O que acontecerá com a SulAmérica?

1225389742zjo49p1O dia começou com diversas notícias relevantes. A Chubb dobrou o lucro líquido no mundo; a Allianz é contratada pela Shell; a Mapfre venceu licitação da Repar, refinaria controlada pela Petrobras, para fornecer seguro de riscos de engenharia.

Começou o VIII Seminário da ABGR, que trouxe debates interessantes sobre o resseguro. Também teve início em Baden Baden, nome da cidade no sul da Alemanha, conhecida como refúgio dos milionários alemães, o 25º encontro de resseguradores, que aponta um cenário extremamente favorável para a indústria de seguros em 2010.

No início da noite, a seguradora canadense Fairfax inaugurou no Brasil o seu braço de resseguros, a Odyssey Re, com escritório na alameda Santos, em São Paulo, onde é vizinha da Swiss Re, e aguarda a aprovação da Susep, que voltou a ter um ritmo lento à espera da contratação de novos funcionários. Fato que acontecerá se o presidente Lula assinar a autorização.

Todas estas notícias foram esquecidas pelo anúncio internacional da venda de todos os ativos de seguros do grupo holandês ING. O que acontecerá com a SulAmérica? Esta foi a pergunta mais pronunciada nesta segunda-feira entre os executivos que trabalham com seguro. Afinal, trata-se de uma das seguradoras mais querida do mercado.

A resposta vinda da empresa foi inócua. “Trata-se de uma decisão do ING com a Comissão Europeia”. “É um plano de reestruturação deles”. Não poderia ser diferente. A questão vem sendo debatida há muitos anos. Mas o fim da parceria da centenária seguradora com o Banco do Brasil, anunciada em outubro, colocou mais lenha na fogueira. Hoje, com o anúncio da venda de todas as operações de seguros mundialmente pelo ING, sócio do grupo que tem no comando o herdeiro Patrick Larragoiti, a SulAmérica liderou as rodas das conversas.

Segundo nota do ING, atendendo às recomendações de reestruturação contidas em um acordo fechado junto a Comissão Européia, o grupo será divido em duas partes: operações bancárias e operações de seguros. As atividades de seguros e de gestão de investimentos serão vendidas e os recursos obtidos serão usados para reduzir a alavancagem e adequar o capital do grupo as padrões de Basiléia.

Tal separação dos ativos deverá ocorrer até 2013, mas depois disso o balanço deverá ser 30% menor do que o apresentado no início da crise. Paralelamente, o grupo fará um aumento de capital de 7,5 bilhões de euros (US$ 11,2 bilhões) para pagar parte dos 10 bilhões de euros que recebeu de ajuda do governo holandês durante a crise financeira.

Os investidores parecem não ter gostado do anúncio. As ações do grupo apresentavam forte desvalorização na bolsa ontem. No Brasil, a questão era sobre o que acontecerá com a SulAmérica sem o sócio e quem poderia comprar a participação do ING na seguradora.

O ING, através do ING Insurance International BV, possui uma participação de 21,18% na SulAmérica, sendo 12,78% das ações ordinárias e 31,55% das preferenciais. Tem também participação no capital da Sulasapar Participações, que por sua vez possui 59,45% do capital votante da SulAmérica, o que representa 32,84% do capital total da seguradora.

Com certeza a resposta a esta questão virá em breve. O mercado de seguros é a bola da vez para os investidores e a SulAmérica é uma boa porta e entrada para aqueles que querem participar deste mercado. No passado, entrar no grupo seria um risco e tanto, diante da falta de transparência de informações e um sofisticado emaranhado de participações acionárias cruzadas.

Mas desde que foi para a bolsa, o grupo vem aprimorando a governança corporativa e tem focado suas atividades em ramos que busca eficiência. O resultado pode ser conferido no lucro liquido apresentado nos últimos dois anos e na alta das ações da empresa na Bovespa. Desde o início do ano as ações estão valorizadas em 160%. É esperar para ver.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS