Zurich elabora material de apoio para companhias lidarem com os riscos da doença Ebola

ebolaComunicado

Embora o surto mais recente do Ebola esteja, em geral, limitado à África, levanta algumas implicações importantes para os viajantes, para a indústria de assistência médica e serviços relacionados a viagens, devido ao potencial para a disseminação da doença. “Este Risk Topic que desenvolvemos descreve algumas das estratégias que podem ser usadas para abordar esta questão”, afirma Carlos Cortés, gestor da área de Risk Engineering da Zurich Brasil. A seguradora Zurich é referência global em gestão de riscos em meios corporativos.

Risk Topic

Originalmente o surto do Ebola estava limitado à África Ocidental no entanto no dia 30 de setembro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, sigla em inglês) confirmou o primeiro caso no pais. A doença e tem sido geralmente associado com o contato com animais selvagens e com fluidos corporais, feridas abertas ou membranas mucosas de pessoas infectadas por parte dos cuidadores, seja em casa ou no ambiente clínico. Precauções padrão devem ser utilizadas universalmente para minimizar a potencial disseminação da doença. As instalações de assistência médica devem ser pró-ativas na educação dos funcionários e no tratamento aos pacientes.

Outros pontos devem ser seriamente considerados como adiar viagens de negócios para a África Ocidental, mas caso a viagem ainda seja se necessária, informar os funcionários sobre as formas de se protegerem. Como ocorre com o aparecimento de qualquer surto de doença, as informações sobre este surto do Ebola estão mudando e atuais referências devem ser monitoradas periodicamente quanto a informações atualizadas.

Ambiente Relacionado a Viagens:

• Alguns países da África Ocidental instituíram a vistoria nos aeroportos e nos postos de fronteira, observando indivíduos com febre alta e outras doenças.

• Indivíduos (ex., passageiros ou membros da tripulação) que tenham se exposto ao Ebola não devem viajar em aviões comerciais até que tenham sido monitorados quanto a sintomas por 21 dias e tiverem sido liberados por um médico.

• Com base na orientação do CDC (Centros de Controle de Doenças dos EUA), membros da tripulação em um voo no qual um passageiro ou membro da tripulação passe mal com febre, icterícia ou sangramento devem separar a pessoa doente o máximo possível das outras. Fornecer uma máscara cirúrgica para evitar a disseminação de secreções. Usar luvas impermeáveis durante o contato direto com sangue, outros fluidos corporais ou itens contaminados com sangue (ex., seringas). Os membros da tripulação devem praticar a boa higiene pessoal (particularmente a lavagem das mãos). As companhias aéreas poderão querer fornecer kits de Precaução Universal para a tripulação.

• O comandante da aeronave destinada aos Estados Unidos é obrigado a informar durante o voo a existência de passageiros doentes aos CDC antes da chegada, além de seguir os procedimentos da companhia quanto à consulta médica durante o voo ou a obtenção de assistência médica.

• Orientações adicionais dos CDC são fornecidas como referência no final desta matéria.

Ambiente Geral do Negócio:

• Em virtude do aconselhamento sobre viagens dado pelo CDC nos EUA, as empresas devem considerar seriamente adiar viagens de negócios para as áreas da África Ocidental onde o surto do Ebola está ocorrendo. Assim, a exposição ao Ebola no ambiente geral da empresa será menor do que aquela na indústria de assistência médica.

• Funcionários ou visitantes que tenham viajado para a África Ocidental devem monitorar a si mesmos quanto a sintomas por 21 dias. Caso esses funcionários ou visitantes desenvolvam sintomas, eles não devem ir trabalhar e devem buscar cuidados médicos imediatamente. Antes de se deslocarem para as instalações médicas, eles devem ligar com antecedência e informar sobre o potencial da exposição ao Ebola, de modo que precauções de isolamento possam ser tomadas antes da chegada ao médico.

• Caso seja necessário viajar para as áreas afetadas, a OMS ( Organização Mundial da Saúde) sugere:

™Pessoas que planejam trabalhar/se reunir em um ambiente clínico devem seguir cuidadosamente as precauções e o controle de infecção padrões.

Os viajantes devem evitar contato com animais (vivos ou mortos) e assegurar que qualquer leite consumido seja pasteurizado e a carne seja bem cozida. Além disso, instalações que preparam carnes (tais como, matadouros) devem ser evitadas.

Evitar contato próximo, não protegido com pessoas doentes.

™Assegurar uma boa higiene pessoal (principalmente lavar as mãos cuidadosamente).

• Funcionários que viajarem para a África Ocidental devem consultar seu médico com relação a vacinas apropriadas e outras inoculações antes da viagem.

• Se os funcionários que estiverem viajando pela África Ocidental observarem sintomas, eles devem buscar cuidados médicos no próprio local antes de voltar para casa. Isso ajuda a minimizar as chances da disseminação da doença durante a viagem. Se possível, eles devem utilizar instalações médicas com uma boa reputação no controle/tratamento de infecções. Serviços de proteção durante a viagem, se contratados previamente, poderão ajudar a identificar prestadores de serviços médicos apropriados e fornecer outros tipos de assistência ao viajante.

Caso um funcionário ou visitante passe mal enquanto estiver nas instalações da empresa, devem ser providenciados cuidados médicos rapidamente, e o pessoal da limpeza deve usar desinfetantes e métodos de limpeza adequados.

O que é o Ebola (EVD)

A doença do vírus Ebola (EVD) [febre hemorrágica ebola – FHE] é um tipo de filovírus que causa uma febre hemorrágica grave que começa com febre e náusea e pode levar à falência múltipla de órgãos e à morte. Os Filovírus pertencem a uma família de vírus chamada Filoviridae e podem causar uma grave febre hemorrágica em humanos e primatas não humanos. A EVD apareceu pela primeira vez na África em 1976, tendo ocorrido novamente em surtos periódicos desde aquela ocasião. O atual surto na África Ocidental começou em janeiro de 2014 e ultrapassou a dimensão de qualquer surto anterior. Atualmente, o surto está focado na Libéria, Guiné, Serra Leoa e Nigéria. A disseminação para a Nigéria ocorreu através de viagem aérea de uma pessoa infectada. De acordo com a OMS, o número de casos da EVD tem aumentado continuamente e, desde a redação deste “Risk Topic”, perto de 3.000 casos foram documentados. A EVD possui uma taxa de mortalidade perto do 90%. É por esta razão que preocupações foram geradas com relação a este surto e a possível disseminação através das atividades humanitárias e viagens globais.

Este “Risk Topic” oferece uma avaliação sobre o atual surto de Ebola na África Ocidental e dá orientações para o gerenciamento das ameaças do Ebola nas empresas. Como ocorrem com qualquer aparecimento de surto de doenças, as informações sobre o Ebola estão mudando e as referências atuais devem ser monitoradas periodicamente em busca de informações mais atualizadas. Uma lista de referências úteis está incluída no final deste documento.

Transmissão

A doença do vírus Ebola (EVD) faz parte da família do filovírus e compreende cinco espécies distintas. Três das cinco espécies foram associadas aos surtos na África, enquanto as outras duas espécies não. A espécie associada com o atual surto na África Ocidental, o ebolavírus do Zaire, foi associada com cerca de metade dos surtos anteriores. Até o momento, os casos ocorreram todos na África e nenhum caso foi documentado no Hemisfério Ocidental.

Os sintomas típicos da EVD começam com um repentino ataque de febre, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e dor de garganta. Estes são seguidos de vômito, diarreia, erupção cutânea e função prejudicada do fígado/rins e icterícia. Em alguns casos, ocorre uma massiva falência dos órgãos, sendo observado sangramento interno/externo. Não existem vacinas ou tratamentos confirmados até o momento. Pacientes gravemente doentes necessitam de suporte intensivo, incluindo reidratação oral com eletrólitos ou fluidos intravenosos. Diferentemente do resfriado ou gripe comuns, a EVD não é transmitida através de contato casual, como por exemplo, estar próximo de uma pessoa infectada enquanto ela tosse. É necessário o contato direto com feridas abertas ou membranas mucosas com sangue contaminado, outros fluidos corporais ou órgãos para transmitir o vírus. A EVD pode permanecer nas superfícies, portanto, superfícies contaminadas com estes fluidos podem também transmitir a doença. O período de incubação da EVD pode variar de 2 a 21 dias. Alguns fluidos corporais podem reter o vírus por mais tempo mesmo em indivíduos assintomáticos.

A fonte do vírus e a transmissão aos humanos parecem ser a exposição a animais mortos, incluindo chipanzés, gorilas, macacos, antílope da floresta e porcos-espinhos. O depositário final do vírus provavelmente são os morcegos-da-fruta que são comuns nas florestas tropicais nestas regiões da África. A transmissão de humano para humano ocorre através do contato com feridas abertas e membranas mucosas de fluídos corporais de uma pessoa infectada. Outra fonte de transmissão tem sido o ambiente de assistência médica onde os recursos sãoprecários e o uso das precauções padrão não é universalmente seguido. A maior parte das incidências da EVD foi transmitida através do contato com animais, contato próximo com cuidadores, no ambiente domiciliar ou clínico durante o processos de sepultamento. Os recursos de saúde pública e de assistência médica nesta região da África são precários, resultando em uma educação pública limitada sobre a ameaça do Ebola e dificuldades na execução de ações de saúde pública, tais como a limitação de aglomeração de pessoas e quarentenas. Em algumas áreas, a vistoria de passageiros em aeroportos antes de embarcar nos voos já foi iniciada.

Devido à ameaça de transmissão, o o CDC dos Estados Unidos emitiu uma notade viagem aconselhando as pessoas a evitarem viagens não essenciais para esta região. Se a viagem for necessária para fins essenciais ou humanitários, os viajantes devem se precaver e evitar animais vivos, praticar a boa higiene pessoal, particularmente a lavagem das mãos e evitar contato com pessoas que estejam doentes. Caso forem cuidar de doentes, precauções importantes como as descritas abaixo são necessárias. Os viajantes também são aconselhados a monitorar sua saúde e buscar cuidados médicos imediatos se quaisquer sintomas, tais como, febre, náusea, etc. ocorrerem.

Como lidar com a infecção

O Ebola não é transmitido através do ar como o resfriado e gripe comuns e outras doenças comuns. A transmissão ocorre somente através de contato com leite não processado, carne e outros fluídos de animais infectados ou contato com fluidos corporais (ex., sangue, saliva, etc.) de pessoas infectadas.

As sugestões seguintes se baseiam em informações da OMS e do CDC como melhores práticas para se preparar e abordar a ameaça do Ebola.

Ambiente de Assistência Médica:

• Informações referentes à ameaça da EVD e as ações apropriadas que precisam ser tomadas devem ser comunicadas a todos os funcionários que possam ter contato potencial com pacientes. Além disso, conforme apropriado, os funcionários devem ser re-treinados nas técnicas para prevenção e controle de infecções.

• Os profissionais da linha de frente da saúde (particularmente pronto-atendimento, atendentes e funcionários clínicos) devem ficar extremamente atentos aos sintomas da EVD e preparados para adotar precauções padrão (ou universais) quando necessário. Os funcionários devem indagar sobre viagem ou contato recente com viajantes ao avaliar os pacientes.

• Precauções padrão (ou universais) devem ser seguidas por todos os pacientes que apresentem febre, náusea, dor muscular, etc., mesmo antes de um exame detalhado ou teste de laboratório. Isto inclui que ambos, pacientes e funcionários, utilizem máscaras do tipo cirúrgicas para proteção contra pingos e a prática da boa higiene pessoal (particularmente a lavagem das mãos).

• Uma vez que haja suspeita de Ebola, o paciente deve ser transferido para uma sala do tipo de isolamento e os funcionários devem seguir as precauções para contato conforme descrito na orientação dos CDC que aparece como referência no final desta matéria.

• A exposição dos funcionários e membros da família a pacientes com casos suspeitos ou confirmados deve ser controlada.

• Amostras de laboratório de pacientes são um risco extremamente perigoso, devendo os testes serem realizados sob condições máximas de confinamento biológico.

• A equipe de limpeza deve seguir a orientação dos CDC no manuseio de qualquer roupa suja para lavar ou limpar equipamentos/superfícies que possam ter tido contato com fluidos corporais. Roupas para lavar e equipamentos devem ser limpos seguindo protocolos de desinfecção padrão ou incinerados se extremamente sujos.

• Pacientes com EDV mortos devem ser manuseados com o mesmo nível de precaução que indivíduos infectados, e sepultados em sacos próprios e caixões lacrados tão logo seja possíveis.

Esforços Humanitários:

Devido à dimensão do atual surto e os esforços da saúde pública e assistência médica precária na região, muitas organizações humanitárias estão enviando voluntários para a área para ajudar. Esses voluntários devem seguir as mesmas precauções durante os cuidados com os pacientes e os serviços de suporte que aquelas listadas anteriormente para o ambiente de assistência médica, ao mesmo tempo em que devem seguir muitos dos conselhos gerais do negócio discutidos abaixo.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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