O IRB-Brasil Re sentiu os efeitos da crise como seus concorrentes. O ressegurador local, que mesmo depois de 16 meses após a quebra do monopólio ainda detém mais de 80% dos negócios no País, registrou lucro líquido de R$ 48,2 milhões no primeiro semestre deste ano. O resultado é 55% inferior aos R$ 108,8 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior, o que reduzirá os ganhos com equivalência patrimonial para seus principais sócios privados, Bradesco e Itaú Unibanco.
O patrimônio líquido de R$ 1,9 bilhão ficou praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado operacional com resseguros de R$ 19,4 milhões representou praticamente 15% dos R$ 141,6 milhões obtidos no primeiro semestre de 2008. Segundo nota divulgada pelo IRB, os resultados foram influenciados por vários fatores, como o aumento da frequência e, principalmente, da severidade dos sinistros.
O índice de sinistralidade do semestre foi de 89,12%, aumento de 19,70% em relação ao igual período de 2008. Incêndio em grandes fábricas e sinistros de engenharia na indústria petrolífera, por exemplo, geraram perdas elevadas. As carteiras que apresentaram maior aumento do índice de sinistralidade, comparando-se o primeiro semestre de 2009 com o mesmo período de 2008, foram: Seguros de Governo (50%), Riscos de Propriedade (43,27%) e Riscos de Transportes (25,94%), informou o IRB em nota.
Devido ao aumento de retenção em algumas linhas de negócios, os prêmios ganhos cresceram 6,24%, totalizando R$ 857,7 milhões, com destaque para energia com alta de 26,46%, atingindo R$ 45,9 milhões; transportes, com evolução de 24,87%, para R$ 243,5 milhões; e pessoais, avanço de 22,03%, para R$ 73,4 milhões.
O índice de retenção, ou seja, a porcentagem que o IRB-Brasil Re assumiu do total dos riscos, subiu de 49,93%, no primeiro semestre de 2008, para 53,40%, no primeiro semestre de 2009. As despesas administrativas apresentaram queda de 25,44%, alcançando o valor de R$ 75,6 milhões. O resultado financeiro atingiu R$ 119,1 milhões, crescimento de 55,28% em relação ao primeiro semestre de 2008.
Apesar de o rendimento em moeda nacional ter sido de 6,10%, superior à taxa Selic no período, a variação da taxa do câmbio influenciou negativamente o resultado financeiro, tendo os ativos denominados em moeda estrangeira rendimento de menos 15,71%.
A adaptação do IRB-Brasil Re às regras de contabilidade da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP e do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP, obrigatória a desde janeiro de 2009, também impactou os resultados do período analisado, já que a empresa teve que constituir provisão de IBNER (sigla em inglês para “sinistros ocorridos mas não suficientemente avisados”) no valor de R$ 1 bilhão.
Segundo a nota, dois anos depois da abertura do mercado brasileiro de resseguros, o IRB-Brasil Re detém um volume de prêmios emitidos pelo mercado ressegurador doméstico igual ou acima, em termos nominais, daquele observado no último ano de monopólio do setor, demonstrando a preferência das seguradoras. A perspectiva para o segundo semestre de 2009 é positiva.