O Relatório de Riscos Globais 2025, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em co-autoria com a Zurich Insurance Group e a Marsh McLennan, revela um cenário global cada vez mais vulnerável, destacando a urgência de ações coletivas para mitigar crises futuras. Baseado na percepção de mais de 900 especialistas ao redor do mundo, o documento classifica os principais riscos globais e enfatiza as rápidas mudanças climáticas como uma ameaça iminente.
Entre os riscos mais temidos pelos entrevistados no curto prazo, destacam-se eventos climáticos extremos, conflitos armados entre Estados, confrontos geoeconômicos, polarização social e a disseminação de desinformação em larga escala. No longo prazo, os maiores receios incluem eventos climáticos extremos, o colapso de ecossistemas e a perda de biodiversidade, mudanças críticas nos sistemas terrestres, a escassez de recursos naturais e a continuidade da polarização social.
Edson Franco, CEO da Zurich Brasil, alertou para a necessidade de ações urgentes: “O relatório é um diagnóstico e um chamado para agirmos agora. Países que se anteciparem aos riscos climáticos e investirem em soluções inovadoras estarão protegendo seu desenvolvimento econômico e social, além de liderarem a transição para uma economia mais resiliente e de baixo carbono.”
Já Eugenio Paschoal, CEO da Marsh McLennan Brasil, destacou a interconexão dos riscos: “A adaptação não é mais opcional, mas um imperativo estratégico. Nosso papel é oferecer uma visão holística de gestão, permitindo que clientes compreendam as complexas relações entre cenários e desenvolvam estratégias eficazes de mitigação e transferência de riscos.”
O relatório reforça que a colaboração entre governos, empresas e a sociedade civil é indispensável para enfrentar os desafios globais. A Zurich e a Marsh, como coautoras do estudo, reiteram que a resiliência e a inovação serão fatores-chave para transformar riscos em oportunidades e proteger o futuro global.
A guerra comercial ameaçada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, pode gerar hesitação em investimentos e gastos com inovação, segundo Carolina Klint, diretora comercial para a Europa na Marsh McLennan, coautora do relatório.
“É possível que a incerteza em torno das políticas comerciais leve a uma abordagem de ‘esperar para ver’ entre as empresas, o que, de fato, pode retardar a inovação e o investimento”, disse ela em uma coletiva online. “E, dado o cenário de tensões geopolíticas e políticas protecionistas em desenvolvimento, é provável que vejamos o surgimento de guerras comerciais.”
Ainda assim, o relatório do Fórum Econômico Mundial alerta que as preocupações com IA podem rapidamente ganhar relevância. “A complacência em relação aos riscos dessas tecnologias deve ser evitada, dado o ritmo acelerado de mudanças no campo da IA e sua crescente ubiquidade”, destaca o relatório. “De fato, os resultados adversos das tecnologias de IA são um dos riscos que mais sobem no ranking de riscos a 10 anos em comparação com o ranking de 2 anos.”
As preocupações relacionadas às mudanças climáticas, como eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e escassez de recursos naturais, dominaram as preocupações de longo prazo dos entrevistados. Apesar disso, as preocupações com IA, especialmente com os resultados adversos da tecnologia, foram classificadas como menos urgentes por aqueles que participaram da pesquisa.
O relatório de 2025 também ressaltou que os temores relacionados à desinformação podem ganhar mais atenção devido à capacidade da IA de produzir “conteúdo falso ou enganoso em larga escala, agravando a polarização social”.
De forma geral, os resultados do relatório de 2025 mostram que, enquanto os entrevistados estão cada vez mais preocupados com a instabilidade no curto prazo, estão significativamente mais apreensivos e menos otimistas com o longo prazo.
O relatório concluiu projetando que a “ordem global liderada pelo Ocidente” continuará em declínio em termos de influência, mas permanecerá relevante, enquanto outras regiões do mundo continuarão a emergir. “Centros de poder alternativos provavelmente se fortalecerão, liderados não apenas pela China, mas também por potências emergentes como Índia e os Estados do Golfo.”