A Caixa Seguridade protocolou, no domingo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o pedido de registro de oferta pública de distribuição secundária de 82,5 milhões ações ordinárias de emissão da companhia e de titularidade da Caixa Econômica Federal. Com base no preço de fechamento de R$ 15,99 na última sexta-feira (7), a Caixa deverá arrecadar aproximadamente R$ 1,319 bilhão.
A oferta será realizada no Brasil, em mercado de balcão não organizado, sob a coordenação de Itaú BBA, Caixa, BTG Pactual, Bank of America e UBS. Simultaneamente, no âmbito da oferta, serão realizados esforços de colocação das ações no exterior.
Como se trata de uma oferta exclusivamente de distribuição secundária, sem diluição para os acionistas atuais da Caixa Seguridade, não será concedida prioridade a estes para a aquisição das ações.
Analistas do Goldman Sachs mantiveram recomendação “neutra” para as ações, com preço-alvo de R$ 15,00, citando riscos como a influência do governo nas estratégias da Caixa e o enfraquecimento do crédito imobiliário.
Segundo reportagem de Matheus Piovesana, do Estadão, no prospecto da oferta de ações que lançou nesta semana, a Caixa Seguridade menciona um risco relevante relacionado ao Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), mecanismo que compensa as perdas do setor financeiro com contratos de financiamento habitacional do antigo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Uma das empresas da holding de seguros da Caixa Econômica Federal tem um estoque de mais de R$ 1,3 bilhão para recuperar junto ao fundo, mas o recebimento dessas quantias não é líquido e certo devido ao processo de comprovação da relação entre cada imóvel e o antigo seguro.
A Caixa Seguradora, empresa responsável por gerir os seguros vendidos pela Caixa até 2021, paga indenizações relativas ao seguro habitacional do SFH, que não é mais vendido. Ao fazer o pagamento, a empresa pede o ressarcimento ao FCVS, mas precisa comprovar a relação de cada imóvel com o antigo seguro.
A dificuldade reside justamente nesta comprovação: muitos dos documentos relativos a estes imóveis, sobretudo os construídos nos anos 1970 e 1980, se perderam com o tempo, e encontrá-los fica mais difícil porque vários dos agentes financiadores eram Cohabs estaduais, que não existem mais. Sem a comprovação, o FCVS não paga a garantia à seguradora.
Segundo a Caixa Seguridade, a Caixa Seguradora é parte envolvida em 7.175 ações relativas ao seguro extinto, e houve uma provisão de R$ 359 milhões no ano passado relacionada ao tema. Em dois processos com valor acima de R$ 100 milhões, a empresa classifica as chances de perda como provável, o que indica que há uma decisão judicial desfavorável, ou possível, o que sinaliza que a decisão ainda não saiu, mas que deve ser desfavorável à companhia.