De acordo com especialistas no segmento de grandes riscos do grupo suíço Zurich, o Brasil seguirá crescendo nos próximos anos, ao contrário das economias maduras, que tendem a ficar estáveis. Além disso, qualquer que seja o vencedor das eleições presidenciais, Dilma Rousseff ou Aécio Neves, que acontece neste domingo, a retomada dos investimentos nos projetos de infra-estrutura é uma agenda que não pode mais ser adiada. “Se o novo presidente quiser que o país retome o crescimento da economia, vários projetos terão de virar realidade”, afirmou o vice- presidente de Seguros Gerais da Zurich Seguros, Werner Stettler.
A questão é como sobreviver em um mercado marcado pela acirrada concorrência, com mais de 100 resseguradores disputando contratos no Brasil e dispostos e clientes buscando reduzir custos diante das consequências da parada do crescimento da economia brasileira em 2013, 2014 e possivelmente em 2015, cenário que pode aumentar o risco com políticas de cortes de investimentos em medidas vitais dentro de programas de gerenciamento de risco.
“O fato é que temos um cenário interessante: investimentos em projetos e aumento da percepção de risco, ideal para seguradoras especialistas como a Zurich, preparada para oferecer serviços diferenciados e que atendam às expectativas dos clientes em termos de gestão de riscos, produtos e atendimento no pós venda, ou seja, na regulação de um pedido de indenização em caso da concretização do risco”, disse Michael Raney, CEO Global Corporate para América Latina, ao blog Sonho Seguro. Para ele, dificilmente outro país consiga ser melhor do que o Brasil em termos de negócios em seguros de grande risco. “Na América Latina, com certeza, o Brasil é líder absoluta da atenção do grupo em investimento em produtos e serviços que atendam às expectativas dos clientes corporativos, que demandam mais do que preço. Eles querem prestação de serviços diferenciadas, tanto no desenho do produto, como na redação do clausulado, duas medidas que agilizam o pagamento da indenização em caso de concretização do risco”.
Outros estrangeiros partilham da mesma opinião. Michael Liès, CEO da Swiss Re, principal palestrante do “Insurance Marketing Briefing “, conferência promovida pela AM Best Europa, realizada nesta semana em Londres, afirmou que há oportunidades significativas nos mercados emergentes. Ele também ressaltou a preocupação dos resseguradores com o desafio de manter os contratos dentro de níveis de solvência requisitados pelos órgãos reguladores em um mercado ainda com forte tendência de se manter “soft”, ou seja, preços em baixa diante da forte concorrência e excesso de capital disponível.
A Allianz divulgou a mesma opinião no início da semana. De acordo com notícia divulgada pela agência Reuter, a resseguradora do grupo Allianz teme que uma queda nos preços de resseguros aumente o risco de algumas resseguradoras não ganharem o bastante para estarem preparadas para pagar coberturas convincentes em caso de catástrofes. O preço de cobertura de catástrofes naturais foi cortado em um quarto nos últimos anos, em meio a um declínio geral dos preços no mercado de 5 a 10 por cento.
A queda dos preços está tornando cada vez mais difícil para as resseguradoras gerarem bons retornos, minando sua força de capital e, potencialmente, sua capacidade de agir como escudo financeiro para as seguradoras arcarem com as contas dos clientes em casos de inundação ou tempestade. “Precisamos de um equilíbrio entre comprador e vendedor”, disse Amer Ahmed, presidente-executivo da Allianz Re.
As resseguradores precisam de compensação que permita, de maneira sustentável, que carregar riscos em seus balanços. O contrário pode levar a mudanças na capacidade e preços, o que não seria bom para o funcionamento do sistema. “Minha sensação é que em algumas áreas (a compensação) está claramente abaixo do sustentável”, disse o executivo à Reuters em na cidade de Baden-Baden, na Alemanha, onde resseguradoras e empresa de seguros clientes iniciaram negociações sobre preços e termos de contratos de resseguro para entrar em vigor em 2015, informou a Reuters.