Sindicalistas apoiam fusão entre Susep e Previc

Uma fusão entre dois órgãos reguladores de previdência privada complementar, Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) ajudaria, inclusive, o governo a reduzir custos, bem como seria bom para a carreira dos servidores. Essa é a opinião de Osiane Arieira Nascimento, presidente do Sindicato Nacional dos Servidores da Susep (SINDSUSEP). Se isso ocorrer, a nova agência seria responsável por fiscalizar ativos superiores a R$ 1,3 trilhão (R$ 763 bilhões dos fundos fechados até junho deste ano e R$ 613 bilhões dos fundos de previdência aberta até agosto).

A opinião de Oziane vem como uma resposta à opinião de José Ribeiro Pena Neto, presidente da Associação Brasileira de Previdência Privada (ABRAPP), que declarou ao portal Investidor Institucional de que seria favorável a Previc absorver a supervisão do mercado de previdência complementar aberta.

“Através das mídias e da CPI dos Fundos de Pensão, tomamos conhecimento de que a maioria dos fundos fechados se encontram em difícil situação econômica, o que demonstra a necessidade de uma intervenção regulatória mais eficaz. Atribuir à Previc a responsabilidade de supervisionar mais empresas parece ir na contramão da solução do problema”, comenta Oziane.

Ela, como presidente do Sindicato da Susep, concorda com a opinião do presidente da Abrapp quanto a não haver sentido em manter dois órgãos na estrutura do governo federal fiscalizando mercados similares, com base em uma mesma lei. “Neste sentido, defendemos que a Susep e a Previc devam ser transformadas em uma única Autarquia Especial porque percebemos que esta junção trará ganho de eficiência funcional e administrativa”, afirma.

No entanto, ela concorda que isso não é uma prioridade do governo neste momento e que este assunto deverá ser tratado quando a turbulência política passar. E quando isso for um tema prioritário, Oziane defende que a fusão dos órgãos assegura o alinhamento ao princípio constitucional da eficiência, pois desonera o erário de manter duas estruturas físicas e de pessoal, e aproveita o conhecimento adquirido e as pessoas qualificadas que as duas instituições desenvolveram até o momento. “A sinergia entre a Susep e a Previc justifica a criação de uma nova Autarquia Especial”, defende.

A aglutinação de funções de supervisão e de regulação vem sendo implementada ou estudada na economia internacional, explica. O Reino Unido, a Comunidade Européia, o Japão e Coréia estabeleceram super-agências de regulação, caminhando para uma direção na qual a distribuição de tarefas se dê por tipos de risco envolvidos e não por instituições. “Não haveria ganho em separar a supervisão dos mercados atualmente atribuídos à Susep: seguro, resseguro, previdência complementar aberta e capitalização. Em todos estes mercados, há necessidade de supervisão de conduta, supervisão atuarial, supervisão de liquidez e solvência e supervisão sobre a aplicação dos ativos. A Susep já realiza supervisão”, explica.

Oziane enfatiza que não haveria ganho em separar esses mercados em diferentes estruturas de supervisão. Para ela, isto só tornaria a supervisão fragmentada e burocrática para as empresas reguladas e consumidores dos produtos de previdência e seguro de vida, além de causar mais custos ao erário. “Não podemos deixar de destacar que a Susep possui todos os requisitos relacionados à integridade, experiência, competência técnica e administrativa recomendados internacionalmente, além de estar localizada estrategicamente para receber todas as responsabilidades, junto com a Previc, que serão desempenhadas pela nova autarquia”, diz.

Entre as vantagens de unir as duas autarquias, Oziane cita o corpo funcional altamente qualificado (com doutores, mestres e pós-graduados) em diversas áreas do conhecimento, como atuária, estatística, economia, finanças, administração, direito e contabilidade, entre outras, e com a experiência necessária para o exercício específico de funções de supervisão da previdência complementar.

Outra qualidade seriam os setores supervisionados pela Susep que já observam normas de governança e de solvência equivalentes aos países da Comunidade Europeia, aplicando o que há de mais atualizado no mundo na questão da supervisão desses setores, incluindo previdência complementar. Também cita a experiência de mais de 50 anos na regulação e supervisão dos setores de seguros, resseguros, capitalização e previdência complementar.

A sede da Susep no Rio de Janeiro, onde se encontram os dois maiores fundos de previdência complementar fechados do país, como Previ, do Branco do Brasil, e Petros, da Petrobras, também são citados como pontos a favor da super agência ser sediada no espaço hoje ocupado pela Susep. Além disso, acrescenta, no Rio de Janeiro encontram-se excelentes universidades em atuária, sede do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA) e Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).

“Como servidores da Susep entendemos que o Brasil precisa fortalecer estes mercados, que ofertam garantias à estabilidade econômica de pessoas, empresas e governo. Em especial, quanto à previdência complementar aberta e fechada, considerando a situação demográfica e econômica do Brasil, entendemos que uma estrutura que reúna Susep e Previc com as atribuições de fiscalização, supervisão e regulamentação, contribuirá enormemente para o bem do erário, da poupança interna e dos futuros aposentados do Brasil”, finaliza.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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