Desafios e soluções globais

xl McGavickPor Mike McGavick, CEO do XL Group e Chairman da The Geneva Association, em cujo boletim este artigo foi publicado originalmente em inglês.

Este é um momento extraordinário para nosso mercado, no qual enfrentamos uma série de desafios que estão colocando todo o setor sob pressão. Na minha visão, eles se encaixam em duas categorias distintas: a primeira, dos desafios que todos enfrentam em uma economia global; a segunda, daqueles específicos de nossa atividade. E, apesar de diferentes, eles podem ser resolvidos com algumas poucas soluções-chave.

Desafios globais

Em primeiro lugar, tecnologia. Com o avanço da tecnologia, os riscos mudam rapidamente. Aqui é onde reside o problema: quanto mais rápida a velocidade das mudanças, mais nosso modelo de negócio é desafiado. Estamos acostumados a longas séries de dados para nos sentirmos confortáveis com determinado risco, mas os novos riscos não contam com o mesmo volume de dados.

Em segundo lugar, mudanças climáticas. Muitas das reivindicações com as quais estamos envolvidos são sinistros decorrentes do mau tempo e de eventos climáticos. Com isto em mente, sabemos que há um fenômeno simples sobre os seres humanos: nós gostamos de viver em lugares onde a geologia é interessante – onde o oceano encontra a costa, onde o rio atravessa, onde estão as montanhas. Assim, vemos as mudanças climáticas e outras distorções como componentes do já fundamental problema que é o fato de que as pessoas gostam de viver onde a geologia é interessante porém inerentemente instável.

Em terceiro lugar, longevidade. É óbvio que a economia básica de como os sistemas de pensões são financiados não acompanhou nosso grande sucesso nas ciências e a forma como prolongamos a longevidade. As configurações das população do mundo desenvolvido estão criando pressões quase intransponíveis e já estamos começando a ver sinais desses mesmos padrões nos países em desenvolvimento. Fizemos um grande progresso ao longo de décadas para que os idosos tivessem uma vida melhor e agora estamos sob uma pressão econômica que sugere que isso não acontecerá no futuro.

Desafios do setor

Em primeiro lugar, globalização. Qualquer empresa pode operar globalmente com a Internet, mas os mecanismos de seguro são estabelecidos em caráter nacional, tornando-se cada vez mais difícil criar soluções eficientes para clientes globais. Esta é uma tensão que existe para toda seguradora e o custo de ser global pesa sobre todo o sistema.

Em segundo lugar, o capital alternativo. O desafio com o capital alternativo é que ele está inclinado a cavar uma linha específica: O Seguro de Catástrofes Naturais dos EUA. O resultado disso é que as pessoas agora estão procurando como usar o capital alternativo em outros produtos e situações, bem como buscando novos campos rentáveis na esperança de que o capital alternativo não irá persegui-las. Há tantos desafios sem seguro – espero que possamos flexionar esse capital para chegar a novas soluções.

Em terceiro lugar, consolidação da comunidade de corretores. Para as seguradoras, o controle da comunidade de corretores é um grande desafio. Embora as seguradoras atendam os clientes e desenvolvam os produtos, o controle é mais ponderado em um cenário de maior consolidação da comunidade corretora.

Em quarto lugar, análise de dados. Apesar de ser uma atividade baseada em dados, a maioria das companhias de seguros têm sistemas de dados deficientes – isso é algo que precisa mudar, e rápido. Precisamos valorizar o que esta tendência pode fazer pelos clientes, ou outros, com dados mais modernos, nos suplantarão.

Em quinto lugar, regulamentação. Até agora, a abordagem adotada não tem sido adequado para a nossa indústria – para os bancos, talvez, mas não para seguros. Com isso em mente, haverá uma série de mudanças em breve, resultando em um desenlace bom e em outro que ainda está no ar.

O bom resultado é que os reguladores estão tentando criar uma maior colaboração global, o que ajudaria com o desafio da globalização, citado anteriormente. Além disso, as promessas de Solvência II, que haveria deferência regulamentar para os reguladores de grupo, poderiam ser muito positivas para o setor.

O resultado mais incerto envolve reguladores que exigem que o capital seja mantido a muito custo. Cada uma das tendências que revisamos demanda mais inovação, o que não é possível se o preço do capital for muito alto. Quanto mais o capital for determinadamente regulado e ineficientemente usado, mais encorajamos a consolidação ao invés da inovação.

Soluções

Agora, depois de mostrar como este é um mundo muito desafiador, gostaria de mudar o enfoque para mostrar como avançar com algumas soluções-chave.

Primeiro, a inovação tem de estar no centro de nossa indústria. Temos a tendência de desenvolver produtos lentamente, replicá-los rapidamente e os lucros vão corroendo por décadas. Esse padrão não pode ser mantido. Então, como podemos elevar nossa taxa de inovação?

Número um: precisamos designar nossos melhores talentos para o espaço de inovação, e não apenas para nossas áreas de negócio mais lucrativas.

Dois: temos de aproveitar os dados externos de uma forma útil, porque os conjuntos de dados internos não estarão à altura do desafio. Isso significa uma mentalidade de subscrição unida a atuários para encontrar recursos e bases de dados públicos para escrever e remodelar produtos.

Três: assumir riscos que envolvem adjacência. Se estivermos dispostos a investir parte dos nossos recursos em algo não-tradicional, então poderemos realmente fazer algum trabalho inovador.

Quatro: temos que motivar pessoas inovadoras a vir para nossa indústria. Precisamos das pessoas que são especialistas em campos complexos para aplicar suas habilidades em nosso mundo; sua visão é um fator importante para futuras inovações.

A segunda solução é repensar a nossa relação com a sociedade, particularmente com governos. Temos de discutir com eles quais resultados sociais queremos e como nossos produtos podem levar a esse bem social. Embora possamos não ser aproveitados para tanto, esta é uma abordagem vital.

Há uma série de grandes desafios, tanto do mundo exterior como dentro do nosso próprio setor; no entanto penso que esses imperativos são os corretos para nos levar adiante em uma nova era de prosperidade. Temos que mudar nossa abordagem em relação à inovação e à medida em que fizermos isso, devemos nos envolver em parcerias mais profundas com os governos para criar soluções grandes o suficiente para os desafios que enfrentamos.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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