As ferramentas do mercado de seguros podem trazer mais estabilidade para o desenvolvimento econômico, ajudando no planejamento estratégico e no controle de crises, afirmou Michel Liès, CEO da Swiss Re, uma das maiores resseguradoras globais.
“Quando se pensa em que os instrumentos de seguro poderiam aportar para os responsáveis políticos, é uma pena [que sejam tão mal utilizados]. Eu acho que realmente tem um problema de reconhecimento do setor de seguro, até por culpa da gente”, disse ontem, no 4 º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, organizado pela Confederação Nacional de Seguros (CNSeg).
“Nós temos que trabalhar mais para o setor político, para que ele entenda que nossos instrumentos podem ajudar em certa estabilidade do desenvolvimento econômico”, completou o diretor executivo.
Em sua palestra, o executivo da Swiss Re expôs uma transação de US$ 450 bilhões feita pela Swiss Re e a Allianz junto ao governo e à UTE (estatal Uruguai de geração hidrelétrica) para segurar o risco de seca do país.
A apólice, que foi iniciada em janeiro de 2014 e vence em junho deste ano, cobre a compra de energia alternativa quando as secas causarem a falta de energia hidrelétrica. Questionado pelo DCI se o modelo poderia ser aplicado no Brasil, para ajudar a contornar a crise vivida pelo setor energético no País, o executivo disse que poderia ser utilizado “sem nenhum problema”.
“Claro que se pode aplicar. Eu acho que se o governo pode eliminar os potenciais motivos de uma crise de uma bacia hidrelétrica e se segurar, isso seria um grande passo. Eu acho que o governo tem várias coisas que tem planejar, e que a gente pode ajudar”, afirmou o CEO. “Outras dependem da mãe natureza”, brincou.
Segundo Liès, as resseguradoras são um parceiro estratégico dos governos em tempos de catástrofes e crises, sejam elas naturais ou causadas pelo homem. Dados apresentados pelo CEO mostram que, no ataque ao World Trade Center, nos EUA, em 2001, as resseguradoras cobriram entre 50% e 60% dos ativos segurados. Mais recentemente, nos terremotos que atingiram o Japão e a Nova Zelândia, em 2011, contavam com resseguro 40% e 70% dos ativos cobertos.
Entre os desastres naturais a que o Brasil está sujeito, as enchentes e inundações são os principais riscos, conforme aponta Liès. “Acreditamos que as resseguradoras podem contribuir com o governo para lidar com esses riscos. Nós temos um mapeamento, em tempo real, das condições climáticas dos países da América Latina e sabemos as regiões que apresentam maior risco”.