Willis é a corretora da apólice da Samarco, com ACE em seguro de property e Allianz em RC

samarcoO desastre ambiental provocado pelo desmoronamento das duas barragens da Samarco em Minas Gerais abre uma investigação pela indústria de seguros, incluindo corretoras, seguradoras, resseguradoras e especialistas em regulação de sinistros. Segundo executivos entrevistados pelo blog Sonho Seguro, a corretora é a Willis, a apólice de property tem como líder a ACE, com 80% do risco, e a apólice de responsabilidade civil está com a Allianz. Os limites de indenização dos contratos não foram confirmados pelos executivos entrevistados, mas a partir de segunda-feira mais detalhes deverão ser fornecidos pelas empresas.

Segundo nota na coluna de Sonia Racy, no jornal Estado de São Paulo, o valor seria de R$ 1 bilhão. O que, se confirmado, seria para a apólice de property. Poucos acreditam que a apólice de responsabilidade civil, a que mais deve ser acionada neste acidente, tenha um limite desse, considerado elevado demais para a cultura empresarial do mercado local. E mesmo que seja confirmado, o valor de US$ 250 milhões de limite máximo indenizável, é considerável mas não afeta a solvência das maiores seguradoras do mundo envolvidas neste acidente. Além disso, elas tem programas de resseguros para dividir a conta. Sonia Racy também cita a seguradora Fairfax, não confirmada ao blog Sonho Seguro.

A tragédia em Bento Rodrigues, distrito da cidade mineira de Mariana, é acompanhada por empresas da indústria de seguros, como corretoras, seguradoras, resseguradoras e vistoriadores de riscos especializados neste tipo de acidente. O Ministério Público de Minas Gerais abriu um inquérito para apurar as causas do rompimento de duas barragens da Samarco. Segundo informações veiculadas pela mídia, o promotor de Justiça do Meio Ambiente Carlos Eduardo Ferreira Pinto, trata-se de um desastre sem precedentes na região. Sobre as possíveis causas do rompimento, ele afirma que ainda não há hipóteses concretas, mas adianta algumas especulações.

A mineradora, por sua vez, divulgou nota na qual garantiu que o material depositado em suas barragens “não apresenta nenhum elemento químico que seja danoso à saúde”. Segundo a mineradora, a última fiscalização pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram) foi feita em julho deste ano e concluiu que ambas estavam em “total condição de segurança”. O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) também garantiu que a Barragem do Fundão – a primeira a se romper – estava regular e que foi inspecionada por um auditor especialista em segurança de barragens. A Samarco possui licença de operação com validade até 29 de outubro de 2019. Para o promotor, porém, isso “não significa muito”. “Ter a licença não dá o atestado de legalidade para a empresa. O que temos que analisar agora é se ela realmente cumpria todas as condicionantes dessa licença”, afirma Ferreira Pinto.

Segundo reportagem da revista Veja, estudo de 2013 alertava para risco de barragem rompida. O levantamento foi feito pelo Instituto Pristima, instituição particular sem fins lucrativos, a pedido do Ministério Público Estadual. O documento técnico, de oito páginas, falava do risco de uma tragédia e é assinado por professores da Universidade de Minas Gerais.

Segundo especialistas afirmaram em entrevista veiculadas pela mídia, os rejeitos são compostos apenas de “areia, argila, siltes e alguns resíduos de minério que ficam agregados a esse material”, acrescentando que a lama que soterrou o distrito de Bento Rodrigues não é tóxica e não oferece riscos à saúde.

Quanto às causas, muito se fala, mas a mais provável é que tenha sido erro de projeto ou de execução. Mas não se descarta o fato de terem ocorrido quatro tremores de terra em áreas próximas a Mariana na quinta-feira, segundo informou o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Segundo os especialistas, as magnitudes foram bem pequenas, de entre 2 e 2,6″. O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto não acredita que o desastre tenha sido causado por um fenômeno natural. Segundo ele, a hipótese não foi descartada, mas é “muito pouco provável”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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