serviços de Valor Adicionado (SVA) de 2013, já havia sido aplicada pela Senacon às principais operadoras do setor em setembro de 2018. Mas, na ocasião, a empresa não foi autuada em razão da negociação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), “que considerava que, nos últimos anos, a empresa aprimorou os seus processos internos em relação ao SVA, com medidas voltadas para a melhoria na gestão, qualidade do produto e na experiência do cliente”, diz a empresa, completando: “A TIM, igualmente, buscará entender os motivos que levaram a Senacon a desistir da negociação do TAC.”

Esse tipo de multa não é uma novidade, segundo o Blog Sonho Seguro que acompanha o setor há mais de 20 anos. Há tempos as telefônicas, redes varejistas, concessionárias de serviços e as seguradoras vem sendo alvo dos órgãos de defesa do consumidor pelo motivo que já virou jargão conhecido como “venda casada” ou sem o consentimento do cliente de forma clara e objetiva.

Em 2015, o DPDC multou em quase R$ 29 milhões as principais redes varejistas do País pela venda abusiva de garantia estendida e outros tipos de seguros emitidos sem a solicitação dos clientes. Casas Bahia, Magazine Luiza e Ponto Frio (Globex) foram multadas em R$ 7,2 milhões. Ricardo Eletro, Lojas Insinuante e Fast Shop foram autuadas em R$ 2,4 milhões.

Em 2014, por exemplo, a Vivo e a Mapfre foram notificadas pelo Procon SP  pela cobrança de dois tipos de seguros em contas telefônicas de clientes sem prévia autorização. As multas foram de R$ 7,5 milhões para a Vivo e de R$ 3,5 milhões para a Mapfre. Os produtos cobrados de forma irregular são o “Seguro Conta Protegida” e o “Seguro Residencial”. 

Outro “case” no assunto multas vem da Eletropaulo, autuada em R$ 3,6 milhões em 2017 pelo Procon por ter incluído seguros da MetLife na conta de luz sem autorização dos clientes. Os seguros de vida de planos odontológicos custavam entre R$ 7 a R$ 34 por mês.

Desde então, as seguradoras que atuam com vendas no canal massificados e afinidades, que envolvem a venda de produtos para clientes de grandes corporações, investem no treinamento de vendedores e na forma de comunicação de venda dos produtos juntos aos consumidores. Um dos pontos principais é checar com o cliente se ele realmente comprou o produto, com envio de mensagem por WhatsApp.

Em tempos de crise e de respeito ao consumidor, melhor mesmo é ter uma estratégia sustentável e focada em encantar o cliente.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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