Foco no cliente é o centro da estratégia das seguradoras, segundo os executivos reunidos no 22o. Encontro de Líderes, que acontece em Florianópolis (SC), de 2 a 5 de fevereiro. Marcio Coriolano, presidente da CNseg, confederação formada por quatro federações que completam 10 anos de vida neste ano, afirmou que muito foi feito pelas entidades para o desenvolvimento do mercado. “Tanto que mesmo num ano difícil como 2016, o setor cresceu. Ainda não temos os dados fechados, mas as projeções apontam para algo entre 9% e 10%”, disse.
Coriolano afirma que o setor vai seguir na rota de crescimento, provavelmente avançando um ponto percentual acima do resultado de 2016. “Temos boas perspectivas, como a redução dos juros no país, retomada da confiança na economia e a pauta de reformas estruturais que vêm sendo levadas adiante pelo governo federal. Do nosso lado, apostamos na inovação, na educação, na transparência e no desenvolvimento de políticas sólidas”, disse ele durante a abertura do evento, na noite da quinta-feira.
Se depender da boa vontade do titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Joaquim Mendanha, há seis meses no cargo, o setor terá apoio técnico e regulatório para se desenvolver de forma que tenha sempre o consumidor em primeiro plano. “Estou aqui para reiterar a importância da comunicação do órgão regulador com os regulados. Já avançamos em 2016 e avançaremos ainda mais em 2017, com ações efetivas”, disse.
Na pauta, novos seguros como o PrevSaúde, o aperfeiçoamento nas regulamentações do seguro auto popular e universal life (seguro de vida com capitalização) divulgadas recentemente, e também apoio nas discussões sobre a melhor forma de colocar o seguro garantia como um importante instrumento no programa de investimento da infraestrutura do Brasil. O xerife do setor também citou o seguro de acidente de trabalho, hoje nas mãos do governo, mas que pode voltar a ser operado, em parte, pelas seguradoras privadas de acordo com os estudos já realizados e em debate entre governo e seguradoras.
João Francisco Borges, presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), afirmou que 2016 foi um ano bem difícil para os segmentos que fazem parte de federação, responsável por aproximadamente R$ 68 bilhões do faturamento da indústria de seguros. “O crescimento de 2016 deve ficar entre 0,3% e 0,5%, muito aquém do que vínhamos registrando nos últimos anos, comentou. A FenSeg foi fortemente impactada pela redução das vendas de carros zero quilômetro. A carteira de automóvel representa cerca de 45% do segmento de seguros gerais. A expectativa é de que com o lançamento do seguro popular traga ao setor novos clientes, elevando a taxa de crescimento para algo entre 3% e 3,5% em 2017.
Até agora, apenas Porto Seguro e Tokio Marine lançaram o produto. A expectativa do titular da Susep é de que outras seguradoras lancem o produto ainda neste ano. “Sempre que se começa um nicho novo é preciso fazer ajustes e aos poucos as companhias vão ficando mais confiantes e passam a ofertar produtos e serviços atraentes aos consumidores e assim o mercado é fomentado e cresce”, disse ele. Randal Zanetti, presidente do grupo Bradesco Seguros, disse que 2017 não é um ano para testar o mercado. “Vamos observar e estudar o seguro popular. Ainda não temos na agenda o lançamento”, comentou.
Na verdade, o seguro auto popular ficou tanto tempo sendo debatido, que as companhias encontraram outra forma de atrair novos consumidores com produtos mais enxutos, deixando o seguro popular, que depende de uma grande estrutura para gerenciar peças usadas, em segundo plano, comentou Luiz Pormarole, diretor da Porto Seguro.
Ainda no âmbito da FenSeg, o seguro residencial é um foco de grande parte das companhias, por ter um grande potencial ser explorado dada a baixa penetração do produto no país e ainda apresentar uma boa margem de rentabilidade para as seguradoras. O seguro garantia, que visa proteger os investidores ao garantir o término de uma obra mesmo em caso de quebra da construtora, passa por um amplo debate que envolve governo e iniciativa privada. “Temos um cenário muito ativo, com temas importantes, e que certamente serão vitais para que o setor seja um agente decisivo para ajudar o Brasil em suas demandas de proteção para indivíduos, empresários e governo”, finalizou Borges, acrescentando a nova comissão de Digitalização às pautas prioritárias da FenSeg.
Edson Franco comanda a Federação Nacional de Previdência Privada (Fenaprevi), responsável pelos produtos que puxam o crescimento da indústria, vida e previdência, está animado com 2017. Em 2016 o crescimento nominal desses dois segmentos foi de 22%, o que já mostra o quanto se avançou no despertar da população para a poupança previdenciária.
“O Brasil passa por um processo de transformação profunda. Essa transformação social que vivemos, combinada com o encaminhamento de reformas como a da previdência e a tributária, vai destravar o crescimento econômico, assim como a reforma politica vai trazer uma nova realidade ao país”, disse. “Ao mesmo tempo que se consegue corrigir as distorções econômicas, o país passa a limpo a corrupção sistêmica. Discordo que passemos por uma crise ética. Crise ética nós vivíamos antes, quando cínica e silenciosamente as pessoas acreditavam que era assim mesmo. Agora há uma reforma ética.”
“E nós temos a obrigação de nos preparar para esse novo Brasil nos apropriando da responsabilidade não só de assegurar patrimônio e renda dos nossos clientes, com também colaborar com a responsabilidade da educação financeira. Nosso setor vai conquistar relevância macroeconomia, e isso aumenta nossa responsabilidade de zelar por todos mesmo antes deles consumirem nosso produtor”, citou Franco.
Solange Beatriz, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fensasúde), enfatizou que 2016 não foi um ano fácil. Além de as empresas perderam mais de 1,5 milhão de clientes em razão do desemprego, as perdas com desperdícios tirou das empresas um bom volume de recursos que poderiam ser reinvestidos para melhorar a qualidade e a oferta dos serviços para a população. “Nosso desafio é garantir e ampliar o acesso do plano de saúde para a população”, ressaltou, deixando clara que a agenda da FenaSaúde está voltada para ações que visem ampliar o debate entre todos os envolvidos na cadeia, tendo como foco o cliente final.
Marcos Barros, presidente da Federação das Empresas de Capitalização (Fenacap), ressaltou que líderes são pessoas que transformam a qualidade de vida de uma sociedade. “Estamos todos aqui, neste encontro, para debater e contribuir para essa nova configuração da sociedade. Temos como meta entregar através das nossas soluções entregar melhor educação financeira e securitária e assim ajudar com que a economia possa crescer mesmo diante de imprevistos”.
Programação – A agenda do evento segue com palestras nesta sexta-feira. Para debater o tema “Sociedade”, no dia 3, foi convidado Samuel de Abreu Pessoa, pesquisador da Fundação Getulio Vargas Carlos Melo e professor do INSPER, e Sergio Besserman, economista e ecologista. Já o tema “Economia” será debatido por Alexandre Schwartsman, economista, e Sérgio Vale, economista chefe da MB Associados. Como debatedor, Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio. Já no dia 4, o tema política fica por conta de Fernando Abrucio, professor da FGV SP, deputado Paulo Delgado e do senador Aloysio Nunes. E o tema “Futuro” é o ultimo assunto do encontro e contará com palestra de Luis Rasquilha, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA).